28/10/2016

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HOJE  NO
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China. 
Xi Ping é o novo grande timoneiro
 do Império do Meio

O sexto plenário do comité central nomeou-o “núcleo” da direção, uma designação que tiveram os líderes Deng Xiaoping e Mao Tsé-Tung.

“Na nossa ‘longa marcha’ [refere-se à longa marcha que os guerrilheiros comunistas de Mao fizeram antes de tomar o poder] de hoje, devemos reforçar a governança do partido e assegurar e manter uma disciplina férrea”, foram as palavras do líder do Partido Comunista Chinês (PCC) na abertura do sexto plenário do comité central, que decorreu durante quatro dias, sob fortes medidas de segurança, num hotel militar em Pequim. Parece que estas palavras foram escutadas e, embora o país esteja numa situação complicada, a liderança do partido, com quase 400 pessoas, resolveu dar o título de “núcleo da direção”, designação anteriormente apenas reservada a dirigentes históricos como Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping, ao líder do partido do Estado e das forças armadas, Xi Peng.
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Num espantoso filme sobre a atual situação no país, “China, um toque de pecado”, o realizador Jia Zhangke fazia desfilar e cruzar quatro histórias reais de pessoas na nova China capitalista. Na primeira delas, um homem tenta desesperadamente denunciar um caso de corrupção na venda de uma mina pública que envolve os dirigentes locais do partido. Impedido de o fazer e depois de ser espancado, o personagem resolve fazer justiça pelas suas próprias mãos e assassina os dirigentes locais do partido e o capitalista que ficou com a mina.

A popularidade de Xi Peng – uma sondagem do Pew Research Center diz que ele é apreciado por 92% dos chineses – deve-se fundamentalmente a dois fatores políticos, para além de muito trabalho de propaganda e controlo. Os dois fatores são colocar a China na arena internacional, mesmo do ponto de vista militar, e o combate à corrupção.

Anualmente, as autoridades chinesas recenseiam cerca de 150 mil revoltas populares no país, muitas delas contra o enriquecimento e corrupção de quadros do partido. Nesse combate, Xi Peng faz apelo aos princípios igualitários de Mao Tsé-

-Tung, chegando até a apelar a uma “linha de massas” e a citar o “Livro Vermelho” do fundador da China moderna. É verdade que a política de Xi é muito diferente da do primeiro governante comunista chinês: não se apoia nos camponeses, não combate o enriquecimento nem é contra a participação da China no processo de globalização capitalista. O que acontece é que, apesar de ser associado no Ocidente à fome, ao voluntarismo ideológico, à destruição da economia e à repressão política, Mao é apreciado de outra forma pelos chineses. Segundo uma sondagem de 2013, do “Global Times”, mais de 85% dos chineses consideravam o seu papel como “muito positivo” na história do país.

A passagem de Xi Peng a “núcleo da direção” foi preparada por uma forte campanha política: durante este ano, 12 dos dirigentes do partido referiram-se a ele nestes termos e, segundo o observatório do China Media Project, durante os primeiros anos do seu mandato, Xi Peng teve o dobro das notícias na imprensa do partido que o seu antecessor Hun Jintao em igual período.

O comunicado do Partido Comunista Chinês, citado pela agência oficial Xinhua, para os 89 milhões de militantes do partido do Estado chinês sublinha que esta designação não substitui a existência de trabalho coletivo de direção, apenas reforça a unidade em torno do líder. “A liderança coletiva não deve ser violada por nenhum organismo ou indivíduo em nenhuma circunstância”, mas o documento apela também a que haja “uma forte unidade em torno da direção do partido e do seu núcleo dirigente, Xi Peng”.

O PCC terá congresso na segunda metade de 2017, onde Xi Peng poderá designar um sucessor para o congresso seguinte, em 2022, podendo, segundo os comentadores, manter um lugar de destaque na direção, mesmo depois da data marcada para a sua eventual sucessão.


* O marketing da ditadura chinesa.


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