14/11/2016

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HOJE  NO
 "OBSERVADOR"

Combater a diabetes a começar no prato

Nunca como hoje foi tão fácil desenvolver uma doença crónica e limitadora como a diabetes, devido ao estilo de vida sedentário que todos levamos. Mas prevenir é possível, a começar pela alimentação.

Chamam-lhe a pandemia do século XXI porque está a evoluir de forma assustadora pelo mundo inteiro, afetando toda a população, independentemente da idade ou condição social.
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A diabetes é hoje considerada um grave problema de saúde pública e as estatísticas revelam porquê: 415 milhões de pessoas em todo o mundo têm a doença, segundo a International Diabetes Federation.

Entre aqueles doentes, um milhão encontra-se no nosso país, onde a prevalência (13%) é a mais alta da Europa e onde, todos os dias, cerca de 12 pessoas morrem por causas relacionadas com a patologia. O cenário é preocupante, razão pela qual governos, decisores e especialistas concordam na necessidade de fazer frente à sua progressão.

No dia 14 de novembro assinala-se o Dia Mundial da Diabetes! 
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Causa da diabetes: Má alimentação
Existem dois tipos de diabetes – tipo 1 e 2 – mas aquela que mais preocupa atualmente é a diabetes de tipo 2, porque é a mais frequente e a que mais tem aumentado. É também aquela que, em muitos casos, pode ser prevenida, porque se trata de uma doença em grande parte resultante de estilos de vida.

A diabetes é uma doença crónica, que pode ter várias causas, caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue (glicemia). Má alimentação, sedentarismo exagerado e obesidade são fatores de risco para desenvolver a doença, a que acresce a predisposição genética. Na maior parte dos casos, a doença aparece de forma silenciosa, isto é, sem sintomas, podendo estar vários anos sem ser diagnosticada.
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Lúcia Narciso, nutricionista da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), realça a influência que a alimentação tem no aparecimento da doença, bem como no seu controlo e tratamento, chamando a atenção para o facto de os hábitos alimentares inadequados serem “o fator de risco que contribuiu, em 2014, para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa”.

Entre estes hábitos, destaca “o baixo consumo de fruta, vegetais e frutos secos, como a noz e a amêndoa, e o consumo excessivo de sal”.
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Três testemunhos
A diabetes é o denominador comum das histórias de Raquel Livro, Gabriel Simões e João de Jesus. Todos foram apanhados de surpresa pelo diagnóstico. Todos foram obrigados a mudar radicalmente de estilo de vida assim que souberam o que se passava consigo. A principal alteração foi ao nível da alimentação.

Raquel Livro diz que ainda hoje está a aprender a aceitar a doença que, no início deste ano, lhe trocou as voltas e alterou a composição das refeições. Com 40 anos acabados de fazer na altura do diagnóstico e magra desde sempre, nunca lhe passou pela cabeça ser diabética: “Não tinha sintomas nem havia nenhum caso na minha família, nunca pensei que fosse possível.”

Aliás, se não fosse uma consulta rotineira de Medicina do Trabalho provavelmente continuaria sem saber. O desconhecimento do diagnóstico é, com efeito, um motivo de preocupação atualmente. Em Portugal, estima-se que 5,7% das pessoas afetadas não sabem que têm diabetes, o que permite que a patologia alastre com consequências desastrosas.

Olhando para trás à luz do que entretanto já descobriu sobre a doença, Raquel Livro sabe agora o que poderá ter contribuído para o seu desenvolvimento: “Sempre passei muitas horas sem comer e não tinha uma alimentação muito variada, pois não comia peixe nem saladas. Só comia carne e muitas vezes optava só pelo arroz ou massa. Além disso, fui sempre muito sedentária, nunca gostei de desporto.”

Também a má alimentação poderá ter estado na origem da doença de Gabriel Simões, 56 anos, a conviver com a diabetes há dez. Igualmente diagnosticado na sequência de uma consulta de Medicina do Trabalho, sabe hoje que o estilo de vida que levava na altura terá sido o responsável pela situação.
A lidar com fortes exigências profissionais e deslocações diárias de centenas de quilómetros pelo país, não tinha oportunidade para se alimentar corretamente: “Comia nas bombas de gasolina para encurtar as horas de almoço e já pesava mais de 100 quilos.

