19/09/2016

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HOJE NO 
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"Ninguém consegue controlar uma turma
. de 25 alunos, durante uma hora e meia"

O ex-ministro da Educação David Justino defendeu hoje uma redução da duração das aulas, que atualmente podem ser compostas por blocos de 90 minutos, alertando para a dificuldade que os alunos têm em manter a concentração.
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"Nunca tive grandes dúvidas de que ninguém consegue controlar uma turma de 25 alunos, durante uma hora e meia. A capacidade de concentração é reduzida", afirmou hoje David Justino, durante a conferência sobre "Indisciplina em Meio Escolar", que decorreu no parlamento.

O atual executivo permitiu que fossem as escolas a decidir a duração de cada aula, 45, 60 ou 90 minutos.

O atual presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentou-se como um "defensor de uma redução objetiva do tempo em sala de aula" e disse que "não gostaria que a escola a tempo inteiro se tornasse em sala de aula o tempo inteiro".

A posição do ex-ministro foi partilhada por Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamento e Escolas Públicas (ANDAEP) e diretor de um agrupamento de escolas de Vila Nova de Gaia.

"É preciso diminuir o tempo letivo de 90 para 50 minutos. Estar numa sala de aula a ouvir alguns professores durante 90 minutos é uma seca. Até para nós é dose", afirmou Filinto Lima, sublinhando que apenas no ensino secundário os alunos já deverão estar preparados para ter aulas de hora e meia.
Sem capacidade para se concentrar, os alunos acabam por ter atitudes que os professores classificam de indisciplina, como estarem distraídos ou a conversar com o colega.

Um estudo, hoje apresentado no parlamento, revela que 80% dos docentes já vivenciaram casos de indisciplina na sala de aula.

"É muito difícil permanecer atento durante 90 minutos", disse Célia Oliveira, professora da Universidade Lusófona do Porto e uma das responsáveis pelo estudo, que conta já com a participação de mais de três mil professores.

Os autores do estudo garantem que a indisciplina está intimamente relacionada com o insucesso escolar e, por isso, defendem que é preciso atuar logo nos primeiros anos de escolaridade.
O representante dos diretores escolares considera que os atuais métodos de ensino "estão muito desadequados, uma vez que muitos deles são do século passado".

Rui Matos, professor de educação física e presente na plateia, também criticou "as aulas demasiado teóricas": "Querem ter os miúdos 50 minutos quietos. Não peçam às crianças para estarem quietas, por favor. Basta olhar para a espécie animal e perceber que os que estão quietos é porque estão doentes. Vão à Noruega ver como é que são as aulas".

Além dos métodos de ensino, currículos muito extensos e "enorme carga letiva", os especialistas alertaram para a dimensão das turmas e das escolas que tornou impessoal o relacionamento entre alunos e funcionários.

"Eu não sei impedir a indisciplina mas sei criá-la: substituo as escolas de 400 alunos por mega-agrupamentos de três mil alunos que não conheço e troco as turmas de 20 alunos por turmas de 30", disse João Calçada, presidente do sindicato dos inspetores da educação.

A estas críticas, David Justino acrescentou ainda a falta de formação dos professores para lidar com a indisciplina. "A maior parte dos professores aprende pela experiência, quando nós sabemos que existem técnicas e regras que podem ser aplicadas".

O encontro de hoje foi organizado pelo grupo de trabalho parlamentar que, nos últimos meses, visitou escolas e ouviu vários especialistas sobre Indisciplina em Meio Escolar.

A equipa irá realizar um relatório com sugestões de mudança, das quais Rui Pedro Duarte, coordenador do grupo, destacou cinco pontos: uma maior participação de pais e encarregados de educação; mais formação inicial e contínua de professores e pessoal não docente; autonomia de gestão das escolas e estabilidade do corpo docente e não docente; dotação de recursos essenciais e eficácia do estatuto do aluno.

* Embora não nos lembremos de qualquer coisa de extraordinário que David Justino tenha feito enquanto ministro da educação, somos de opinião que aulas de 90 minutos são uma "estopada" para todos os intervenientes.

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