ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Tem 11 anos, hidrocefalia
e está a caminho dos Grammy
Ele nem fazia ideia do que era um Grammy Latino. Quando lhe contaram
que existia uma possibilidade de receber a estatueta ficou mais ou menos
indiferente. Mas os pais explicaram-lhe e mal entendeu o que se
passava... ficou histérico: "Deu uns saltos tremendos, louco de
alegria", lembra a mãe Antónia Vega à revista SÁBADO.
.
Adrián Martín Vega
tem 11 anos, é natural de Málaga e foi nomeado para os Grammy latinos
que acontecem no dia 16 de Novembro. Lleno de Vida (ou cheio de
vida), o seu álbum de estreia lançado este ano e já disco de ouro, está
nomeado para melhor álbum de pop tradicional – ao lado de outros
grandes nomes como Andrea Bocelli.
O rapaz ultrapassou a barreira da idade mas não só. Adrián nasceu com
hidrocefalia e uma má-formação nos braços. Quando ainda estava na
barriga da mãe, os médicos não acreditavam que sobrevivesse e o seu
crescimento foi repleto de dúvidas: será que vai andar? Será que alguma
vez vai falar, comunicar? Tudo acabou por acontecer, a seu tempo, mas
entre muitas intervenções médicas: Adrian foi sujeito a cerca de 15
operações nas mãos e à cabeça.
Tinha apenas um ano e meio quando começou a entoar melodias. A
primeira coisa que apanhou foram os "parabéns" mas logo começou a cantar
copla (música típica andaluza) com a avó. A música sempre fez parte do
ambiente familiar. O rapaz tem um irmão, Rafa e duas irmãs – Maria e
Sonia – todos mais velhos do que ele, mas é com Sonia que mais tem
partilhado o gosto pela música: juntos cantam flamenco e fizeram um
vídeo juntos, a cantar o tema Qué Bonito, de Rosario Flores, que já está a caminho dos sete milhões de visualizações.
Foram os vídeos caseiros, partilhados nas redes sociais, que ajudaram
o rapaz a dar o salto. Foi assim que chegou a castings e aos talent shows
espanhóis. O nervosismo era sempre muito, antes de subir ao palco mas,
uma vez lá, tudo desaparecia, continua a mãe. "É mesmo um artista."
A percussão e os duetos
Adrián dispara o seu objectivo em poucas palavras: "Gostava muito de
ser cantor profissional", diz à SÁBADO. O rapaz não só canta como tem um
talento especial para a percussão. Aprendeu sozinho, sem aulas de
música, e hoje não larga o cajón flamenco (uma caixa de madeira que
emite som) nem a bateria. Em casa passa horas a tocar e a experimentar
novos temas.
Nos dias que correm a sua agenda está cheia: todos
os dias, da parte da manhã, tem aulas numa escola de educação especial e
as tardes estão reservadas para as aulas de música. Quando tem um
concerto, os pais tentam marcá-lo no período de férias; no futuro, terá
que pedir autorização para faltar e ter mais aulas de apoio fora do
horário normal, explicam os pais.
Nada foi planeado. As oportunidades surgiram e a do álbum, Lleno de Vida,
foi mais uma: aí Adrián teve a oportunidade de gravar duetos com
reconhecidos cantores espanhóis, como Rosario Flores, India Martínez,
Coti, José Mercé, Estrella Morente, Niña Pastori e José Luis Perales.
"Sentiu-se muito importante, aumentou-lhe muito a auto-estima", continua
a mãe.
Na escola toda a gente o conhece, na rua também. Adrián
não percebe bem o que é isto da fama mas, entretanto, é preciso manter a
normalidade, lembram os pais. Não têm dúvidas que esta será a carreira
do filho mas, para já, é preciso "desfrutar de cada momento, cada dia." E
cantar por gosto. A família passou uns dias de férias em Lisboa onde
Adrián também cantou - desta vez, aprendeu o fado.
* Fantástica a existência de meninos como este.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário