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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
21/03/2015
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* Uma produção "CANAL MÉDICO"
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2-CANCRO DA MAMA
CONSIDERAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS
Uma
interessante série conduzida pelo Prof. Dr. Euderson Kang Tourinho,
Doutor do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
* Uma produção "CANAL MÉDICO"
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As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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GUSTAVO PIRES
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IN "A BOLA"
12/03/15
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Quanta Verdade são
os Treinadores de Futebol
Capazes de Suportar?
O futebol é um jogo de confronto direto entre duas equipas. Só existe
jogo se o confronto se concretizar na disputa do resultado. Assim,
cumpre-se o princípio básico da dialética de confronto que determina a
lógica do pensamento estratégico que, enquanto ato criativo de análise e
reflexão, num ambiente agónico, quer dizer, conflitual e competitivo, a
partir de uma dada missão, avalia e organiza recursos tangíveis e
intangíveis, estabelece e hierarquiza metas e objetivos e determina os
procedimentos e as ações a desencadear pelos agentes envolvido.
Como,
há muito, refere o Prof. Manuel Sérgio, o desporto é rendimento, é
medida, é recorde e é espetáculo, o espetáculo de maior magia à escala
do Planeta que envolve milhões de adeptos por esse mundo fora. Todavia,
uma coisa são as opiniões do apaniguado quando usa a informação que
recolhe de cada jogo e do ambiente que o circunda e outra, completamente
diferente, o pensamento estratégico do treinador que, sustentado nos
conhecimentos teóricos de uma prática refletida, através de modelos de
análise, elabora conjeturas suscetíveis de serem corroboradas na
realidade prática vivida em cada jornada do campeonato.
O
pensamento estratégico, muito provavelmente, é tão velho como a história
da humanidade. A sua tradição chega-nos principalmente dos militares de
T`ai Kung (± 900 a.C.) e Sun Tzu (± 500 a.C.) a Liddell Hart
(1895-1970); André Beaufre (1902-1975) mas, chega-nos também um
extraordinário manancial de conhecimentos produzidos por civis tais
como, entre outros, Tucídides (460 a.C. - 400 a.C.) e Nicolau Maquiavel
(1469 -1527) ou, mais recentemente de John Keegan (1934-2012) ou Henry
Mintzberg.
Se olharmos para o mundo do desporto, Leon
Teodorescu, com o trabalho “Problemas do Treino nos Jogos Desportivos
Colectivos” publicado em 1957 começou a tratar as questões relativas à
organização do jogo e Friedrich Mahlo em 1969 com a publicação d’ “O Ato
Tático em Jogo” introduziu, do ponto de vista teórico, a dimensão
tática na análise do jogo. Em termos mundiais, estas obras inauguram o
pensamento dos treinadores para além do ensino e do treino do gesto
técnico. No que diz respeito ao futebol, em Portugal, Adriano Peixoto
editou em 1947 “O Futebol Português e o Sistema de Herbert Chapman” e,
em 1965, “As Grandes Táticas do Futebol”. Cândido Oliveira (1897-1958)em
1947 publicou “Os Segredos do Futebol: Técnica de Ensino, Aprendizagem e
Treino, Tática de Jogo” e Augusto Sabbo (1887-1971), em 1948, uma obra
de 321 páginas, intitulada “Estratégia e Método Base do Futebol
Associativo Científico” que, pelo seu rigor de análise circunstanciado à
cultura de um determinado tempo, marcou uma época. Neste livro que
devia ser de leitura obrigatória para qualquer treinador Augusto Sabbo
faz a rutura com aquilo a que então se designava por “futebol arte” e
avança com um novo paradigma o do “futebol científico”.
Na
perspetiva de Jean-Paul Charnay diremos que, enquanto fenómeno mental, a
estratégia é suscetível de ser utilizada num grande número de domínios e
de comportamentos. Por isso, existe todo um conhecimento adquirido e
sistematizado ao longo dos séculos da história da humanidade que, só por
ingenuidade ou ignorância, pode ser dispensado por todos aqueles que se
dedicam à profissão de treinadores das mais diversas modalidades
desportivas em especial o futebol que, do ponto de vista social,
económico e político, supera todas as outras. Porque, o pensamento
estratégico, no abstrato da oposição das partes, na agonística do jogo e
na dialética de vontades, abre um vasto campo de reflexão que deve
suportar o processo de tomada de decisão nas suas dimensões política e
técnica no âmbito do desporto em geral e do futebol em particular.
