HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Governo conclui que "empregabilidade
. real" dos estágios é de 38%
Governo revê políticas activas de emprego numa
altura em que o corte de verbas obriga a reduzir a execução de
programas como estágios e apoios à contratação. Questão está a ser
debatida em concertação social.
A
"empregabilidade real" dos estágios promovidos pelo Instituto de Emprego
e Formação Profissional (IEFP) é de 38%, quando se consideram apenas as
situações em que não existe outro apoio subsequente, concluiu o
Governo, após uma "análise preliminar" às políticas activas de emprego,
tema que está esta quinta-feira em discussão em concertação social.
.
Num comunicado em que resume as conclusões, o Governo apresenta várias conclusões sobre a empregabilidade dos estágios - um tema que gerou polémica com o anterior governo - e sobre o perfil das contratações feitas na sequência de um apoio à contratação.
Os
documentos fornecidos aos parceiros sociais, a que o Negócios teve
acesso, revelam que os dados se referem ao ano de 2014 e que a
percentagem de 38% tem em conta a empregabilidade na empresa onde se
realizou o estágio ou noutra entidade.
Contudo, o Governo também indica que só 16% dos estagiários foram
contratados pela mesma empresa onde realizaram o estágio sem recurso a
apoios adicionais.
Por outro lado, só 27% dos ex-estagiários empregados sem recurso a
apoios adicionais têm um contrato permanente (sem termo), percentagem
que sobe para 33% quando o contrato é feito na entidade que realizou o
estágio.
"Na verdade, só se se considerasse toda e qualquer
inserção em emprego, mesmo acumulando com mais apoios, é que seria
possível obter um valor de empregabilidade bruta de 66%", acrescenta o
comunicado. É chamada "empregabilidade bruta geral", que de acordo com
os documentos fornecidos aos parceiros sociais foi de 67% após 12 meses
em 2014.
Os dados sobre a empregabilidade dos estágios, que podem ser medidos
tendo em conta diferentes critérios e diferentes universos, geraram
alguma polémica com o governo anterior, numa altura em que o número de estagiários crescia substancialmente, contribuindo para o aumento dos dados oficiais sobre emprego.
Passos Coelho afirmou no Parlamento que os "cerca de 70%" das pessoas
que passavam por estágio tinham emprego no final. Os dados dos
relatórios de execução física e financeira mostravam, porém, que só uma percentagem próxima de 30% ficava imediatamente na empresa onde estagiou, tal como o Negócios noticiou na altura, num artigo que deu origem a um desmentido do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Mais tarde, a propósito de uma referência feita pelo Tribunal de Contas a uma percentagem de 33%,
com base nos mesmos relatórios, o IEFP explicou que a taxa de 71%
considerava as pessoas que, tendo terminado um estágio em 2013, tinham
um emprego passado seis meses (em qualquer lugar, não apenas na entidade
onde estagiaram).
Quase metade dos apoios à contratação foram para contratos a termo
Os contratos a termo pesam 22% no emprego em Portugal mas a
percentagem duplica quando em causa estão os apoios à contratação
aprovados entre 2013 e 2015. De acordo com os dados do governo, "quase
metade dos apoios à contratação aprovados entre 2013 e 2015 dirigiam-se a
contratos a termo (46,4%)".
No Programa Nacional de Reformas, o Governo anunciou que pretende que, no futuro, 75% dos apoios à contratação sejam dirigidos para contratos sem termo.
Doze meses depois do apoio, e sem recurso a apoios adicionais, 45,8%
das pessoas estavam na mesma empresa, percentagem que sobe para 65% se
considerarmos um emprego nessa ou noutra entidade.
E um ano após o fim do apoio, menos de 30% dos participantes tinham
contratos sem termo, ainda que as empresas tivessem recebido outros
apoios cumulativos, como a isenção da TSU.
Outro dado relevante tem a ver com a acumulação de apoios. "Em 2014,
do total de ex-estagiários, 50% foram empregados com apoio à
contratação, valor que passa para 56% no caso de empregados na entidade
onde beneficiaram dos apoios".
Nalguns casos, revela o relatório,
a acumulação de apoios permitiu que para um mesmo emprego as empresas
recebessem mais de 21 mil euros para apoiar, através de sucessivas
medidas, o mesmo posto de trabalho.
Governo repensa políticas activas num momento de fraca execução
O Governo explica que vai recolher o contributo dos parceiros sociais
e que apresentará depois as suas propostas, numa altura em que
a execução dos programas de emprego tem sofrido uma forte quebra, tal como o Negócios noticiou em Maio.
No comunicado, o ministério do Trabalho volta a sublinhar que os
fundos disponíveis para os próximos anos não permitem manter o nível de
execução de políticas activas (como estágios) verificados nos últimos
anos, tal como já tinha feito no Parlamento.
"As
dotações totais disponíveis para a área do emprego e formação
profissional são 1,48 mil milhões de euros (FSE) inferiores às do QREN.
Do PT2020 foram já consignados recursos financeiros que absorvem mais de
60% da dotação total", lê-se no comunicado.
"Se fosse mantido o
ritmo de execução das políticas verificado em 2014 e 2015, o esgotamento
das verbas disponíveis ocorreria já em 2018", conclui o Governo.
* Para já este governo está a pôr o dedo na ferida quanto aos fracos resultados da empregabilidade, o ex-ministro Mota da lambreta fazia magia com os números do desemprego.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário