Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
15/11/2015
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Samuel Cohen
Alzheimer,
podemos curá-lo
Mais de 40 milhões de pessoas no mundo inteiro sofrem da Doença de Alzheimer, e as expectativas são de que este número crescerá drasticamente nos próximos anos. Mas nenhum progresso real tem sido feito para combater a doença desde sua classificação, há mais de 100 anos. O cientista Samuel Cohen compartilha um novo avanço de seu laboratório na pesquisa do Alzheimer, assim como uma mensagem de esperança. "O Alzheimer é uma doença", diz Cohen, "e podemos curá-la."
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CARLA HILÁRIO QUEVEDO
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IN "i"
09/11/15
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Ao serviço do Mal
Podia ter ido ver os Minions ao cinema quando
estreou, mas não me apeteceu sair de casa, comprar o bilhete e estar
numa sala cheia de gente a tossir, a comer e a falar.
Sim, eu sei. Estão a passar-se coisas
extraordinariamente importantes em Portugal. A importância destas coisas
espectacularmente importantes exige que nos preocupemos com solenidade
sobre questões como “o futuro do país”. Sim, vai tudo mudar com um
governo à esquerda que não foi eleito. Sim, haverá dinheiro a rodos.
Sim, a despesa publica aumentará e o défice ficará abaixo dos 3%, porque
como sabemos 2+2=1. Milagre! Sim, eu sei. Mas enquanto não somos todos
felizes, ricos e magros, mais vale ver um filme. Assim, quando o mundo
mudar estaremos descansados para viver essa gloriosa mudança.
Podia ter ido ver os Minions ao cinema quando estreou, no Verão, mas
não me apeteceu sair de casa, comprar o bilhete e estar numa sala cheia
de gente a tossir, a comer e a falar. Meses depois, o filme estreou no
videoclube e pude vê-lo deitada no sofá, a rir à gargalhada, a fazer
pausas, a sair e a entrar da sala, a atender o telefone pelo meio, a ver
o e-mail e a fazer pesquisas sobre a linguagem estranha dos Minions,
uma mistura de italiano e espanhol, com meias palavras inglesas e
sílabas soltas. Ver filmes em casa não obriga ao cumprimento dos rituais
próprios de uma sala de cinema, mas o melhor desta liberdade é
integrarmos o filme no nosso quotidiano, como se fosse um animal de
estimação. Já não dizemos “casamento” porque “la boda” nos parece mais
adequado e nunca mais agarraremos no gato como se fosse uma pessoa. A
partir de agora há-de andar pendurado no braço como a ratazana adoptada
por Bob, que a carrega como o urso de peluche. É um pormenor divertido
dos muitos detalhes engraçados de que vive este filme para crianças e
adultos.
A história dos Minions, todos do sexo masculino, porque como afirmou o
seu criador, Pierre Coffin, “os Minions são tão tontos que não os
imagino como raparigas”, não é complicada. A sua espécie é composta por
criaturas amarelas e baixinhas parecidas mas com ligeiras diferenças
entre elas. Todos têm nomes comuns, como Bob ou Dave, e ambicionam o
mesmo: servir o maior vilão que existe à face da terra. Antes do homem
das cavernas, os Minions serviram peixes esquisitos e agressivos e
dinossauros. Depois passaram a faraós, vampiros, a Napoleão e os russos.
Em todas as situações são os Minions que ajudam a enterrar o vilão,
até ao momento em que se vêem sozinhos numa caverna gelada. O tempo
passa e o tédio instala-se. À falta de um vilão, a vida dos que servem o
mal torna-se um aborrecimento profundo. E é aqui que surge o primeiro
problema da tese que diz que os Minions são todos iguais: Kevin, um
Minion expedito, resolve ir à procura do vilão que dá sentido à vida.
Daí a chegarem a Scarlett Overkill (Sandra Bullock) é uma viagem
atribulada mas breve. O segundo problema surge quando os Minions cumprem
as ordens de Scarlett mas roubam a coroa da Rainha de Inglaterra
(Jennifer Saunders) e ficam com ela, subvertendo a ordem natural dos
Minions, que não lideram.
Mas voltemos às coisas espectacularmente importantes do país, desta
vez para descrevermos a situação numa linguagem mais clara: Po ka la
boda? Sa la ka... Stopa! Tank yu. Banana para tu! (Tradução: “Que
casamento? Como se atrevem... Parem! Obrigado. Banana para ti!”)
IN "i"
09/11/15
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
"SOL"
Seis doentes contaminados com
hepatite C numa clínica em Lisboa
Seis doentes tratados numa clínica de hemodiálise em Lisboa foram
contaminados com o vírus da hepatite C, tendo a empresa comunicado a
situação de imediato às autoridades de saúde e garantindo que o caso
está controlado.
"Trata-se de um
episódio pontual que naturalmente nos preocupa, que aconteceu pela
primeira vez na história da Diaverum e sobre o qual estamos neste
momento a investigar as possíveis causas. Após a deteção desta situação
informámos de imediato a Direção-geral da Saúde de acordo um uma ética
de rigor e transparência que nos norteia", refere o diretor-geral da
empresa em comunicado enviado à agência Lusa.