Quer
dizer, o pensamento estratégico antecede em tempo e oportunidade o
sistema de jogo enquanto conjunto tático de modelos (p/ex. no futebol:
4.4.2; 4.3.3; 4.2.3.1; etc.) que, em interação dinâmica, estruturam e
dão um sentido de finalização à operação da equipa. Para além destas
configurações táticas que, muitas vezes, não passam de uma influência da
moda, há muitos jogos e campeonatos perdidos por completa desorientação
do pensamento estratégico dos treinadores.
Os campeonatos já
não se jogam como outrora na ludicidade de uns desafios que serviam para
entreter as massas durante os fins-de-semana de modo a retemperar-lhes
as forças para mais uma semana de trabalho. Hoje, os resultados
desportivos estão intimamente ligados a resultados económicos, sociais e
políticos que ultrapassam a vida das equipas e dos clubes. Ora, quando
os resultados se tornam determinantes em sectores da vida económica,
social e política que transcendem o próprio clube, acabam, também, por
alterar a lógica do jogo.
E se a lógica do jogo se altera,
porque mais vale jogar mal e ganhar do que jogar bem e perder, para além
do entusiasmo dos adeptos, o comportamento não só dos treinadores como
dos próprios dirigentes deixa de poder ser igual ao do passado em que os
interesses envolvidos não iam muito para além do divertimento dos jogos
do campeonato, sem consequências para além do resultado e da posição
mais ou menos honrosa da equipa na tabela classificativa.
Assim
sendo, a arte do treinador, que se traduz na sua atitude estratégica
relativamente à preparação de em cada jogo em particular e no campeonato
em geral, está transformada numa questão fundamental na organização da
vitória que determina a vida das equipas, dos clubes, das regiões e dos
próprios países. Quer dizer, na dialética de confronto de cada jogo em
particular e do campeonato em geral, o treinador, passou a ser uma peça
fundamental na medida em que as consequências das suas decisões
ultrapassam as circunstâncias do próprio jogo.
Hoje, é
reconhecido que os conhecimentos provenientes da dialética de pensamento
da “arte da guerra” se aplicam aos mais diversos ambientes agónicos
onde se confrontam diferentes vontades. E assim é porque, por via de
regra, este tipo de ambientes são de grande turbulência em que nada é
tido como certo pelo que o acaso espreita a qualquer momento. Para
caracterizar ambientes deste tipo, os militares americanos utilizam o
acrónimo VICA (na língua inglesa é VUCA) para os descreverem. O acrónimo
significa:
• Volatilidade;
• Incerteza;
• Complexidade;
• Ambiguidade.
A vermos bem, os treinadores são obrigados a trabalhar em ambientes:
• Voláteis porque mudam de forma, fácil e frequentemente;
• Incertos porque desencadeiam um estado de dúvida permanente;
• Complexos porque as variáveis em equação são de difícil apreensão;
• Ambíguos porque sugerem caminhos opostos para a resolução do mesmo problema.
Nestas
circunstâncias, dominar os fundamentos da estratégia é uma questão de
vida ou de morte para qualquer treinador na medida em que pode
estabelecer a diferença entre a vitória e a derrota da sua equipa.
Repare-se
que existem dezasseis, dezoito ou vinte equipas a disputarem as
primeiras ligas europeias, mas só uma pode ser campeã. Os interesses em
disputa são enormes, não sendo sequer possível, qualquer estratégia de
cooperação que vá muito para além do “fair play financeiro” que se tem
revelado pouco útil. Como tal, sem qualquer outro objetivo que não seja
ganhar, os clubes das mais diversas ligas lutam entre si a fim de
preservarem a própria existência:
• Em primeiro lugar, dentro dos recintos desportivos pelos resultados desportivos;
• Em segundo lugar, fora dos recintos desportivos pelos resultados financeiros.
Assim,
a competição assume um padrão de violência extremamente acentuado na
medida em que os clubes, ao contrário daquilo que acontecia ao tempo em
que os aspetos económicos e financeiros não dominavam os campeonatos, já
não competem entre si pelo prazer da prática desportiva mas pela
própria sobrevivência desportiva e económica.
Em conformidade,
em muitas circunstâncias, a violência competitiva disparou para níveis
inaceitáveis na medida em que põe em causa a própria existência do jogo e
do campeonato. Em consequência o futebol vive na necessidade de gerir
um paradoxo de extraordinária complexidade: por um lado, a violência que
anima o jogo não pode disparar para níveis incontroláveis sob pena do
futebol deixar de ser uma atividade educativa, económica, política e
social, por outro lado, qualquer tentativa de erradicar a violência
subjacente ao jogo de futebol acabará por o desligar do poder profundo
que sustenta o interesse dos adeptos.
