10/03/2016

ANA SOUSA DIAS

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De igual para igual

Planeta 50-50 em 2030 não é o título de um filme futurista, com naves espaciais e hecatombes cósmicas. É um objetivo apontado pelas Nações Unidas e os "50-50" referem-se à igualdade de género. Parece uma impossibilidade se olharmos para a realidade de hoje, como comprova o relatório que, como todos os anos nesta data, a Organização Internacional do Trabalho divulgou sobre a diferença entre a vida profissional dos homens e das mulheres.

Elas ganham menos e trabalham mais, sobretudo no chamado trabalho não pago - uma expressão do mundo da economia para as tarefas domésticas e familiares. Ah, lá estão os burocratas das Nações Unidas a ser politicamente corretos, que tédio.

No blogue do casal Gates, Melinda e Bill contam que os alunos de uma escola secundária no Kentucky lhes perguntaram que superpoderes gostariam de ter. Ele respondeu "mais energia", ela "mais tempo", e explicam porquê. Ambos vão buscar experiências tidas em África para reforçar estes desejos. Energia pode significar ter água e um frigorífico para conservar alimentos. Tempo quer dizer a possibilidade de estudar e ter uma profissão para sustentar a família, em vez de gastar seis horas por dia em trabalhos não pagos como ir buscar longe água e lenha.

Ah, lá estão os bem-intencionados bilionários a ser politicamente corretos, que tédio. O que é que isto nos diz a nós, que vivemos no conforto da torneira e do interruptor que liga o candeeiro e que até nos orgulhamos de ter uma legislação equalitária bastante avançada? É que não foi há muitas décadas que essa igualdade chegou à lei portuguesa.

E as mudanças na sociedade avançam, em diferentes velocidades, mas avançam. Se nos perturba o desprezo dos fundamentalismos religiosos pelas mulheres, não vamos fingir que o desrespeito é coisa só dos outros. Planeta 50-50, dizem as Nações Unidas. Com todas as diferenças que felizmente existem, de igual para igual.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
08/03/16

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