Comia doces desmesuradamente e à noite fazia grandes refeições em restaurantes perto dos hotéis onde ficava.” Sem praticar exercício físico e com historial de diabetes na família por parte do avô paterno, estavam reunidas as condições para que a diabetes se revelasse.

A má alimentação pode ter sido também o fator que desencadeou a doença de João de Jesus, 58 anos. Taxista há 28 anos, reconhece que “esta vida leva à diabetes”. Em causa está a má alimentação que aqueles profissionais acabam por fazer “muitas vezes ao volante” e também “a ansiedade que vem com a falta de trabalho”.

Além disso, na altura em que a diabetes lhe foi diagnosticada “fumava três maços de cigarros por dia”. Hoje mudou tudo: “Já não fumo, só como grelhados, sopa e saladas e só de vez em quando é que abuso.”
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Mudanças vitais
Fazer uma alimentação saudável, manter-se fisicamente ativo ou deixar de fumar são algumas mudanças que podem fazer toda a diferença na prevenção ou tratamento da diabetes. Mas embora toda a gente conheça as vantagens de praticar um estilo de vida saudável, a verdade é que da teoria à prática vai um longo caminho.
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De acordo com Lúcia Narciso, “é importante perceber que a alteração de hábitos não é assim tão simples, porque exige uma real mudança do comportamento”. A estratégia passa por “identificar o que há para melhorar, definir prioridades e não tentar mudar tudo de uma vez. Tentar prever os possíveis obstáculos e a forma de os contornar e só depois pôr tudo isto em prática”.

Uma das principais queixas feitas por quem acaba de saber que tem diabetes prende-se com o facto de ser obrigado a deixar de comer tudo aquilo de que gosta. Raquel Livro afirma-o sem hesitar: “De repente, tudo tem de ser pensado em função da doença. Todas as refeições têm de ser ponderadas e o açúcar está presente em quase tudo.”

Assume que esta privação acabou por lhe trazer “muita irritação” e, nalgumas pessoas, tal pode até desencadear estados depressivos, dificultando o controlo da diabetes. Gabriel Simões também identifica o problema, pelo que defende que “há um equilíbrio necessário que é preciso manter em relação às condições motivacionais, laborais e relacionais. Não se pode ser absolutamente fundamentalista”.
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Receitas saudáveis e apelativas
Ao contrário do que se pensa, o padrão alimentar da pessoa com diabetes não tem de ser pouco variado ou sem sabor. Para ajudar na tarefa de praticar uma alimentação saudável e ao mesmo tempo apelativa, o Jumbo disponibiliza, através do Programa Alimentação Saudável, receitas equilibradas e adequadas a quem tem diabetes.

É também possível encontrar sugestões de sobremesas confecionadas com adoçante em vez de açúcar, como é o caso do Bolo Nuvem ou da Mousse de Nêspera, ambos realizados com stevia, um adoçante natural.

Para o pequeno-almoço, considerada a refeição mais importante do dia, o site fornece ainda uma receita de Crumble de Aveia com Frutos Secos e Iogurte. Nas lojas Jumbo estão também disponíveis opções de pastelaria fresca sem adição de açúcar, de confeção própria, como forma de ir ao encontro das necessidades de um número cada vez maior de portugueses.

Ainda assim, Lúcia Narciso lembra que “as necessidades nutricionais de cada pessoa variam consoante vários aspetos, nomeadamente, a idade, o género, o nível de atividade física ou o peso corporal, entre outros”. Por isso, salienta que “é importante consultar o nutricionista ou dietista da equipa de saúde, para elaborar um plano alimentar adaptado às necessidades e que tenha em conta todos os aspetos referidos e com o qual seja possível atingir os objetivos individuais de forma segura e saudável”.

* Mesmo que não seja diabético guarde este artigo.

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