.
IN "i"
09/05/16
.
A guerra dos taxistas
que não saem do aeroporto
A guerra dos taxistas com a Uber e afins veio
demonstrar que neste país nenhum governo conseguiu pôr na ordem a classe
taxista. Ou melhor: parte da classe, aquela que não sai dos aeroportos e
que vive de enganar turistas e maltratar os portugueses. Como é
possível, tantos anos depois, tudo continuar na mesma?
Durante anos, sempre que chegava à Portela procurava
um táxi nas partidas, pois já sabia que se o fizesse nas chegadas teria
de pedir para me deixar numa esquadra, tais eram os impropérios e
ameaças lançados pelo motorista, por a corrida ser curta. Nos últimos
tempos, porém, a situação nas partidas também se alterou e já apanhei
alguns motoristas que só não se recusaram a fazer a viagem por mero
acaso. O mais irritante nisto tudo é que, por causa de alguns, acabam
por pagar todos os outros. Tenho excelentes exemplos de taxistas que são
brilhantes profissionais e gostam do que fazem. Também há muitos anos
que sou cliente de uma central de táxis e não tenho a mínima razão de
queixa, apesar de alguns dos carros não serem muito confortáveis, e os
odores os mais simpáticos.
Mas, afinal, o que está em questão? Se as licenças de táxis vendidas
pelas câmaras não ultrapassam os 500 euros, qual a razão de tantos
protestos?
É simples. Há várias empresas que detêm dezenas ou centenas de táxis,
dando a morada dos contabilistas para contornarem a lei – salvo erro,
ninguém pode ter mais de 10 licenças –, e aproveitam esse monopólio para
venderem as licenças por 50 mil a 100 mil euros, nalguns casos com os
carros incluídos. É óbvio que quem paga tal valor dificilmente
sobreviverá se não trabalhar mais de 12 horas por dia para tentar
recuperar o investimento. As restantes horas terão de ser feitas por
alguém contratado. Como é um salve-se quem puder, muitos daqueles que
vão para taxistas não têm as mínimas condições para o fazer.
E é isto que impossibilita que os táxis normais concorram com os
Uber. Só andei em Ubers com amigos e tudo foi diferente. O serviço e o
preço. Mas vou continuar a andar nos dois.
IN "i"
09/05/16
.
Sem comentários:
Enviar um comentário