A RTP divulgou hoje de manhã a informação que agora a empresa vem
confirmar de que foram detetados, em outubro, anticorpos do vírus da
hepatite C em seis dos doentes na clínica da Diaverum de Entre Campos.
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Segundo o comunicado da empresa, já foram realizadas inspeções por
parte das autoridades de saúde para fazer uma avaliação local do caso,
"tendo-se verificado que a situação está controlada, sem qualquer perigo
acrescido de contágio".
Refere ainda a empresa que "a clínica em questão cumpre as práticas,
métodos e procedimentos de qualidade e rigor, de acordo com os
parâmetros internacionais, podendo funcionar normalmente".
A Diaverum lembra ainda no comunicado que os seis estão a ser
submetidos a apertada vigilâncias clínica e laboratorial, não
apresentando no momento quaisquer sintomas.
"A hepatite C é uma doença geralmente assintomática, que tem um longo
período de evolução após ser detetada, manifestando-se habitualmente,
enquanto doença, passados mais de 20 anos", acrescenta a nota.
Confrontado com este caso, o ministro da Saúde disse que "está em
curso" a identificação das circunstâncias em que terá ocorrido a
contaminação, um trabalho a ser feito pela Direção-geral da Saúde e pela
Inspeção-geral das Atividades em Saúde, bem como pela Entidade
Reguladora da Saúde.
Leal da Costa lembrou que "há um risco que não é zero de poder
acontecer a transmissão de vírus hemáticos, como o da hepatite C,
através dos sistemas de hemodiálise".
"Se houver indicação no sentido de que é necessário interromper o
trabalho dessa clínica isso será feito", afirmou o ministro aos
jornalistas à margem do Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas,
indicando que aguarda as conclusões das averiguações.
Contudo, segundo a empresa, as autoridades de saúde concluíram que a
clínica cumpre os critérios e que pode continuar a funcionar
normalmente.
* Um caso muito grave, provavelmente irão ser revelados mais casos noutras clínicas, o sr. Leal da Costa só disse o óbvio como é hábito.
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
Rúben, o rapaz que fez mover o mundo
A incrível história de um rapaz que a todos conquistou. Para viver, Rúben precisava passar por uma cirugia que o poderia matar. Recusada por por 45 grandes hospitais estrangeiros devido ao risco elevado, a operação foi concluída com sucesso em Portugal por uma equipa de médicos portugueses. Aos 14 anos, Rúben tornou-se um símbolo de que desistir não é uma opção
Se quisermos e nos prepararmos muito bem, nós conseguimos mover o
mundo. Este caso é uma prova”. É com orgulho, sensatez e emoção que
Miroslava Gonçalves, chefe do serviço de cirurgia pediátrica do Hospital
de Santa Maria, explica o que aconteceu com Rúben Fortes, que ao 14
anos se transformou num exemplo de sucesso para a medicina portuguesa.
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MIROSLAVA GONÇALVES |
Rúben
é um rapaz de sorte. Já passou por duas longas cirurgias, esteve em
coma, ventilado, durante dois meses, recebeu morfina para suportar as
dores e, para cortar a dependência, passou por três sessões de
hipnotismo, teve de fazer vários enxertos de pele e, mais do que tudo,
sofreu uma desarticulação da anca, com a consequente amputação total da
perna esquerda. Mas Rúben é mesmo um rapaz de sorte. Está vivo, planeia o
futuro e, sobretudo, encontrou um grupo de pessoas que não desistiram
dele. Mesmo quando tudo parecia impossível.
“Avisei a minha
equipa de que o meu carro não tinha marcha atrás”, conta Miroslava
Gonçalves que, com a médica Marta Janeiro, recebeu Rúben, quando o
rapaz, então com 13 anos, chegou ao Hospital de Santa Maria,
transportado de helicóptero, de Portimão, depois de ter sido atropelado
por um camião na cidade algarvia, onde o rapaz vivia.
Naquela
noite, as médicas foram confrontadas com uma situação de extrema
gravidade, causada pelo esfacelamento da região da bacia e toda a perna
esquerda do rapaz. Rúben passou então por uma cirurgia inicial para o
estabilizar, que durou mais de dez horas.
Os dois meses seguintes
foram passados nos Cuidados Intensivos Pediátricos. Rúben foi mantido
ventilado para suportar as dores. Mais tarde, foi transferido para a
unidade de queimados do hospital, numa tentativa de o preservar de
infeções, enquanto foi sendo submetido a vários enxertos de pele.
Melhorar para depois piorar
Quando
a situação parecia estabilizada, Rúben foi levado para o setor da
Cirurgia Pediátrica, mas, rapidamente se percebe que a situação era
muito mais grave do que se pensava inicialmente. Em consequência da
pesada destruição física que sofrera, começou a desenvolver uma miosite
ossificante envolvendo toda a bacia, pélvis e coxa esquerda, que causava
dores insuportáveis e comprometia os enxertos de pele realizados.
