10/02/2016

PEDRO IVO CARVALHO

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#contacorrente

Sempre que ouço falar em novos impostos para a Banca, vem-me à memória o PDF do meu extrato de conta. Em particular, aquela linha maldita em que são discriminadas as "despesas de manutenção". 

De todas as vezes me indigno, de todas as vezes me conformo. Porque andei a consultar as tabelas de preços de outros bancos e acabei, na comparação direta com tantas outras vítimas, por encontrar algum conforto espiritual. "Afinal, até pago uma merreca". Repito isto 20 vezes e passa. O que me aflige verdadeiramente é o conceito. Pagar uma taxa por efetuar levantamentos bancários (livrem-se!) até é, se formos mesmo tolerantes, entendível, agora subtraírem-nos poupanças para proceder à manutenção do dinheiro é ultrajante. 

A não ser que me convençam que, todos os meses, há um trabalhador destacado para espreitar a caixa onde guardam as minhas poupanças. Que é uma pessoa afável, que fala um bocadinho com as notas de 20 e de 50 euros, que as rega, que as põe a arejar e as leva a passear até ao gabinete do gerente num carro com rodinhas. Se é para fazer manutenção, que seja a sério. Exijo um spa para o meu dinheiro. Podem massajar. Lavar não.

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
06/02/16

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