11/04/2016

MARGARIDA FONSECA

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 palavras


1. A promessa de duas bofetadas fez cair um ministro. Já caído nas bocas do Mundo, defendido e atacado na rede social que escolheu para tal "desabafo", João Soares explicou, no seu pedido de demissão, não aceitar "prescindir do direito à liberdade e à palavra".

2. A artista plástica Joana Vasconcelos deu a conhecer o que levaria numa mochila se fosse refugiada. Joias, óculos de sol, phones e o ipad foram palavras que levaram a críticas tão fortes como uma tonelada de panelas Silampos.

3. António Grilo, subdiretor do Colégio Militar, admitiu que os alunos homossexuais são convidados a sair daquela instituição. A vergonha por tais palavras terá levado o chefe do Estado-Maior do Exército, general Carlos Jerónimo, a pedir a demissão. Marcelo aceitou de rajada.

4. Francisco, o Papa que eu gostava de conhecer (e a quem tentaria não perguntar "porquê tanto branco?"), conseguiu mais alguns pontos a favor da Igreja Católica. Defende maior integração para os católicos divorciados e em uniões de facto e pede maior tolerância para os homossexuais.

Moral da história: quando Eugénio de Andrade escreveu, em 1972, o poema "As Palavras" não imaginava que elas puxassem para a reflexão com tanta força como nesta semana. "São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas". E foram: cristal, punhal, incêndio e orvalho.

JORNALISTA

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
 09/04/16

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