A
miosite ossificante caracteriza-se pela multiplicação desordenada de
células ósseas no tecido muscular, gerando formas que ferem a pele e
deformam o corpo. A gravidade da situação foi tal que a equipa médica,
coordenada por Miroslava Gonçalves, decidiu que o mais indicado seria
procurar ajuda em hospitais internacionais, mais habituados e mais bem
preparados para enfrentar situações deste tipo, muitas das quais
causadas por conflitos armados. O presidente do conselho de
administração de Santa Maria, Carlos Martins, deu autorização para que
os contactos fossem iniciados.
Mais de 45 unidades hospitalares
de alto nível — em Israel, França, Alemanha, Estados Unidos — foram
contactadas e receberam um dossier completo com a evolução clínica de
Rúben e fotografias da área afetada pela miosite ossificante. As
respostas não variaram: “Não existem condições para manipulação
cirúrgica, prognóstico muito reservado.” “As hipóteses de sobrevivência
eram consideradas mínimas e a recomendação era de que o rapaz fosse
enviado para os cuidados paliativos”, explica a chefe do serviço de
cirurgia pediátrica de Santa Maria.
Inesperadamente, em Janeiro
deste ano, um hospital de Nova Iorque mostrou interesse em obter mais
informações sobre o caso de Rúben e a esperança reacendeu-se. Embora
todos os obstáculos, como a obtenção de passaportes, de roupas de
inverno e, sobretudo, a obtenção de verbas para a deslocação e a
cirurgia junto do Ministério da Saúde, tivessem sido rapidamente
ultrapassados, dias antes da partida para os Estados Unidos o hospital
nova-iorquino recuou, avisando que já não receberia Rúben.
“Embora
já não tivéssemos nada, não podíamos desistir”, recorda Miroslava
Gonçalves. Assim, o que os hospitais internacionais não quiseram
realizar, teria de ser feito em Portugal. Uma cirurgia com 95% de
possibilidades de que o paciente pudesse perder a vida no bloco
cirúrgico.
Montou-se, então, uma equipa multidisciplinar, reunindo
especialistas de cirurgia pediátrica, ortopedia, cirurgia plástica,
cirurgia vascular, anestesiologia, imunohemoterapia, fisiatria,
psiquiatria e psicologia.
Coragem nacional
“Não podíamos desistir”, apesar dos 5% de
possibilidade de sobrevivência, diz a coordenadora de equipa, Miroslava
Gonçalves. Foram reunidos especialistas de cirurgia pediátrica,
ortopedia, cirurgia plástica, cirurgia vascular, anestesiologia,
imunohemoterapia, fisiatria, psiquiatria e psicologia.
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RUBEN E A MÃE |
Alguns dos
profissionais mais preparados para este tipo de procedimentos não
estavam em Santa Maria e, mais uma vez, a administração autorizou que se
fossem buscar“os melhores”. José Portela, ortopedista oncológico, foi
chamado de Coimbra, e Manuel Caneira, cirurgião plástico, da CUF
Descobertas. Tudo foi prévia e minuciosamente preparado, sob a batuta de
Miroslava Gonçalves.
Munidos de nervos de aço, experiência e muito
planeamento, cerca de duas dezenas de profissionais médicos estiveram à
volta de Rúben, entre as 9h09 e as 22h16. Não houve surpresas
inesperadas, todos os períodos críticos foram antecipados e o
procedimento, classificado pela anestesiologista Maria Domingas Patuleia
como de “elevada agressividade cirúrgica, com grande potencial
hemorrágico, efetuada num doente adolescente com défice de fatores de
coagulação”, foi coroado de sucesso.
Quando acordou, Rúben pediu
uma sandes de fiambre. E recebeu-a. O rapaz continua em Santa Maria, de
onde irá para o centro de reabilitação de Alcoitão, em Sintra, onde vai
iniciar o processo de recuperação e adaptação a uma prótese especial que
virá da Alemanha.
Falta muito para que Rúben reconquiste a sua
autonomia, mas os planos do rapaz são tão grandes quanto os seus
desafios. “Quero fazer um vídeo para mostrar que as pessoas que usam
próteses podem fazer o mesmo que as outras, como andar de bicicleta ou
de trotinete”. E Rúben é menino para isso.
* NOTÁVEL
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ESTA SEMANA NO
"OJE"
"OJE"
Prémio Idea Puzzle.
Investigação sobre
obesidade pediátrica distinguida
O Prémio Idea Puzzle 2015, iniciativa apoiada pelo Santander
Totta, visa premiar os melhores projetos de investigação de doutoramento
e com impacto na sociedade.
A grande premiada desta edição do Prémio Idea Puzzle foi Maria João
Gouveia, com o projeto de doutoramento subordinado ao tema “A
parentalidade mindful na obesidade pediátrica: Das práticas parentais ao
ajustamento psicológico das crianças e adolescentes”. Este trabalho foi
desenvolvido na Universidade de Coimbra, sob a orientação de Helena
Moreira e Maria Cristina Canavarro.
