23/01/2016

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HOJE NO  
"RECORD"

Vítor Pereira:
 «Acredito que gostaram de
 receber camisola do Eusébio»

Aborda o tema das prendas aos árbitros

R: É admissível que um árbitro não reporte que receba vouchers de refeições ou ofertas dos clubes?
VP - A questão que se coloca é: é ou não normal os árbitros receberem determinadas ofertas? Se é normal, isso não é reportado. E nunca foi reportado.

R: No seu caso reportava?
VP – Não, nunca reportei. Nem eu nem ninguém. Não se reporta uma coisa dessas. Uma pessoa recebe uma réplica de uma camisola, ou um galhardete, que é recebido à frente dos observadores e delegados, com tranquilidade, e ninguém reporta, porque é normal. O que deve reportar-se? O que não é normal. Como os árbitros entenderam essas ofertas e outras como normais, não reportaram.

R: E como será no futuro?
VP - Se considerarem normal, não é necessário reportar.

R: Não o surpreendeu o valor das ofertas do Benfica, por exemplo?
VP - Não surpreendeu. É uma matéria que deixo para as entidades competentes, porque extrapola a competência do Conselho de Arbitragem. 


 Não acredito que algum árbitro se sinta incomodado, coagido, ou que numa próxima arbitragem possa beneficiar ou prejudicar por ter recebido ou não. Se me perguntar se os árbitros gostaram de receber a camisola do Eusébio, acredito que sim. Eu não tenho essa camisola mas arbitrei a festa de homenagem ao Eusébio. Ter arbitrado essa festa foi um momento importante da minha carreira. É uma coisa normal e agora devem ser as instâncias devidas a decidir se tais ofertas saem dos padrões normais. O objetivo é que não se repitam estes ruídos e que as pessoas possam sentir-se tranquilas a dar e a receber.

R: Acha que foi feita uma tempestade num copo de água?
VP - Acho que são ações que inserem em estratégias para ganhar o campeonato. São colocadas em prática. Se são mais ou menos corretas, não me compete qualificar.

R: Quando árbitro, qual foi a melhor prenda que recebeu?
VP - Foram muitas. Lembro-me por exemplo que a 21 de abril de 1999 dirigi a meia-final da Champions, entre o Bayern e o Dínamo Kiev. No final, o presidente do Bayern, Franz Beckenbauer, ofereceu-me um relógio do clube com a data do meu aniversário. Foi no final do jogo, na presença do delegado da UEFA e do observador dos árbitros. Já teria sido uma prenda arbitrar uma meia-final da Liga dos Campeões, mas não deixou de ser um gesto simpático, que gostei. Não é um relógio de ouro, que vale isto ou aquilo. Foi mais simbólico, por ser num dia especial.

R: Fala muito com os árbitros ?
VP - Nem muito nem pouco. Falo quando tenho de falar. Esta semana reunimo-nos no Luso e tive a oportunidade de falar com este e aquele.

R: Fala antes ou depois dos jogos?
VP - Antes e depois. Falamos por telefone, por e-mail, por Skype. Naturalmente.

R: Conversas do género daquela que Marco Ferreira diz que teve com ele?
VP - As nossas conversas servem para motivar o árbitro, como os treinadores fazem com os seus jogadores. Para arbitrar bem, para ser o melhor em campo, para defender a competição, ser imparcial. Damos-lhes conselhos que resultam da nossa experiência de 30 anos. Até lhe digo, os árbitros querem que o seu presidente fale com eles sempre que for entendido. Sempre que há um contacto telefónico, há um agradecimento. Sinto-me totalmente tranquilo, sem problema em relação a isso.

* Sem comentários ao conteúdo da entrevista, mas inútil porque nada esclareceu.

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