20/02/2016

CARLOS FIOLHAIS

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Educação e ciência:o desafio 
e as metas para Portugal

Hoje fala-se muito em toda a Europa do ano de 2020. De facto, esse ano não tarda muito e existem planos para lá chegar. A União Europeia, da qual fazemos parte desde há 30 anos, fixou há algum tempo prioridades para o desenvolvimento do conjunto de países que a integram. Esse desenvolvimento deve ser inteligente (quer dizer, deve apostar na educação, na ciência e na filha das duas que é a inovação), sustentável (deve, por exemplo, privilegiar uma economia com menos carbono, na linha do recente Tratado de Paris) e inclusivo (quer dizer, deve favorecer o emprego e reduzir a pobreza).

Portugal está obrigado a respeitar os objetivos europeus. Mas o nosso país terá mais dificuldades em chegar às metas de 2020 do que outros. Basta, para ver isso, fixarmo-nos no objetivo do desenvolvimento inteligente. A Europa quer aumentar para 40% a percentagem da população na faixa dos 30-34 anos que possui um diploma do ensino superior, partindo dos 37,9% atuais. Mas Portugal tem hoje apenas 31,3%, muito abaixo não só da meta europeia.

A Europa quer aumentar o investimento na ciência em tecnologia para 3% do PIB a partir do valor atual de 2,0%. Em Portugal o valor mais recente desse indicador é de apenas 1,3%, tendo descido nos últimos anos do valor de 1,6% que alcançou em 2009. Para atingirmos a meta europeia, teríamos de passar para mais do dobro.

A educação e a ciência têm, entre nós, de ser significativamente impulsionadas, se queremos ganhar o futuro desenhado no quadro europeu para os próximos quatro anos. Para isso as escolas, laboratórios e empresas nacionais onde existem capacidade e competência instalada têm de aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. E as pessoas devem procurar as instituições que lhes possam fornecer as melhores mais-valias para o futuro.

De facto, terá de haver na educação e na ciência um esforço de crescimento e, portanto, um investimento continuado para além de 2020. As limitações nacionais não são apenas na educação superior e no sistema científico-tecnológico. São também na formação geral dos trabalhadores.

Se consultarmos na PORDATA, verificamos que em Portugal há cerca de dois terços (64,8%) de trabalhadores por conta própria sem o ensino secundário, ao passo na Europa a 28 países esse número é de apenas 21,7% (Portugal ocupa o último lugar no ranking das nações europeias relativo a esse índice). Olhando para os trabalhadores por conta de outrem, o cenário repete-se: Portugal tem cerca de metade (47,0%) de trabalhadores sem o secundário, ao passo que na União Europeia esse número fica nos 17,3% (mais uma vez Portugal ocupa a posição traseira). O nosso défice de qualificação da população ativa só poderá ser alterado por um esforço continuado de todos – instituições e pessoas, públicos e privados – ao longo dos anos vindouros. O nosso crescimento económico depende do reforço da qualificação dos portugueses. Na nossa sociedade, dita do conhecimento, os jovens portugueses têm de ter uma escolaridade bem mais prolongada do que os seus pais tiveram.

É neste cenário que vai ter lugar na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações em Lisboa, de 16 a 19 de Março próximo, mais um certame Futurália sobre oferta educativa, formação e empregabilidade. Numerosas escolas, empresas e outras instituições mostrarão messa grande feira o que estão a fazer. Organizada pela Fundação AIP, Lisboa -Feiras, Congressos e Eventos, a Futurália pretende mostrar e reforçar a capacidade que existe em Portugal na área do conhecimento, que é como quem diz na educação, na ciência e na inovação. A economia moderna exige pessoas qualificadas, em particular pessoas que sejam capazes de aprender, criar, usar e adaptar a ciência. Foi isso mesmo que ficou claro na Futurália de 2015 no fórum que apontou para 2020 ao definir a “Futurália 2020: uma plataforma de intervenção para afirmar a soberania do conhecimento.” Os cidadãos em geral e muito em especial os jovens encontrarão na Futurália de 2016, quando faltam só quatro anos para a terceira década deste século, diversas soluções práticas para o seu futuro.

Poderão conhecer as instituições mais adequadas para completarem a sua educação ou formação ou para obterem emprego. Se é verdade que muito do desenvolvimento nacional assenta nas políticas, internacionais e nacionais, nesta área, não é menos certo que aos protagonistas desse desenvolvimento que somos afinal nós todos cabe o esforço de procurar o melhor. O desenvolvimento antes de ser do país tem de começar por ser o nosso.

Professor de Física da Universidade de Coimbra e membro do Conselho Estratégico da Futurália

IN "OJE"
18/02/16


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