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A investigadora Maria João Gouveia irá avaliar o papel das práticas
parentais no comportamento dos filhos, nomeadamente as práticas que se
designam como “mindful”. Isto é, avaliar a capacidade dos adultos para
evitarem deixar-se arrastar pelas emoções quando se trata de corrigir ou
elogiar atitudes ou comportamentos das crianças.
Importa sublinhar que esta é a primeira vez que o conceito “mindful” é
aplicado no contexto da obesidade infantil, uma vez que a
“parentalidade mindful” é um conceito relativamente recente.
Os resultados desta investigação podem contribuir significativamente
para a compreensão do papel de algumas variáveis importantes no
ajustamento psicológico das crianças e adolescentes com obesidade.
Especificamente sobre este prémio e a sua atribuição, importa ainda
acrescentar que, para além de distinguir os melhores projetos de
doutoramento, pretende divulgar o software “Idea Puzzle”, uma
metodologia inovadora desenvolvida na Universidade do Porto que ajuda a
desenhar um projeto de investigação em qualquer área do conhecimento.
Para isso, o software coloca aos investigadores 21 questões baseadas
em Filosofia da Ciência, ajudando-os a responder e a autoavaliar cada
resposta, o que permite depois avaliar as forças e fraquezas do projeto
de investigação em qualquer fase do doutoramento, um passo importante
para o sucesso do projeto em estudo.
Nesta cerimónia de entrega do prémio estiveram presentes os membros
do Júri – António Rendas, reitor da Universidade Nova de Lisboa, Luis
Bento dos Santos, administrador do Banco Santander Totta, Ricardo
Morais, fundador do Idea Puzzle, e ainda João Gabriel, reitor da
Universidade de Coimbra.
Através do Santander Universidades em Portugal, o Santander Totta
continua a intensificar a sua colaboração com as principais instituições
de ensino superior portuguesas, com as quais tem mais de 45 acordos.
Até 2018, o banco irá investir 25 milhões de euros nas universidades
portuguesas através do apoio ao conhecimento, à mobilidade
internacional, à concessão de Bolsas de Mérito e Prémios Científicos e
ao programa de estágios Santander Universidades.
* Mais uma cientista portuguesa notável.
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ESTE MÊS NA
"BLITZ"
"BLITZ"
Morreu um dos membros da equipa
dos Eagles of Death Metal
dos Eagles of Death Metal
A notícia é dada no Facebook da editora Ipecac, de Mike Patton. Nick Alexander morreu durante o atentado de ontem, no Bataclan.
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Um dos membros da equipa de digressão dos Eagles of Death Metal, Nick
Alexander, morreu ontem na sequência do ataque terrorista ao Bataclan,
em Paris.
A notícia é dada pela editora Ipecac, fundada por Mike Patton, dos Faith no More.
"Infelizmente, soubemos que Nick Alexander, membro da equipa dos Eagles
of Death Metal, é uma das vítimas dos ataques de Paris", pode ler-se no
Facebook da Ipecac.
Mandando os seus pêsames às famílias e aos amigos de todas as vítimas,
os representantes da editora concluem: "Há demasiado ódio e negatividade
neste mundo".
Na sequência da tragédia de ontem à noite, os Eagles of Death Metal
cancelaram a sua digressão pela Europa, que terminava com uma data em
Portugal.
Nick Alexander era um cidadão britânico de 36 anos e vendia
merchandising dos Eagles of Death Metal. Segundo a imprensa inglesa, uma
amiga de Alexander, Helen Wilson, tentou ajudá-lo a sobreviver, depois
de o ver ser alvejado à sua frente. Contudo, os paramédicos acabaram por
levá-la para o hospital; Helen Wilson estava também ferida nas pernas,
mas terá sobrevivido.
* Estes bárbaros têm de ser exterminados nos territórios onde são treinados.
* Estes bárbaros têm de ser exterminados nos territórios onde são treinados.
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Namorados ciumentos
Carreiras a seguir
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
Só faltam 230 belezas para a exposição
São sete metros quadrados de luxúria. Neste quarto, num primeiro
andar da rua Diário de Notícias, no Bairro Alto, menos é mais. O
inquilino desabafa que é a "lei do menor esforço" – mas a decoração
despojada impressiona as mulheres. Não há cama, só um colchão coberto
por uma colcha de veludo, azul-escuro, comprada na Feira da Ladra. Ao
lado destaca-se uma coluna partida de estilo neoclássico, encontrada
numa rua próxima de Cascais, onde pousa um calhamaço do fotógrafo
norte-americano David La Chapelle.
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A condizer com esta peça dourada, o ex-líbris:
a cómoda repleta de assinaturas femininas. As modelos assinam depois de
posarem em roupa interior, às vezes durante 40 minutos, outras pela
noite fora. Ele também assina a preto no corpo de algumas – no peito ou
numa nádega.
