20/05/2016

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Desde 2012 que não havia 
tantos débitos directos rejeitados

A rejeição de débitos directos por insuficiência de provisão já somam quase 780 milhões de euros só nos primeiros quatro meses do ano. É o valor mais alto desde o início de 2012, em pleno processo de corte de rendimentos das famílias portuguesas.

Se por um lado o aumento do emprego e a reposição de rendimentos do trabalho contribuem para o aumento do consumo privado em detrimento da poupança, por outro, parecem fazer pouco por quem tem dificuldades em pagar as suas dívidas. 
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Só em Abril, os bancos rejeitaram 211 milhões de euros em débitos directos por falta de dinheiro na conta, um valor que está em máximos de quase dois anos. A tendência tem sido de agravamento desde Dezembro de 2015. Desde então as rejeições dispararam 42%.

A degradação da capacidade das famílias cumprirem pagamentos não se nota apenas nas rejeições de débitos directos. Também o incumprimento no crédito à habitação, por norma o último que as famílias deixam de pagar, está em máximos históricos. De acordo com os dados do Banco de Portugal o valor de crédito vencido cifrava-se em 3,1 mil milhões de euros no final de 2015, o montante mais alto de sempre.

Os números do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco confirmam a tendência de agravamento da situação financeiro das famílias mais fragilizadas. Só nos primeiros três meses do ano chegaram à Deco 7.434 pedidos de ajuda, mais do que em todo o ano de 2008. E se nesse ano foi possível dar apoio a mais de 2.000 famílias, agora apenas 623 casos reuniam condições para serem ajudados, ou seja, para ainda conseguirem pagar as suas dívidas. A precarização do trabalho e o desemprego continuam a ser as principais causas das dificuldades sentidas pelas famílias portuguesas, onde se junta agora o aumento de casos de penhoras, nomeadamente por dívidas fiscais, que já representam 14% dos casos de sobreendividamento que chegam à Deco.

A situação financeira das famílias portuguesas parece agora evoluir em direcções opostas: por um lado o agravamento das situações mais precárias, por outro o aumento do consumo privado a par da diminuição da taxa de poupança em função do rendimento disponível que caiu, em Dezembro, para 4,2%, o valor mais baixo desde que existem séries históricas, ou seja, desde 1999. Uma realidade para a qual contribui ainda a nova postura de concessão de crédito por parte da banca, que só em Março emprestou 840 milhões de euros para a compra de casa e para o consumo, o valor mais alto desde Março de 2011, em vésperas do pedido de resgate internacional do país.

* O consumo transformado em consumismo dá-se mal.

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