HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
VISTOS GOLD
Rede procurava palácios para
instalar casas de massagens
A
rede envolvida em esquemas para atribuição dos vistos dourados queria
comprar um palácio em Lisboa, por três milhões e 800 euros, para uma
casa de massagens. A revelação surge no despacho de pronúncia do juiz
Carlos Alexandre, no qual o magistrado segue totalmente o que diz o
Ministério Público e conclui existirem indícios para levar os 17
arguidos a julgamento por crimes de corrupção, prevaricação e tráfico de
influência, incluindo o então ministro da Administração Interna, Miguel
Macedo, e o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF),
Manuel Palos.
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No despacho, o principal
arguido no processo, António Figueiredo, então presidente do Instituto
de Registos e Notariado (IRN), andou a procurar palácios em Lisboa,
acompanhado pelo empresário chinês Zu Xiaodong. O negócio era, no
entanto, dirigido a um outro arguido também de origem chinesa, Xia
Baoliang, e Figueiredo deu todos os passos para poder consumar a
aquisição, juntamente com Jaime Gomes, também ele elemento central no
processo Vistos gold.
O primeiro alvo era o
Palácio da Junqueira, chegando o presidente do IRN a estabelecer
contactos com a empresa de capitais públicos Estamo, proprietária do
imóvel.
Macedo queria “fazer coisas”
A
negociação desenvolveu-se entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014,
tendo sido acompanhada pela Polícia Judiciária, através de escutas e
vigilâncias. Assim se percebeu que António Figueiredo não seria um mero
intermediário. Segundo o despacho de pronúncia, chegou a dizer a Zhu:
“Se for preciso eu arranjo um sócio para ficar com o palácio connosco”.
Isto no âmbito dos contactos com uma instituição bancária para financiar
o projeto de compra do palácio e a criação da casa de massagens.
Chegou
a ser feita uma visita ao Palácio da Junqueira. António Figueiredo e
Xia Baoliang foram ambos transportados no carro de serviço do IRN,
igualmente com condutor do Estado. O negócio gorou-se porque o preço
apresentado pelos possíveis compradores foi considerado baixo pela
Estamo, que pretendia 4,5 milhões. Mas o presidente do IRN não desistiu.
E uma vez que Xia regressava à China em março, Figueiredo continuou a
tentar encontrar soluções.
O responsável
pelos registos e notariado “ordenou” à secretária do IRN que desmarcasse
as visitas a outros palácios já agendadas para conseguir soluções para
Xia. E comentou com Jaime Gomes, relativamente a Xia: “Aquela situação
da casa de massagens e a ver se estamos com ele, enfim, arranjamos o
nosso jantarinho, até com o nosso amigo [referindo-se a Miguel Macedo],
mencionando que ele agora vem mesmo com vontade de começar a fazer
coisas... e devemos estar envolvidos, e pronto, ajudar”.
Miguel
Macedo – recorde-se - está acusado por prevaricação e tráfico de
influências devido a quatro situações: terá dado ordens ao diretor do
SEF, Manuel Palos, para indicar para Pequim um oficial de ligação
favorável aos interesses de Figueiredo e do seu sócio chinês; terá dado
indicações para favorecer, em vistos, a empresa Inteligent Life
Solutions, do seu amigo Jaime Gomes; tentou interceder no Governo para
uma decisão ilegal em sede de IVA, para favorecer Jaime e ainda deu a
este seu amigo e ex-sócio documentos reservados de um concurso público.
* Uns verdadeiros artistas.
* Uns verdadeiros artistas.
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