O resultado de uma das sessões está emoldurado
num lugar de destaque: junto à janela com cortinados negros
transparentes e por cima de um painel de azulejos do século XVIII. A
foto foi tirada em Junho a uma morena de cabelos encaracolados, com 18
anos, que exibe uns glúteos bem definidos. É aspirante a actriz e uma
das 70 mulheres que participa no projecto "Girls in my bedroom"
(raparigas no meu quarto, http://www.girlsinmybedroom.nu ), de Ivo Lázaro, 28 anos, nove deles dedicados à fotografia. Quando atingir as 300 tenciona fazer uma exposição.
"Começou
no meu quarto por comodismo, dado o pouco tempo que tinha para
fotografar. Fiz uns testes porque tinha uma luz bonita e desenvolveu-se
tudo a partir daí", explica o autor à SÁBADO.
Namorados ciumentos
O título do projecto é
elucidativo: se elas forem atraentes, desinibidas e tiverem cerca de 20
anos, podem passar pelo quarto do fotógrafo para uma sessão sensual. Ivo
encontra-as, sobretudo, no Facebook, por recomendação de amigos ou
através de agências de modelos que querem promover novos rostos. A
actriz Vanessa Martins já participou. A parceria aconteceu em Janeiro e
depois disso ela recrutou-o para fotógrafo oficial do seu blogue Frederica. As sessões no seu quarto também abriram portas para a Playboy: através do projecto, a edição portuguesa da revista entrou em contacto com Ivo e convidou-o para colaborar em regime free-lancer – já fez dois editoriais.
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A maioria das girls são
estudantes universitárias e não recebem cachê, mas Ivo também não cobra
às convidadas. No pré-acordo, estabelecem-se os limites da exposição:
ele explica-lhes que as imagens serão publicadas nas redes sociais (só
no Instagram tem mais de 23 mil seguidores, 60% do sexo masculino); elas
só mostram o que entenderem.
Com frequência, Ivo tem de lidar
com namorados ciumentos. "São poucos os que percebem. Já perdi dez
sessões por causa deles." Quando sai à noite, há quem ameace agredi-lo
por causa do projecto, mas Ivo ignora.
Ao longo destes três anos de Girls in my Bedroom,
tantos quantos está solteiro, Ivo não nega que já se envolveu com
amigas e teve umas quantas paixões passageiras. "Fotografei modelos com
quem já tinha uma relação íntima antes da sessão. Como noutro trabalho
qualquer, criam-se relações e no meu não é diferente", relativiza.
Namorada dispensa. "É difícil encontrar alguém que consiga respeitar o
que faço." Apesar de a última, com quem namorou cinco anos, ter sido a
primeira a incentivá-lo a fotografar mulheres com pouca roupa.
Ivo estudou escultura em Belas-Artes, mas ao fim do primeiro ano
percebeu que queria ser fotógrafo e foi para o Instituto Português de
Fotografia. Usa com parcimónia o Photoshop, gosta do registo cru e é
fiel há cinco anos à máquina Canon 5D MK2.
Tem uma técnica para
quebrar o gelo no início da sessão: música ambiente, ao gosto delas. Os
primeiros 20 minutos são de aquecimento, para as que têm complexos com o
peito pequeno ou a celulite (as queixas mais comuns) perderem os
constrangimentos. Ivo é peremptório: "Sou contra implantes." Só lhes
pede descontracção e que levem três conjuntos de lingerie. O resto vai por instinto. "Apaixono-me todos os dias, conheço mulheres lindíssimas."
Festa na varanda
Às
vezes serve vodka às participantes. Uma delas estava muito envergonhada
quando entrou no quarto dele: tinha 21 anos e uma imagem exótica. Às
cinco da tarde, já mais desinibida, protagonizou uma das melhores
sessões de Ivo. "Parece a Adriana Lima [top model brasileira]", compara.
Outra
candidata foi recomendada por uma amiga em comum. Queria recuperar a
sensualidade, depois de superar uma doença oncológica. Prova superada.
A vizinhança não entende estas movimentações no quarto de Ivo. E numa
noite até teve de interromper a festa quando uma vizinha ameaçou chamar a
polícia. Eram três da manhã quando 11 participantes do projecto ficaram
em lingerie e foram para a varanda. "Como era sábado e vivo no
Bairro Alto, juntou-se uma multidão na rua com os telemóveis a filmar e
a tirar fotos, ao ponto de me virem bater à porta a perguntar se podiam
entrar. Obviamente que a resposta foi não", recorda.
Carreiras a seguir
A inspiração vem de alguns dos mestres da fotografia
Entre
os fotógrafos que Ivo prefere estão o americano Terry Richardson, que
tanto fotografa Obama como modelos nuas, e o exuberante japonês Araki Nobuyoshi, célebre
pelas fotos de modelos nuas atadas com cordas. Entre os portugueses,
elege Bruno Cantanhede aka Kid Richards, que faz fotos eróticas com grão
para dar efeito antigo.
* Uma bela aventura fotográfica.
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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
"O açúcar é o maior veneno
que damos às crianças"
Entrevista à pediatra Júlia Galhardo, responsável pela consulta de obesidade no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, e que usa palavras fortes para se referir ao abuso do açúcar em idades precoces: "maus tratos"
Quando as crianças não têm excesso de peso é mais difícil que as famílias percebam os perigos do açúcar em excesso?
