09/01/2016

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HOJE NO 
"PÚBLICO"

Nova raça de cães portuguesa 
prestes a ser reconhecida

Era conhecido como “felpudo” ou “abandeirado”. Agora, é o cão do barrocal algarvio e o processo de reconhecimento salvou-o da extinção. Para ser oficial, só falta que a aprovação da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária.

O estalão do cão do barrocal algarvio já foi aprovado pelo Clube Português de Canicultura (CPC). Agora só falta o reconhecimento por parte da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para que exista oficialmente uma nova raça portuguesa, a juntar às dez já existentes, como o cão da serra da Estrela ou o podengo português. Apesar de a raça não ter surgido recentemente, só há uns anos é que Rogério Teixeira, presidente da Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, reparou que se poderia tratar de uma raça diferente e decidiu “pôr mãos à obra”.


ESTE VÍDEO É DE 2014

Ainda que seja necessária a avaliação da DGAV, Filomena Afonso, chefe de divisão do Gabinete de Recursos Genéticos Animais desta direcção-geral, refere que a proposta para esta nova raça está “bem orientada para obter despacho favorável e ser aprovada, tendo em consideração o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido".

Recentemente aprovado, o estalão corresponde às características comuns a todos os cães de uma mesma raça, como a dimensão ou a forma da cauda. Foi elaborado pela comissão técnica do Clube Português de Canicultura, através de apreciações morfológicas, como as medidas do animal.

De acordo com este registo, o cão tem uma corpulência média, pêlo liso e uma cauda “como a dos lacraus, muito peluda e em forma de bandeira”, exemplifica Rogério. Os machos podem atingir os 58 centímetros e 25 quilogramas e as cadelas podem ter até 55 centímetros e 20 quilogramas. Rogério Teixeira refere que o cão é sobretudo de caça, mas também pode ser de companhia.

Filomena Afonso explica que o projecto do estalão “foi ratificado na última assembleia geral do CPC”, a 8 de Dezembro de 2015. A DGAV é a autoridade responsável pelo reconhecimento e preservação de todas as raças autóctones portuguesas.

O procedimento que falta para que o processo esteja terminado corresponde a um pedido que tem de ser feito pelo CPC junto da Direcção Regional de Alimentação e Veterinária e que até já “poderá ter dado entrada na sede da DGAV recentemente”, explica Filomena Afonso, adiantando que, se for o caso, o seu gabinete ainda não tem disso conhecimento.

Salvo da extinção
“O reconhecimento enquanto raça autóctone vem enriquecer o nosso património genético vivo, também símbolo da nossa cultura”, considera a responsável da DGAV. Rogério Teixeira é da mesma opinião e acredita que o reconhecimento “é importante de uma perspectiva cultural”. “É um património que deve ser conhecido e a verdade é que salvámos uma espécie que se encontrava perto da extinção”, observa.

O presidente da Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio conta que quando começaram o processo só existiam cerca de 20 ou 30 cães desta raça. Hoje, “presume-se que haja mais de 1500 exemplares, afirma Filomena Afonso.

O presidente da associação desta futura raça adianta que existem “sete ou oito criadores destes cães” e que nunca venderam nenhum exemplar. Porém, já ofereceram alguns cães desta raça a pessoas de vários pontos do país, com o objectivo de divulgar a espécie.

Como o cão era conhecido como “guedelhudo, abandeirado, fraldado, felpudo”, Rogério Teixeira conta que, numa primeira reunião da associação, foi considerado que o nome “barrocal algarvio” era o que melhor caracterizava a raça, “em grande parte porque o cão habita esta zona entre a serra e o litoral”, nomeadamente entre São Brás de Alportel e a cidade de Faro.

Apesar de a sua classificação só necessitar do parecer da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, Filomena Afonso refere que “não é possível estabelecer uma data” para a sua conclusão, que Rogério Teixeira espera “não demorar muito”.

Contudo, o processo já vem de longe: “Há uns 15 anos que andamos de volta desta questão”, afirma o presidente da associação de criadores, acrescentando que os primeiros passos foram dados através da criação da associação e de um website. “Na altura, caiu mal a muita gente, diziam que não poderia haver uma nova raça”, conta.

A restante família lusa
Até ao momento, existem dez raças portuguesas reconhecidas pelo CPC, se bem que só oito são reconhecidas internacionalmente pela FCI (Federação Cinológica Internacional). Essas oito são: cão da serra de Aires, cão da serra da Estrela, cão de fila de São Miguel, cão de Castro Laboreiro, rafeiro do Alentejo, podengo português, cão-d’água português e perdigueiro português.

As duas reconhecidas a nível nacional mas não internacional são o barbado da Terceira e o cão de gado transmontano. De acordo com Filomena Afonso, estas duas raças foram as últimas a ser reconhecidas, em 2005, pela então Direcção-Geral de Veterinária (DGV).

* Um belíssimo cão cuja existência desconhecíamos, não somos experts.

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