09/12/2016

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HOJE  NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

No "local mais assustador da Terra" há
. alunos sul-coreanos a aprender inglês

As vagas na escola, junto à Coreia do Norte, são muito desejadas pelos pais sul-coreanos, pois a escola oferece aos filhos a oportunidade de aprenderem inglês com soldados americanos e oficiais da ONU.

Para a aluna sul-coreana Lee Su-Jin, a deslocação diária para uma das zonas mais fortemente armadas do mundo, passando por cercas de arame farpado, checkpoints militares e barricadas antitanques, tornou-se uma rotina.
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A escola da rapariga de 11 anos fica na zona desmilitarizada (DMZ) da península coreana, uma zona-tampão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul que o antigo presidente norte-americano Bill Clinton apelidou de "local mais assustador da Terra".

Lee é uma das 25 crianças que viajam de autocarro das aldeias próximas para a escola primária de Daesungdong, localizada em Taesung, na parte sul da DMZ.

"As pessoas estão preocupadas connosco, mas os soldados estão connosco e fazemos exercícios de evacuação. Por isso acho que não há razão para nos assustarmos ou preocuparmos", disse à Reuters a aluna do 4.º ano.

As vagas na escola, a apenas alguns passos da Coreia do Norte, são muito desejadas pelos pais sul-coreanos que vivem próximo da fronteira, pois a escola oferece aos seus filhos a rara oportunidade de aprenderem inglês com soldados norte-americanos e oficiais das Nações Unidas que estão a vigiar a frágil trégua que se seguiu à Guerra da Coreia de 1950-1953.

Esta escola tem apenas 29 alunos neste ano, face a uma quota de 30 acordada com os oficiais das Nações Unidas. Com apenas quatro crianças na própria vila, as autoridades distribuem as outras vagas através de uma lotaria para aqueles que vivem nos arredores. Os alunos não pagam pelas aulas ou pelas refeições.

Os pais consideram que as aulas extracurriculares de inglês, uma disciplina-chave nas escolas e nos exames de entrada para as universidades, dão às crianças uma vantagem sobre outros colégios alternativos, privados e muitas vezes caros, que existem no Sul. "A minha mãe recomendou esta escola", disse Lee.

Para filhos de agricultores
A escola abriu inicialmente para as crianças de agricultores que foram autorizados a ficar dentro da DMZ depois da guerra.

A isolada Coreia do Norte e a rica e democrática Coreia do Sul ainda estão tecnicamente em guerra depois de o conflito ter terminado com um armistício e não com a assinatura de um tratado de paz.
Em 2008, arriscando fechar porque a população local estava a diminuir, a escola abriu as suas portas às crianças sul-coreanas que vivem fora da DMZ.
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Ao mesmo tempo, o quartel-general do comando das Nações Unidas, liderada pelos EUA, começou a enviar soldados para ensinarem inglês duas vezes por semana.

"Os pais dos nossos alunos estão muito interessados em que os filhos aprendam inglês e perguntam-nos muito sobre as suas capacidades no inglês", disse o vice-diretor da escola, Lee Hyun-sun.

Bryan Waite, um marinheiro de 22 anos e professor voluntário, disse que a escola permite aos alunos praticarem a sua fluência em inglês e aprender a história da zona. "É uma experiência única e é muito importante que as crianças, desde tenra idade, estejam expostas ao inglês e saibam o que é a DMZ, como influencia a vida delas e a história por detrás", explica Waite.

Em contraste com a animação na sala de aulas, uma tensão desconfortável paira sobre a aldeia. O zumbido constante da música norte-coreana ouve-se do outro lado da fronteira, onde os agricultores trabalham sob supervisão militar.

Escolta militar
A não ser que tenham escolta militar, os alunos estão proibidos de sair da escola, que está virada para norte e tem uma fachada de tijolos para proteger contra balas perdidas.

Os professores e as crianças têm de deixar a escola todos os dias antes do recolher obrigatório, que é da meia-noite até às 5.00 da manhã.

Apesar dos riscos, existe uma certa paz nesta zona desolada, diz o vice-diretor Lee. "Quando atravesso a fronteira sul, a minha mente está verdadeiramente em paz", afirmou. "Nunca senti nada perigoso."

* O que a vida mostra e também esconde.

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