Sim.
Os pais não devem ficar descansados quando o seu filho, que come muitos
doces, é magro. Muitos desses meninos, que são longilíneos, têm
alterações dos lípidos no sangue, têm problemas de aterosclerose. Não
são gordos, mas têm alterações metabólicas.
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Nem tudo o que é mau se vê. Nem tudo o que é mau dói. A hipertensão não dói, a diabetes não dói. Não doem, mas matam. E, mesmo quando existe excesso de peso, os pais não dão a devida importância. Acham que a criança vai esticar quando crescer, como se fosse plasticina, e que o problema vai desaparecer. Só começam a perceber que há, de facto, um problema quando as análises dão para o torto. Quando o colesterol ou os glícidos ou o ácido úrico vêm aumentados, quando as análises revelam inflamação...
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Nem tudo o que é mau se vê. Nem tudo o que é mau dói. A hipertensão não dói, a diabetes não dói. Não doem, mas matam. E, mesmo quando existe excesso de peso, os pais não dão a devida importância. Acham que a criança vai esticar quando crescer, como se fosse plasticina, e que o problema vai desaparecer. Só começam a perceber que há, de facto, um problema quando as análises dão para o torto. Quando o colesterol ou os glícidos ou o ácido úrico vêm aumentados, quando as análises revelam inflamação...
E as crianças que segue na consulta de obesidade têm, frequentemente, problemas nas análises?
Mais
de 90 por cento das vezes. O que eu até agradeço, inicialmente. Porque é
a única forma que tenho de mostrar aos pais que alguma coisa não está
bem. Eu ajudei a começar esta consulta em 2006. Estamos em 2015 e vejo
crianças mais obesas, com maiores problemas nas análises e em idades
mais precoces. Ontem vi uma criança que tinha 10 meses e pesava 21
quilos. Tenho adolescentes com diabetes tipo 2, com hipertensão, com
colesterol elevado. Patologias que, quando eu andava na faculdade, eram
ditas de adulto, na pediatria não se falava! Surgiam aos 40 anos,
agravavam aos 60 e tinham consequências mesmo palpáveis aos 80. Esses
problemas são cada vez mais precoces e cada vez têm consequências mais
graves. Quanto mais precocemente surgem, mais graves se tornam.
Como é que se explicam mudanças tão significativas no espaço de uma geração?
Traduz
toda uma modificação ambiental, porque a genética não muda numa
geração. Se tiver dois gémeos, iguaizinhos, monozigóticos - em que o
genoma é precisamente o mesmo - e os sujeitar a ambientes diferentes,
eles vão desenvolver problemas diferentes. Fazer menos e comer mais, foi
isto que mudou no ambiente que nos rodeia. E comer mais erradamente.
Come-se mais do pacote da prateleira. Produtos em que, além daquilo que
parece que lá está, estão inúmeras coisas que os pais não identificam.
Por exemplo?
Os
açúcares. Os pais só identificam a palavra "açúcar". Se eu lhe chamar
glícidos, dextrose, maltose, frutose, xarope de milho... Tudo isso é de
evitar, mas os pais não identificam isso como açúcar.
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E a quantidade de açúcar que as crianças ingerem, diariamente, é assustadora. Tudo o que é processado e vem num pacote tem açúcar. Basta olhar para o rótulo. Se eu não conseguir ensinar mais nada na minha consulta, consigo ensinar, pelo menos, que é importante olhar para o rótulo. E que o ideal é escolher produtos sem rótulo, sem lista de ingredientes: aqueles que vieram da terra ou do mar ou do rio. É a melhor forma de evitar o açúcar.
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E a quantidade de açúcar que as crianças ingerem, diariamente, é assustadora. Tudo o que é processado e vem num pacote tem açúcar. Basta olhar para o rótulo. Se eu não conseguir ensinar mais nada na minha consulta, consigo ensinar, pelo menos, que é importante olhar para o rótulo. E que o ideal é escolher produtos sem rótulo, sem lista de ingredientes: aqueles que vieram da terra ou do mar ou do rio. É a melhor forma de evitar o açúcar.
Costuma envolver os avós, a família alargada, nas consultas?
Os
avós têm um papel fundamental! Os avós são do tempo em que não havia
esta parafernália do pacote. O doce era o mimo do dia de festa. Mas
transformam este mimo num bolo ou num chocolate todos os dias. Porque...
"coitadinho do menino". Eu peço aos avós, por favor, que transformem
estas coisas em mimos de abraços, de afetos. Que vão com eles ao parque
brincar, ver o pôr do sol, fazer castelos de areia. Que os ensinem a
cozinhar coisas saudáveis. A fazer pão, salada de frutas. Eu aprendi a
fazer pão com a minha avó e ainda hoje me lembro. Peço aos avós que nos
ajudem a modificar esta carga. E que percebam que, hoje em dia, o maior
inimigo dos seus netos é o açúcar. A comida não é castigo nem prémio.
