25/03/2016

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HOJE NO 
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Lava Jato. 
Documentação apreendida 
dá um tiro na oposição

Não só Lula e PT parecem sair do Lava Jato. De tanto levantar pedra, a lama cai em todos os lados. Há mais de 200 políticos financiados pela Odebrecht

“O ‘Jornal Nacional’ não vai divulgar os nomes de políticos listados. O motivo é simples: além de a polícia não saber ainda se cometeram alguma ilegalidade, a lista inclui mais de 200 pessoas de todos esses partidos. Não faria sentido escolher uns e omitir outros. E o tempo não nos permitiria divulgar todos”, foi assim que justificou o principal telejornal da televisão brasileira, da Rede Globo, a não divulgação dos nomes que constam da lista de financiamentos da construtora Odebrecht a mais de 200 políticos de duas dezenas de partidos. 
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Por mera coincidência, e embora esta parte da operação Lava Jato tenha sido desenhada para apanhar dois “marqueteiros” do PT, nem Lula da Silva nem Dilma Rousseff constavam da lista dos políticos alegadamente corrompidos pela maior construtora do mundo. Provavelmente, se estivessem, os jornalistas da Globo não resistiriam à notícia. 

Infelizmente para os espetadores desta televisão, apenas estão na listagem a maior parte dos nomes que fazem parte ativa do processo de impeachment.

A Polícia Federal apreendeu na 23.a fase da Operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, realizada no dia 22 de fevereiro, uma lista de políticos que receberam dinheiros da construtora Odebrecht, uma das principais empresas envolvidas no esquema de corrupção investigado pela justiça brasileira. Entre os nomes encontrados estão políticos de quase todos os partidos brasileiros.

Há gente que terá recebido financiamento da construtora dos seguintes partidos: PT, PMDB, PSDB, PP, PSB, DEM, PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL, PPL, PTB, PRP, PCB e PTC. 
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Entre os senadores constam da lista: Renan Calheiros (PMDB-AL), Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e Celso Russomanno (PRB-SP). Basicamente, está muita da política brasileira, mas o mais importante, o quartel-general do impeachment, alegadamente contra a corrupção do governo PT, está lá em peso.

Ao contrário do que sucedeu às escutas ilegais feitas à presidente Dilma Rousseff e ao ex--presidente Lula da Silva, o juiz federal Sérgio Moro decretou nesta quarta-feira, 23, sigilo sobre a listagem da Odebrecht que envolve dezenas de políticos e partidos como supostos destinatários de valores da empreiteira. O magistrado pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre a “eventual remessa” da documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A argumentação do juiz é a presunção de inocência, e o facto de a construtora alegar que tudo não passava de financiamentos legais, estes argumentos não têm colhido com as outras acusações feitas ao ex-presidente Lula, como as supostas casas de milhões de euros que teria comprado.

No seu despacho estabelecendo o sigilo sobre a listagem, o juiz Moro diz que pode haver “prematura conclusão” quanto à natureza desses pagamentos. “Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, justifica o juiz.

As autoridades estão a interrogar Marcelo Odebrecht, herdeiro da empresa, e a antiga secretária do grupo que aceitou fazer “delação premiada” depois da prisão, para identificar quais são as verbas inscritas nas listas que correspondem a financiamentos legítimos, e quais delas podem indicar verbas ilegais e para corromper decisores políticos.

A ex-secretária, depois de presa e solta, ajudou na identificação dos políticos, a maioria dos quais consta com pseudónimo, que estão nas listas de dinheiro dado pela empresa, nomeadamente os senadores Humberto Costa (PT-PE), Aécio Neves (PSDB-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ), Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Social), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Os valores registados nas listagens têm o financiamento a 316 políticos e 22 partidos e ultrapassam os 75 milhões de cruzeiros, cerca do dobro do valor declarado como doações do grupo empresarial nas prestações de contas que os candidatos apresentaram à Justiça Eleitoral (38 milhões). As disparidades reveladas pela documentação apreendida não ficam por aqui: sete empresas do grupo Odebrecht terão atuado como “patrocinadoras” de políticos que concorriam a eleições. No entanto, apenas três dessas empresas aparecem na contabilidade oficial dos partidos – as outras quatro não existem nos documentos que os partidos políticos brasileiros entregaram às autoridades eleitorais.
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Mas não só políticos que disputavam eleições tinham direito à generosidade da construtora: na documentação apreendida na operação policial consta uma lista de contribuições a políticos históricos. Entre eles estão Sérgio Cabral (PMDB), então governador do Rio, e Luiz Fernando Pezão (PMDB), na época vice-governador. Também são citados na lista de “históricos” os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Jorge Picciani (PMDB-RJ), o vice-governador do Rio Francisco Dornelles (PP) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Como escreve o editor do site Outras Palavras, António Martins, depois do Lava Jato e da “mãe de todas as listas” é precisa uma reforma política no Brasil que proíba, entre outras coisas, os financiamentos das empresas privadas.

* Se, dentro da maior modéstia e num futuro próximo, os pensionistas deste blogue tiverem de pedir desculpa a Lula da Silva, por terem acreditado no seu envolvimento em actos de corrupção, fá-lo-ão com humildade e alegria!

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