Por isso, do ponto de vista do pensamento estratégico dos treinadores, o futebol moderno:
• Obriga a uma adaptação acelerada às mudanças que ocorrem num ambiente agónico em transformação constante;
•
Exige um conhecimento novo que já não é só oriundo da experiência
prática mas dos dados mais recentes da investigação histórica, social e
científica;
• Requer uma capacidade quase sobre-humana para manter o
equilíbrio emocional no confronto de vontades que, semana após semana,
acontece ao longo de uma época;
• Mobiliza a comunicação social que quanto mais o ambiente arde mais ela lhe atira com gasolina;
•
Desafia a racionalidade quando se projeta na sociedade ao mobilizar
centenas de milhares de apaniguados, tal horda incontrolável que, de um
momento para o outro, crucifica o treinador.
Como referiu
Friedrich Nietzsche (1844-1900) “… é cómodo acreditar naquilo que nos
consola. Mais difícil é perseguir a verdade. Quanta verdade são capazes
de suportar?” Quanta verdade são os treinadores de futebol capazes de
suportar? (a continuar)
Professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana
IN "A BOLA"
12/03/15
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HOJE NO
"RECORD"
"RECORD"
Taça CERS:
Sporting na final-four
O
Sporting garantiu este sábado o apuramento para a final-four da Taça
CERS, ao vencer no reduto da Oliveirense por 4-1, depois do desaire
caseiro por 3-2.
A formação da casa entrou em
vantagem na segunda mão dos quartos de final, mas o Sporting acabou por
ser mais forte, dando a volta à eliminatória com golos de Ricardo
Figueira, que bisou na primeira parte, Poka e Tiago Losna.
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Os
leões impuseram o seu ritmo desde o primeiro minuto, conseguindo anular
por completo as investidas da equipa da casa, que não conseguiu
arranjar argumentos para contrariar a tendência que o jogo estava a
seguir..
Com apenas dois minutos, João Pinto deixou um aviso, com um remate forte ao poste da baliza defendida por Xebi Puigbi.
O
golo acabou por acontecer ao quarto de hora, por intermédio de Ricardo
Figueira, que, à meia volta dentro da área, atirou forte para dentro da
baliza.
Com a eliminatória empatada, o
Sporting intensificou o ataque e, dois minutos depois, essa atitude deu
resultado, quando Ricardo Figueira transformou uma grande penalidade.
Para
o segundo tempo, a equipa de Oliveira de Azeméis reorganizou o setor
defensivo, complicando a vida ao motivado conjunto sportinguista.
E,
com mais coesão na defesa, a Oliveirense assumiu uma nova postura em
rinque, conseguindo subir no terreno, perante um Sporting mais recolhido
e menos atacante.
Aos cinco minutos do segundo tempo, Gonçalo Alves marcou para os da casa, empatando novamente a eliminatória.
Mas, nos minutos decisivos, o Sporting acabou por ser a equipa mais eficaz, aproveitando da melhor forma os contra-ataques.
Poka e Tiago Losna marcaram e selaram o apuramento dos leões para a final-four da Taça CERS, a 25 e 26 de abril.
Os leões não chegavam tão longe na Taça CERS desde 1984, ano em que venceram a competição.
* Oxalá vençam a competição.
* Oxalá vençam a competição.
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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
"CORREIO DA MANHÃ"
Gelo no Ártico atinge mínimos
Manto gelado ‘encolheu’
1,1 milhões de quilómetros quadrados.
Nunca a superfície gelada no oceano Ártico foi tão pequena no inverno como no dia 25 de fevereiro. Segundo o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo, dos Estados Unidos da América, a área de gelo cifrou-se em 14,54 milhões de quilómetros quadrados, a máxima extensão verificada este ano, mas a menor registada no inverno em comparação com a média entre 1981 e 2010: menos 1,1 milhões de quilómetros quadrados.
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EM 2012 VEJA A PERDA DESDE A LINHA AMARELA |
Os cientistas acreditam que a redução da superfície gelada pode dever-se, entre outros motivos, ao facto de o mês de fevereiro ter sido inesperadamente quente em algumas zonas da Rússia e do Alasca. No entanto, "é possível que ocorra um aumento do crescimento da área gelada no fim da temporada", alertam os peritos do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo.