Começa a ser frequente ouvir especialistas dizer que, um dia, olharemos para o açúcar como olhamos hoje para o tabaco. Concorda?
Eu
acho que ainda é pior. O açúcar, em termos neurológicos, e de
neurotransmissores, e de prazer, e da precocidade com que é introduzido,
tem consequências mais nefastas do que o tabaco. A frutose, a dextrose,
todos os açúcares criam dependência. Entramos no domínio dos recetores
cerebrais, no domínio do prazer, da compensação, do conforto. Se eu me
habituar a consumir açúcar e a ter prazer pelo açúcar, há modificações
epigenéticas - genes que são acionados e que fazem com que eu passe a
ter mais tendência para o açúcar. Ou para o sal. E a mesma dose não
surte o mesmo efeito a longo prazo. Portanto vou aumentando o açúcar.
Qual é o limite máximo, se é possível responder a isto, que uma criança deve consumir de açúcar por dia?
O
mínimo possível. Não tenho número para lhe dar. E quanto mais tarde,
melhor. É óbvio que precisamos de açúcar, nomeadamente de glicose,
porque é esse o nosso combustível. É a nossa lenha celular. Mas não é
disso que estamos a falar quando dizemos a palavra açúcar.
Os açúcares de que precisamos estão presentes nos alimentos.
Claro. Nos cereais, no leite e derivados, nas frutas.
Como é que explica, às crianças e aos pais, os efeitos do açúcar na saúde?
Aos
mais pequeninos costumo dizer que o açúcar é um bocadinho venenoso. Aos
pais explico que o açúcar adicionado causa os mesmos problemas
metabólicos que o álcool. Lembro que o álcool vem, precisamente, do
açúcar. Do açúcar dos tubérculos, do açúcar das frutas. E que a
consequência é exatamente a mesma: o chamado "fígado gordo". A curto
prazo traduz-se em alterações nas análises. Mais tarde traduz-se em tudo
aquilo que contribui para o síndrome metabólico: diabetes tipo 2,
hipertensão arterial, alteração do colesterol no sangue, aumento do
ácido úrico. E, a longo prazo, tudo isto se traduz em alterações
cardiovasculares. Enfarte precoce do miocárdio, acidente vascular
cerebral... São doenças que os pais associam aos pais deles.
E não aos seus filhos.
E
não aos seus filhos. Mas, se assim continuarem, vão presenciá-las nos
filhos. Estarão vivos, ainda, para as presenciar nos filhos. Porque um
adolescente que é diabético tipo 2, 20 anos depois vai ter problemas
desta diabetes. E, se for uma menina, é exponencial, porque vai gerar um
bebé neste ambiente intrauterino. Em que a própria carga genética --
que não é alterada, porque genes são genes -- vai ser ativada ou inibida
de acordo com o ambiente que lhe estamos a dar in utero. É assustador.
Estudos
recentes, como o EPACI Portugal 2012 ou o Geração 21, mostram que as
crianças portuguesas começam a consumir doces muito cedo, a partir dos
12 meses. Aos 4 anos mais de metade bebe refrigerantes açucarados
diariamente e 65% come doces todos os dias. É por falta de informação?
Alguns
pais ficarão chocados, mas há uma expressão para o abuso do açúcar em
idades tão precoces: maus tratos. Os meninos já não sabem o que é água.
Os meninos, ao almoço e ao jantar, bebem refrigerantes. Não acredito que
seja falta de informação. Toda a gente sabe que bolachas com chocolate,
leite achocolatado, gomas, bolos, estas coisas, fazem mal. É a
ambiência, é o corre-corre. É porque é mais fácil ir no carro a comer
bolachas e sumo, a caminho da escola. Para alguém que já se deita muito
tarde, porque tem tarefas sobreponíveis, pode ser difícil acordar meia
hora mais cedo para preparar um bom pequeno-almoço.
Como é um bom pequeno-almoço?
Deve
ter três componentes: fruta, um componente do grupo dos cereais e leite
ou derivados. Quando a criança tem mais de 3 anos, estamos a falar de
produtos meio gordos. Os cereais podem ser, por exemplo, papas de aveia,
pão fresco ou torradas. Pão da padaria, não é pão de forma. Porque o
pão de forma tem, além de imensos aditivos, açúcar. O pequeno-almoço
deve ser variado, ao longo da semana, e deve garantir 20 a 25% da
quantidade diária de calorias.
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Nem um por cento das pessoas faz isto. E o stress é o centro de toda esta nossa conversa. É o centro de todas estas alterações que nós estamos a sofrer. Porque os pais não têm tempo, porque chegam a casa e estão estoirados. Não há tempo para ser criança, não há tempo para ser pai. Para estar à mesa meia hora a contar o dia de cada um. As nossas crianças não dormem o que deviam. A sociedade moderna está a adoecer os seus cidadãos.
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Nem um por cento das pessoas faz isto. E o stress é o centro de toda esta nossa conversa. É o centro de todas estas alterações que nós estamos a sofrer. Porque os pais não têm tempo, porque chegam a casa e estão estoirados. Não há tempo para ser criança, não há tempo para ser pai. Para estar à mesa meia hora a contar o dia de cada um. As nossas crianças não dormem o que deviam. A sociedade moderna está a adoecer os seus cidadãos.
