19/07/2016

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Cerca de 2,5 milhões de pessoas
 são anualmente infetadas com VIH

Cerca de 2,5 milhões de pessoas são anualmente infetadas com o VIH, número que tem diminuído pouco nos últimos dez anos, ao contrário do número de mortes, que tem caído progressivamente desde 2015, revela um estudo.

Divulgado hoje pela revista Lancet HIV para coincidir com a Conferência Internacional sobre SIDA, a decorrer em Durban, África do Sul, o estudo revela que o número de novos casos de infeção por VIH caiu apenas 0,7% por ano entre 2005 e 2015, quando no período entre 1997 e 2005 a queda era de 2,7% anuais.
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O relatório revela "uma imagem preocupante do lento progresso na redução das novas infeções por VIH", disse o principal autor do estudo, Haidong Wang, do Instituto para a Métrica e a Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, em Seattle.

O pico do número anual de novas infeções foi em 1997, quando se registaram 3,3 milhões de novos casos da infeção pelo vírus, que desde os anos 1980 matou mais de 30 milhões de pessoas.

Segundo o estudo, 38,8 milhões de pessoas vivem hoje com o VIH, um importante aumento face aos 27,96 milhões de 2000, que se deve ao aparecimento das terapias antirretrovirais em 1997.

Estas terapias contribuíram também para reduzir o número anual de mortes associadas ao vírus de 1,8 milhões em 2005 para 1,2 milhões em 2015.

A proporção de pessoas com VIH a receber terapias antirretrovirais aumentou de 6,4% em 2005 para 38,6% em 2015, nos homens, e de 3,3% para 42,4% nas mulheres.

Ainda assim, a maioria dos países ainda está longe de alcançar a meta da ONUSIDA de cobrir 81% das pessoas infetadas até 2020.

Para o diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Peter Piot, que é também fundador e diretor executivo da ONUSIDA, o número de novas infeções por VIH no mundo é "provavelmente o fator mais perturbador anunciado na conferência de Durban".
"Significa que a sida não acabou", disse.

O problema poderá agravar-se com as reduções no financiamento dos programas e medicamentos de combate à doença, alertam os autores do estudo.
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"Em 2015, [o financiamento] caiu abaixo do nível de 2014 e em muitos países de baixo rendimento os recursos são escassos e estima-se que aumentem devagar, se aumentarem", avisou Wang numa conferência de imprensa em Durban.
"Temos de reduzir as taxas de novas infeções", acrescentou.

O diretor do IHME, Christopher Murray, disse em comunicado que os países e as agências internacionais precisam de aumentar em muito os seus esforços se quiserem alcançar os 36 mil milhões de dólares (33 mil milhões de euros) necessários para alcançar o objetivo de acabar com a sida até 2030.
Nos últimos 15 anos, os países dedicaram 110 mil milhões de dólares em "ajuda ao desenvolvimento" para programas de combate ao VIH/Sida.

Até hoje, não existe uma cura ou uma vacina para a sida e as terapias antirretrovirais apenas suprimem o vírus, permitindo às pessoas viverem mais anos, mas os medicamentos são caros e têm efeitos secundários.

Outro fator que ajudou a reduzir a taxa de mortalidade associada à doença foi a sensibilização e os medicamentos que previnem a transmissão do vírus de mulheres grávidas para os fetos.

O estudo baseia-se em dados recolhidos desde 1980 e até 2015 em 195 países.

* A cultura da indiferença determina agravamento de doenças evitáveis.

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