* Dizem que a terra vai ter menos 40% de água daqui a 20 anos, terrível.
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HOJE NO
"i"
"i"
Conselho de Ética
tem um novo presidente
O
neurocirurgião João Lobo Antunes é o novo presidente do Conselho
Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), de acordo com a
informação que consta no site deste organismo.
Até 2020, o CNECV será composto por André Dias Pereira, António Sousa
Pereira, Daniel Torres Gonçalves, Lucília Nunes, Luís Duarte Madeira e
José Tolentino de Mendonça, designados pela Assembleia da República.
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O PRESIDENTE CESSANTE |
Pelo Governo foram designados cinco elementos: Filipe Almeida, Pedro
Pita Barros, João Lobo Antunes, Rita Lobo Xavier e Maria Regina Tavares
da Silva.
Para este novo Conselho, foram ainda designadas mais nove entidades
“de reconhecido mérito que assegurem especial qualificação no domínio
das questões da bioética”.
Estas nove entidades são José Manuel Silva, da Ordem dos Médicos,
Sérgio Deodato Fernandes, da Ordem dos Enfermeiros, Francisca Avillez,
da Ordem dos Biólogos, Carlos Maurício Barbosa, da Ordem dos
Farmacêuticos, Sandra Horta e Silva, da Ordem dos Advogados, Ana Sofia
Carvalho, do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, José
Esperança Pina, da Academia das Ciências de Lisboa, Jorge Manuel Costa
Santos, do Instituto Nacional de Medicina Legal, e Jorge Soares, da
Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Uma nota de imprensa do CNECV refere que os membros do V Mandato do
Conselho tomaram posse quinta-feira, numa sessão pública e solene em que
participou a presidente da Assembleia da República.
Ainda quinta-feira realizou-se a 209ª reunião plenária do CNECV, a
primeira deste mandato, durante a qual João Lobo Antunes foi eleito
presidente.
João Lobo Antunes substitui na presidência do CNECV o médico Miguel Oliveira da Silva.
* O Conselho
Nacional de Ética para as Ciências da Vida de que se fala muito pouco, é uma reserva de idoneidade de que Portugal tanto precisa.
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HOJE NO
"A BOLA"
"A BOLA"
Lufinha ainda está de pé
Francisco Lufinha continua a realizar o treino, onde
irá ficar durante 36 horas de pé com o objetivo de preparar a sua viagem
entre Lisboa e a Madeira em Kitesurf.
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O treino de Lufinha, recordista mundial da maior viagem em Kitesurf sem paragens, está a decorrer na piscina oceânica de Oeiras.
A ligação entre Lisboa e a Madeira implica entre 36 a 43 horas para cumprir os cerca de 1000 quilómetros necessários.
A ligação entre Lisboa e a Madeira implica entre 36 a 43 horas para cumprir os cerca de 1000 quilómetros necessários.
* E funciona bem da moleirinha!!!
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Texto: Miguel Santos
Arte: Milton Cappelletti
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
As 10 apps que não esperava encontrar nos smartphones dos nossos políticos
O Observador espreitou os smartphones dos deputados e descobriu apps surpreendentes que metem insónias, choro de bebés, música do Hawai e Homer Simpson.
Os corredores da Assembleia da República encheram-se de smartphones e tablets,
ferramentas de trabalho indispensáveis para a maioria dos deputados.
Mas alguns destes dispositivos escondem segredos curiosos. O Observador
espreitou os smartphones e descobriu que há deputados que têm
aplicações para cuidar da linha, outros que usam os telemóveis para
perceberem por que razão choram os bebés e, ainda, quem precise de uma
ajuda seja para dormir, tocar ukulele ou cozinhar no final de mais um
dia em São Bento.
O melhor, mesmo, é ver a lista das dez (e mais algumas) aplicações invulgares dos deputados.
O Dots and Boxes é um jogo aparentemente simples:
contra um adversário real ou contra o “computador”, o objetivo é juntar
pontos até fazer caixas. Quem conseguir desenhar a última linha de uma
caixa, ganha-a e quem fizer mais caixas, ganha o jogo. Simples, não é?
Pois bem, é a melhor solução para as insónias de uma das mais ocupadas
deputadas do Parlamento. Quem? Nem mais, nem menos do que a bloquista
Mariana Mortágua.