Os médicos têm suficiente formação sobre nutrição?
Não.
Só se a procurarem. Se não a procurarem, não têm. Falo-lhe do meu
curso, que foi há uma década, e falo-lhe de agora. Apesar de haver
alguma modificação, não é suficiente. A nutrição é vista como
secundária. Não é fármaco, não é vista como tratamento. Mas é. Por
exemplo, após uma cirurgia, se não houver uma nutrição adequada, o
organismo não consegue organizar o colagénio e tudo o que favorece o
processo de cicatrização, para sarar. Na oncologia, por exemplo, há
muito cuidado em várias terapias, mas muito pouco cuidado na parte da
nutrição. A alimentação está na base da saúde e da doença.
É favorável a taxas sobre os produtos mais açucarados, como acontece em países como França, Hungria ou Finlândia?
Para
não criar tanta polémica: e se deixássemos de taxar aqueles que são
frescos, por exemplo? Peixe. Fruta, nomeadamente a portuguesa. Os
legumes, os hortícolas. O nosso leite dos açores. Com tudo isto, é
possível fazer refeições saudáveis para os meninos. Mas, se vir o IVA
dos seus talões de supermercado, poderá constatar que há coisas que não
deveriam ser taxadas ao nível que são.
Por exemplo?
Alguns
refrigerantes são taxados a seis por cento. Mas a eletricidade e o gás,
por exemplo, estão à taxa mais alta. Consegue cozinhar sem eletricidade
e sem gás? Não é um produto de luxo. Às vezes sentimo-nos a puxar
carroças sozinhos. E nós contra a indústria não temos muita força. Eu
gostaria de perceber porque é que é permitido oferecer brinquedos com
alimentos que são considerados nefastos. Pior: brinquedos colecionáveis.
O problema é que cada governo preocupa-se a quatro anos. E os
ministérios trabalham cada um por si.
O Ministério da Educação
reduziu, em 2012, a carga horária de Educação Física no terceiro ciclo e
no ensino secundário. E a nota de Educação Física deixou de contar para
a média de acesso ao ensino superior.
Pior do que reduzir as
aulas de educação física, é vê-las como supérfluas. Eu vou-lhe
confessar: eu era péssima. Era um desastre. E também era obesa.
Portanto, estou à vontade para falar disto. E digo isto aos meus
doentes, porque acho que os estimula. Tenho saudades de crianças que
esfolavam os joelhos em cima do que já estava esfolado. Não vejo isto
hoje em dia. Não é que goste de ver meninos magoados. Mas significa que
estão quietos. Quando muito, têm tendinites nos polegares, que vai ser a
doença ortopédica do futuro. E miopia.
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Estive três anos num hospital no Reino Unido, onde via adolescentes, sem patologias de base, com obesidade simples, deitados numa cama, que nem banho conseguiam tomar. Nós sabemos isto. Não há falta de informação, há inércia. Eu não queria que o meu país fosse para aí, não queria que a geração que vem a seguir a mim fosse para aí.
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Estive três anos num hospital no Reino Unido, onde via adolescentes, sem patologias de base, com obesidade simples, deitados numa cama, que nem banho conseguiam tomar. Nós sabemos isto. Não há falta de informação, há inércia. Eu não queria que o meu país fosse para aí, não queria que a geração que vem a seguir a mim fosse para aí.
E está a ver o país ir para aí?
Estou.
E não há prevenção, não há comportas. Estou a tentar montar um projeto
para chegar aos pais e às crianças nos jardins de infância e nas
escolas. Sinalizar para os centros de saúde, através da saúde escolar,
crianças que estão a começar a ter peso a mais. A este hospital só
deveria chegar a obesidade que tem uma causa endócrina, genética, ou
que, não a tendo, já tem consequências. Mas há centros de saúde que nem
nutricionistas têm. Isto, a longo prazo, paga-se com juros. Basta fazer
contas. Basta ver a carga que são as consultas de obesidade, que eu já
não sei o que hei de fazer a tanta consulta que me pedem. Uma consulta
hospitalar de nível 3, como esta, tem um custo. Pais que faltam ao
trabalho para vir com os meninos tem um custo. Fora as consequências que
vêm por aí.
A obesidade é a epidemia do século XXI. Mas como, ao
contrário das infeções, o impacto não é imediato -- é a 10, 20, 30 anos
-- ninguém olha para ela como tal. Só quando se transformar na epidemia
de doença, e não na epidemia de caminho para a doença, é que vamos
tentar travar. Mas já não vamos travar nada, porque já tivemos o
acidente completo. E aí vamos gastar o dobro. E já nem estou a falar só
de saúde e de vida. De anos de saúde e de vida que se poderiam poupar.
Falo da questão monetária, porque parece que é aquilo que as pessoas
entendem melhor atualmente.
* É aterrador o que a dra. Júlia Galhardo afirma, mas é inteiramente verdade.
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