26/11/2016

FRANCISCO MOITA FLORES

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Comandos rosa

Este espetáculo é de mau gosto e, mais uma vez, não prestigia as Forças Armadas.

Uma unidade de Comandos é tropa de elite, feita de soldados treinados para operações de altíssimo risco, com capacidade letal e destrutiva, agilidade tática, rápidos a pensar, profissionais da surpresa, operando por detrás de linhas inimigas, realizando operações quase suicidas que provocam danos terríveis nos meios logísticos e operacionais dos adversários. 

São treinados para ir ao limite do esforço humano. Da resistência física e psicológica, capazes de suportar a dor e o sofrimento para além daquilo que se espera de um militar médio. Por tudo isto, são geralmente voluntários. Também sabem que as operações que lhes vão ser entregues fazem deles heróis, a maioria das vezes anónimos, e muitas vezes heróis mortos. 

No último curso, realizado em condições agrestes, houve erros de avaliação que acabaram com a vida de dois militares candidatos a Comandos. Sabe-se que foi por desidratação. Bastava um médico atento aos sinais e rever condições de treino, porque de um treino se tratava, para evitar esta tragédia. Foi notícia com muita força mediática e muita indignação política. E, de repente, são detidos sete instrutores e comandantes, assim como o médico, por causa deste desastre. 

Não tenho dúvidas que o ministro cor de rosa da Defesa, pois ficou muito indignado, decidiu que o caso tinha que ser levado até às últimas consequências. 

Desconhece que preparar Comandos não é a mesma coisa que preparar comunicações à imprensa em gabinetes almofadados. Todos presos! Claro que vieram do juiz todos em liberdade. Com excepção do médico que deve prestar contas à Justiça civil e militar. E espero que a Ordem dos Médicos, tão atávica na defesa corporativa dos seus associados, seja séria e severa. Do resto se encarregará a disciplina militar, bem mais severa do que a civil. Ou então, que se acabem com os Comandos. Agora, este espectáculo é de mau gosto e, mais uma vez, não prestigia as Forças Armadas.

IN "CORREIO DA MANHÃ"
20/11/16

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