HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Volvo Ocean Race volta a Lisboa com
30 milhões de impacto económico
A Volvo Ocean Race (VOR) vai voltar a Lisboa no próximo ano para a
terceira visita à capital e com "30 milhões de euros de impacto
económico relativos à anterior passagem", segundo José Pedro Amaral, CEO
da Sail Portugal, entidade responsável pelo 'stopover' português, além
de "210 mil visitantes"
.
A nova edição foi apresentada hoje em cerimónia na Câmara lisboeta e,
ao Económico, Amaral deixou diversas perspectivas sobre o tema: "Sempre
disse que, ao lado da rota desportiva, a Volvo Ocean Race é o quarto
maior evento desportivo do mundo e o de maior duração, importando
sublinhar e aproveitar a sua rota comercial. Lisboa foi o segundo maior
'stopover' em convidados corporativos, só superado pelo final em
Gotemburgo e isso deixou marca decisiva para o que pretendemos que a VOR
seja em Portugal e do seu relacionamento com o país. A meta é ter cá a
sede e temos dado passos nesse sentido com ajuda de governos, Câmara,
Porto de Lisboa, Direcção-geral de Política do Mar, entre outros.
Não
esqueço que foi o actual primeiro-ministro, então ainda como líder
camarário, quem trouxe a prova para a capital – a ele se deve a
possibilidade de dizer que não há volta ao mundo na vela sem Lisboa",
referiu.
Com Ian Walker ao leme, o barco de Abu Dhabi, vencedor da anterior
edição, já escolhera águas lisboetas para sede da sua preparação. Sobre
algumas das mudanças para esta edição, o responsável indicou: "A VOR vem
para Lisboa com o seu 'Boat yard' e centro de treinos, algo que passa a
ser como um 'stopover' de um ano, ou seja, a partir do próximo mês de
Junho e até Outubro de 2017 teremos cá os barcos da prova em regatas.
Ora, o coração e a alma da competição estão onde estiverem os barcos.
Uma coisa é dizer que temos aqui a Fórmula 1 da vela – outra é referir
que está cá a sua fábrica. Fernando Medina tem dado fortes contributos
para reforçar a ligação e a ministra do Mar também é uma entusiasta da
prova."
Obras realizadas nos antigos armazéns da Doca Pesca permitem este ano
ampliar o espaço para os barcos, mantendo-se o que já era dedicado em
tendas. "Numa segunda etapa queremos que exista uma equipa sob bandeira
portuguesa, algo está em desenvolvimento através de conversações e
talvez se consiga com um pouco de sorte", disse Amaral.
Sobre a ambiciosa meta de meio milhão de visitantes que não foi
concretizada na anterior passagem, Amaral não desarmou: "A meta era
ambiciosa porque é assim que eu sou e gosto de levar as pessoas a
pensarem de modo semelhante. A divulgação foi algo tardia pelas
vicissitudes que se viviam, mas é bom lembrar que não estão incluídas as
milhares de pessoas que, margem fora, acompanharam as regatas."
E José Pedro Amaral sublinhou: "Contrariámos a ideia de que Portugal é
um mercado pequeno e seria difícil convencer as empresas. Registámos
presença massiva de empresas e empresários com uma rede de 'network'
forte e intensa que permitiu ver negócios a acontecer. Além disso,
criámos um 'business lounge' que deverá ser replicado pela própria Volvo
em todas as passagens."
Quanto à hipótese de as obras anunciadas para a cidade poderem
colidir com os próprios interesses da prova, o responsável argumenta:
"Já vi políticos serem criticados por nada fazerem ou não cumprirem
promessas; é a primeira vez que vejo algum ser criticado por fazer
muitas obras.
.
Cada cidade ou território tem uma dimensão que ultrapassa
as obras num certo local e as pessoas que aí vivem têm muito a
beneficiar com a criação de melhores condições de vida. Ter mais
trânsito ou os barcos em espera um pouco mais? Parto do princípio que é
para o bem de todos, portanto, tudo se coordena."
Sem falar de investimento por não saber ainda todas as
características do 'stopover', Amaral quer manter "o lado pragmático da
ligação empresarial e económica" sem esquecer "a componente familiar".
Em contactos com "empresas que já estiveram e outras que pretendem
estar", o responsável diz que será "uma edição menos festivaleira",
embora acentue a ideia de "vela mais democratizada".
Ao mesmo tempo lembrou a "ligação umbilical do país ao mar numa
relação cada vez mais intensa porque o Atlântico não é apenas um
amontoado de água onde nos banhamos no Verão – é um vasto espaço de
oportunidade", considera. E acrescenta: "Juntam-se à volta destes
projectos uma comunidade dinâmica com clubes e pessoas que fazem
acontecer coisas pelo lado da náutica e das novas ciências, mas também
das energias vindas de águas profundas.
Tomámos consciência do ouro que
temos ao lado e estamos a aproveitá-lo. No futuro gostaria de ter um
pavilhão associado a actividades como a pesca e à extensão da plataforma
continental portuguesa. Não é apenas a lembrança das Descobertas que
nos surge com a VOR – é uma forma de reaproveitar o espaço atlântico
para a economia com ligações a África, Brasil e Estados Unidos e tirar
partido das reinterpretações de uma indústria portuguesa que encontrou
formas de modernização e de fazer melhor como a pesqueira."
* É tudo bom, o espectáculo da prova com muito público, o prestígio para o país e o negócio.
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