15/11/2015

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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

Só faltam 230 belezas para a exposição

São sete metros quadrados de luxúria. Neste quarto, num primeiro andar da rua Diário de Notícias, no Bairro Alto, menos é mais. O inquilino desabafa que é a "lei do menor esforço" – mas a decoração despojada impressiona as mulheres. Não há cama, só um colchão coberto por uma colcha de veludo, azul-escuro, comprada na Feira da Ladra. Ao lado destaca-se uma coluna partida de estilo neoclássico, encontrada numa rua próxima de Cascais, onde pousa um calhamaço do fotógrafo norte-americano David La Chapelle. 
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A condizer com esta peça dourada, o ex-líbris: a cómoda repleta de assinaturas femininas. As modelos assinam depois de posarem em roupa interior, às vezes durante 40 minutos, outras pela noite fora. Ele também assina a preto no corpo de algumas – no peito ou numa nádega.

O resultado de uma das sessões está emoldurado num lugar de destaque: junto à janela com cortinados negros transparentes e por cima de um painel de azulejos do século XVIII. A foto foi tirada em Junho a uma morena de cabelos encaracolados, com 18 anos, que exibe uns glúteos bem definidos. É aspirante a actriz e uma das 70 mulheres que participa no projecto "Girls in my bedroom" (raparigas no meu quarto, http://www.girlsinmybedroom.nu ), de Ivo Lázaro, 28 anos, nove deles dedicados à fotografia. Quando atingir as 300 tenciona fazer uma exposição.

"Começou no meu quarto por comodismo, dado o pouco tempo que tinha para fotografar. Fiz uns testes porque tinha uma luz bonita e desenvolveu-se tudo a partir daí", explica o autor à SÁBADO.

Namorados ciumentos
O título do projecto é elucidativo: se elas forem atraentes, desinibidas e tiverem cerca de 20 anos, podem passar pelo quarto do fotógrafo para uma sessão sensual. Ivo encontra-as, sobretudo, no Facebook, por recomendação de amigos ou através de agências de modelos que querem promover novos rostos. A actriz Vanessa Martins já participou. A parceria aconteceu em Janeiro e depois disso ela recrutou-o para fotógrafo oficial do seu blogue Frederica. As sessões no seu quarto também abriram portas para a Playboy: através do projecto, a edição portuguesa da revista entrou em contacto com Ivo e convidou-o para colaborar em regime free-lancer – já fez dois editoriais. 
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A maioria das girls são estudantes universitárias e não recebem cachê, mas Ivo também não cobra às convidadas. No pré-acordo, estabelecem-se os limites da exposição: ele explica-lhes que as imagens serão publicadas nas redes sociais (só no Instagram tem mais de 23 mil seguidores, 60% do sexo masculino); elas só mostram o que entenderem.

Com frequência, Ivo tem de lidar com namorados ciumentos. "São poucos os que percebem. Já perdi dez sessões por causa deles." Quando sai à noite, há quem ameace agredi-lo por causa do projecto, mas Ivo ignora.

Ao longo destes três anos de Girls in my Bedroom, tantos quantos está solteiro, Ivo não nega que já se envolveu com amigas e teve umas quantas paixões passageiras. "Fotografei modelos com quem já tinha uma relação íntima antes da sessão. Como noutro trabalho qualquer, criam-se relações e no meu não é diferente", relativiza. Namorada dispensa. "É difícil encontrar alguém que consiga respeitar o que faço." Apesar de a última, com quem namorou cinco anos, ter sido a primeira a incentivá-lo a fotografar mulheres com pouca roupa.
Ivo estudou escultura em Belas-Artes, mas ao fim do primeiro ano percebeu que queria ser fotógrafo e foi para o Instituto Português de Fotografia. Usa com parcimónia o Photoshop, gosta do registo cru e é fiel há cinco anos à máquina Canon 5D MK2.

Tem uma técnica para quebrar o gelo no início da sessão: música ambiente, ao gosto delas. Os primeiros 20 minutos são de aquecimento, para as que têm complexos com o peito pequeno ou a celulite (as queixas mais comuns) perderem os constrangimentos. Ivo é peremptório: "Sou contra implantes." Só lhes pede descontracção e que levem três conjuntos de lingerie. O resto vai por instinto. "Apaixono-me todos os dias, conheço mulheres lindíssimas."

Festa na varanda 
Às vezes serve vodka às participantes. Uma delas estava muito envergonhada quando entrou no quarto dele: tinha 21 anos e uma imagem exótica. Às cinco da tarde, já mais desinibida, protagonizou uma das melhores sessões de Ivo. "Parece a Adriana Lima [top model brasileira]", compara.

Outra candidata foi recomendada por uma amiga em comum. Queria recuperar a sensualidade, depois de superar uma doença oncológica. Prova superada.

A vizinhança não entende estas movimentações no quarto de Ivo. E numa noite até teve de interromper a festa quando uma vizinha ameaçou chamar a polícia. Eram três da manhã quando 11 participantes do projecto ficaram em lingerie e foram para a varanda. "Como era sábado e vivo no Bairro Alto, juntou-se uma multidão na rua com os telemóveis a filmar e a tirar fotos, ao ponto de me virem bater à porta a perguntar se podiam entrar. Obviamente que a resposta foi não", recorda.

Carreiras a seguir 
A inspiração vem de alguns dos mestres da fotografia

Entre os fotógrafos que Ivo prefere estão o americano Terry Richardson, que tanto fotografa Obama como modelos nuas, e o exuberante japonês Araki Nobuyoshi, célebre pelas fotos de modelos nuas atadas com cordas. Entre os portugueses, elege Bruno Cantanhede aka Kid Richards, que faz fotos eróticas com grão para dar efeito antigo. 

* Uma bela aventura fotográfica.


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