05/05/2016

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HOJE NO
"OBSERVADOR"

Khalid Malik: 
“Temos de pôr as pessoas 
à frente da economia”

O economista Khalid Malik, que coordena o Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU, afirma que as desigualdades se estão a agravar dentro dos países e que cortar no orçamento não é o caminho.

Khalid Malik tem uma visão prática das escolhas a fazer em economia: “Temos de pôr as pessoas primeiro e só depois pensar nas políticas para equilibrar os orçamentos”. Esta é a mensagem deste economista, que dirige o Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU, para a Europa e para países como Portugal, que nos últimos anos têm cortado no investimento público em detrimento do crescimento, o que acaba por prejudicar a criação de emprego e agravar as desigualdades dentro do próprio país.
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Em Portugal a convite das Conferências de Lisboa, Khalid Malik falou ao Observador e disse que hoje “as desigualdades entre países têm descido, mas dentro dos próprios países têm aumentado”. O economista paquistanês afirma que as desigualdades, especialmente a diferença nos rendimentos das pessoas estão “no centro” dos problemas do desenvolvimento global, mas que se deve ter atenção a indicadores como a educação: “A educação influencia o futuro das próximas gerações e está ligada também ao aumento dos rendimentos“.

Sobre as desigualdades que afetam os países mais desenvolvidos, nomeadamente países como Portugal sob fortes medidas de austeridade, o economista considera que a visão tem de ser mais equilibrada. “Há quem acredite que esta obsessão com equilibrar o orçamento é uma ideia terrível quando falamos sobre uma moeda como o euro. Ao mesmo tempo, acredito que é possível gerir qualquer nível de dívida. Mas, se cortarmos [o orçamento], o crescimento vai descer e vai ser preciso cortar mais. Ao mesmo tempo, o desemprego aumenta e acabamos por influenciar a economia durante um longo período de tempo”, conclui Khalid Malik.

Trabalhando de forma muito próxima com as Nações Unidas, o economista paquistanês diz que esta organização tem de se adaptar à realidade porque “o mundo está a mudar rapidamente”. E é preciso “estar à frente das tendências e não segui-las”. “A ONU é antiquada em termos institucionais e de burocracia. Tem de ser mais pró-ativa e tentar resolver os problemas, em vez de ser encarada pelos Estados como uma solução de último recurso“, explica ao Observador. Um fator decisivo neste sistema é, segundo Malik, a liderança. “A liderança importa. Uma instituição com uma boa liderança tem um melhor desempenho“, diz Khalid Malik que já ocupou várias posições nesta organização dentro do Programa para o Desenvolvimento.

Sobre a corrida à liderança da ONU, Malik considera-se amigo de Guterres e deseja-lhe “muita sorte” no processo de seleção para o secretário-geral. Lembra, no entanto, que apesar de haver mais transparência na escolha a nível da Assembleia-geral — através das audições públicas e das candidaturas serem mais escrutinadas –, a escolha vai ficar a cargo do Conselho de Segurança.

* Vivemos na economia da desumanidade!

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