Os trabalhos parlamentares podem ser um desafio
hercúleo e Mariana Mortágua, que, entre as habituais comissões e
plenários, ainda tem de gerir o gigantesco “dossier BES”, já admitiu,
noutra ocasião, que o ritmo era “muito, muito, duro”, só possível de
acompanhar “à custa de horas de sono” perdidas. Ao Observador, confessou
que, para além de noites de trabalho, tem também algumas noites de
insónia, e o segredo para combater as horas em branco chama-se
Dots and Boxes. “Não há nada melhor”, conta, com um sorriso.
Reconstruir
os passos da crise que levou à resolução do Banco Espírito Santo pode
ser difícil, mas, no plano virtual, limpar a confusão deixada por Homer
Simpson pode revelar-se igualmente desafiante no jogo The Simpsons™: Tapped Out,
cujo objetivo “consiste em reconstruir a cidade de Springfield, depois
de Homer ter feito explodir a central nuclear em que trabalha”. Pelo
menos, para o deputado Michael Seufert: o centrista confessou-se
“ligeiramente viciado” no jogo e não resiste em reorganizar
“diariamente” a cidade louca de Springfield. “Excellent”, diriam os
criadores da aplicação, ao verdadeiro jeito do maléfico Mr. Burns.
Os criadores de FatSecret descrevem-na como a
aplicação “mais intuitiva para manter o controlo da alimentação, do
exercício e do peso, com acesso ao maior banco de dados do mundo sobre
alimentos de qualidade e nutrição”. No Parlamento, o FatSecret tem pelo
menos um fã: o deputado Sérgio Azevedo. O social-democrata explicou que,
como tem “de fazer dieta”, não há nada melhor que um amigo virtual que
lhe diga “olha que já comeste demais”. Como nestas coisas a distração
não pode entrar no menu, a aplicação é consultada diariamente, garantiu o deputado.
Mas ter atenção às calorias não chega – é preciso pôr o corpo a mexer. Para ajudar na dieta, há o Tabata Timer: ao som do apito do personal trainer
digital, o antigo vice-presidente da JSD vai alternando entre séries de
flexões, abdominais e dorsais. Um verdadeiro ginásio no bolso,
portanto.
O choro interminável de um bebé pode levar à exaustão até o mais
resistente e dedicado dos pais. No entanto, será possível que o sonho da
maioria se encontre numa única (e aparentemente simples) aplicação? O Cry Translator
garante que sim, que em dez segundos é possível decifrar por que razão
choram os bebés. Seja fome, sono, irritação, stress ou simplesmente
tédio, o Cry Translator decifra o motivo do choro do recém-nascido,
bastando para isso que o telemóvel capte o som sem interferências. E,
nesta matéria, há quem não resista a pedir a ajuda extra da tecnologia: é
o caso do deputado João Gonçalves Pereira, pai de uma criança com dois
anos e outra de cinco meses. O centrista garante que a aplicação resulta
na “grande maioria das vezes” e os críticos parecem concordar: o Cry
Translator já foi distinguido com vários prémios, inclusive a medalha de
ouro no Salão de Invenções de Genebra, em 2010.
Ainda assim, nem o
(aparentemente milagroso) Cry Translator encontra respostas para todas
as angústias dos pais deputados: é preciso entreter os miúdos e nada
melhor do que jogos para os distrair – até porque, na maioria das vezes,
o telemóvel é, ou melhor, tem de ser partilhado com a pequenada. Há de
tudo: desde os já clássicos Fruit Ninja e FarmVille, ao Animais da Quinta,
usado pelo deputado socialista Marcos Perestrello para ensinar à filha
de dois anos os sons que fazem os animais que não se veem na cidade.
Mas há mais, muito mais. Por exemplo, o Crossyroad,
“uma espécie de reedição do jogo Frogger, mas com uma galinha como
protagonista”, como explicou o deputado do PSD, Nuno Encarnação, pai de
duas crianças com dez e sete anos, respetivamente.
O
social-democrata é, de resto, uma das “vítimas colaterais” de uma febre
que atingiu milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo: a
telenovela musical Violleta. Na trama, a protagonista é fã do jogo Tsum Tsum,
criado (surpresa) também pela Disney. O jogo consiste em encontrar e
fazer linhas com as personagens mais conhecidas do universo de Mickey e
companhia – uma espécie de adaptação do velhinho Puzzle Bubble. Claro
que, do lado de cá do ecrã, os super-fãs de Violleta seguem-lhe todas as
pisadas, que o diga o paciente Nuno Encarnação.
