24/02/2016

TIAGO MOTA DUTRA

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Portugal sob pressão

A confiança nos Bancos Centrais e a credibilidade nas políticas monetárias já não é a mesma. Percebeu-se que a “manipulação” dos mercados financeiros através da injeção de dinheiro e programas de Quantitive Easing não perdura infinitamente. A bolha monetária terá um fim.

A economia mundial está sob pressão e Portugal, sendo dos países mais frágeis financeiramente do Velho Continente, vê a sua situação económica agravada. Perante uma dívida em percentagem do PIB de 130% (3ª mais alta da Europa), Portugal não tem margem de manobra. A mínima falha pode significar o 2º resgate por parte do FMI e medidas de austeridade ainda mais severas do que aquelas que já assistimos. Num clima pessimista a nível global, a melhor opção passa por jogar pelo seguro e não entrar em loucuras no pressuposto de que a economia portuguesa crescerá 1.80% em 2016.

Portugal está frágil e não há confiança no sistema financeiro (casos BES e Banif), o que afasta potenciais investidores. Independentemente do referido, o Estado Português necessita de se financiar. Como tal, o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública definiu esta necessidade para 2016 em 7 mil ME líquidos, que serão obtidos através da emissão de títulos de dívida pública. No entanto, as taxas de juro das obrigações portuguesas a 10 anos passaram de 2.50% em fevereiro de 2015 para 3.50% hoje. Isto representa um maior custo de financiamento para Portugal que, ano após ano, apresenta défice orçamental e consequentemente mais necessidades de financiamento, levando a um crescente endividamento.

A dívida portuguesa é a mais volátil perante o atual pânico de mercado. E isto porquê? Porque as obrigações portuguesas apenas são consideradas Investment Grade pela agência de rating DBRS, o que as torna elegíveis como colateral para o BCE. Mas, perante a possibilidade de recessão e com politicas anti austeridade, o risco de um downgrade é superior.

IN "AÇORIANO ORIENTAL"
22/02/16

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