03/04/2016

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 ESTA SEMANA NA
"VISÃO"

Ela inventou o tampão do futuro

De início, a ideia de Ridhi Tariyal era apenas substituir a velhinha agulha nas análises de sangue. Mas evoluiu para a hipótese de diagnosticar doenças sexualmente transmissíveis e prever o aparecimento de certo tipo de cancros 
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Não é preciso muita imaginação para estarmos mesmo a ver a cara dos interlocutores – homens, quase sempre – quando Ridhi Tariyal apresentava a sua ideia e pousava o protótipo em cima da mesa de reuniões. A engenheira de Harvard bem podia usar água azulada e falar nas potencialidades da sua invenção para a saúde das mulheres que não havia volta a dar-lhe. Aquilo era um tampão e quando falamos de tampões falamos de sangue

Ao longo de um ano, a cena repetia-se. Ridhi, uma jovem morena de origem indiana, discorria sobre as vantagens do NextGen Jane (o nome surgiria mais tarde), a primeira de todas o facto de as mulheres poderem testar a sua saúde com toda a privacidade, em casa, e os potenciais investidores só viam sangue.

Com ela ia o seu parceiro no negócio, Stephen Gire, um homem, mas nem ele era levado a sério. “Quando dizes que vais construir uma empresa à volta do sangue menstrual, as pessoas pensam que estás a gozar”, conta ela ao New York Times. Nem a água azulada os safava de serem recebidos com narizes torcidos.

“Alguém chegou a dizer-nos que o produto só iria ajudar mulheres, e que as mulheres são apenas metade da população – por isso, qual era o interesse?” E, continua Ridhi a contar ao jornal americano, também houve quem sugerisse que inventassem uma máquina que um homem pudesse usar para testar a saúde das suas parceiras sexuais. As “mulheres são mentirosas”, justificou.

O caminho foi longo e só chegou ao fim quando os dois parceiros tiveram uma epifania – e se o tampão fosse usado para realizar testes genéticos? Reuniram, então com os executivos da Illumina, uma empresa que fabrica equipamento de sequenciamento genético. E do encontro de vontades nasceria, então, o NextGen Jane.

Dois anos depois de terem começado a pensar no tampão do futuro, Ridhi e Stephen estão a trabalhar num teste de diagnóstico precoce da endometriose, uma doença ginecológica que provoca dor pélvica, muitas vezes crónica.

* Este exemplo reforça a nossa ideia de que os enormes investidores em saúde têm como prioridade que as doenças atinjam um estadio de cronicidade prolongado, doença crónica rende dinheiro aos laboratórios, a cura dá prejuízo.

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