O Night Sky promete levar a experiência de observar as
estrelas a um outro nível e mudar a forma como os utilizadores olham o
céu. Na vida e na política houve sempre quem procurasse ler a sorte e
prever o futuro nos astros. Não será, no entanto, o caso do deputado do
Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares. Apesar de se dizer um grande fã
da aplicação, garante que não é nas estrelas que um dos mais jovens
deputados do Parlamento procura respostas para os desafios da vida
política.
Existe, no entanto, quem prefira os sons do Hawai aos céus de Lisboa e
se arrisque a aprender a tocar Ukulele (ou Ukelele), através da
aplicação UkuleleTabs que, segundo a Vmlweb LTD, reúne a
maior coleção de tablaturas de música adaptadas para serem tocadas com o
primo afastado do cavaquinho português. Quem o revelou foi Michael
Seufert: o deputado do CDS diz estar a tentar “aprender” algumas
músicas, mas o tempo, esse, é que “infelizmente” não é muito, lamentou.
Já
no Bloco de Esquerda, o ritmo é diferente: Pedro Filipe Soares prefere
dedicar-se à guitarra, a “única forma de descontrair” depois de um dia a
travar batalhas no Parlamento. E como não há bons músicos sem
instrumentos à altura, aplicações como o Epic Chromatic Tuner e o Metronome ajudam-no a afinar a guitarra e a encontrar o ritmo certo.
Praia, sol, mar e surf podem não combinar com a imagem que temos da maioria dos deputados, mas há quem não dispense a Beach Cam Live: uma
aplicação que permite consultar as principais notícias do mundo do
surf, o estado do mar e espreitar as principais praias onde se pratica a
modalidade. O deputado do CDS, João Gonçalves Pereira é um dos que
gosta de consultar as marés – não as políticas, porque, essas, são mais
difíceis de prever.
Existe, no entanto, quem prefira terra bem
firme à incerteza da ondulação e opte antes por uma, ainda assim não
menos exigente, corrida ao ar livre. A aplicação Nike+ Running,
criada por uma das marcas desportivas mais prestigiadas do mundo,
monitoriza as corridas, ajuda a definir metas e, para os mais
competitivos, permite partilhar resultados e desafiar os amigos a
fazerem melhor. A deputada Francisca Almeida do PSD, por exemplo, já não
dispensa a aplicação.
Terroir? Tanino? Monocasta? Distinguir um bom vinho de um que apenas
serve para temperar comida pode ser um desafio para a maioria das
pessoas, principalmente se o objetivo for fazer boa figura perante os
amigos ou uma companhia especial. Mas, agora, existe uma aplicação que
promete facilitar a vida dos especialistas de trazer por casa: o Vivino
ajuda a escolher os melhores vinhos, a descobrir e a comparar preços e a
decidir que vinho casa melhor com determinado prato. O processo é
simples: basta tirar uma fotografia ao rótulo da garrafa e saber o que
dizem os (verdadeiros) especialistas. António Rodrigues e Nuno
Encarnação, ambos deputados do PSD, já não dispensam a ajuda
do Vivino e também aproveitam a aplicação para partilharem com os amigos
os seus vinhos preferidos.
Mas se há conselho que merece ser
seguido com atenção é que não dá bom resultado beber álcool de barriga
vazia. Há os que gostam de seguir as receitas dos melhores chefes ou,
então, os que criam e partilham as próprias receitas através de uma
única aplicação: a Evernote Food. O
deputado do CDS, Michael Seufert, um confesso “aprendiz de cozinheiro”,
garantiu ao Observador que a app “funciona lindamente”.
A AppGree pode vir a tornar-se uma das principais
ferramentas digitais dos novos movimentos e partidos políticos que fazem
da aproximação entre eleitores e elegíveis as suas grandes bandeiras. A
aplicação, que pode funcionar, por exemplo, como um gigantesco
referendo online, foi, de resto, adotada pelo espanhóis do
Podemos e tem feito muito sucesso entre os simpatizantes do partido. Em
São Bento, há quem use a aplicação para espreitar o que vai sendo feito
em Madrid, como contou Pedro Filipe Soares ao Observador. Será que o
Bloco de Esquerda vai ser o próximo a adotar a aplicação?
O Forza Football é uma das
muitas aplicações disponíveis no mercado que permitem ao utilizador
consultar resultados de jogos de futebol em tempo real e ser notificado
quando determinada equipa marca um golo. No Parlamento, não faltam
apaixonados pelo desporto-rei e os smartphones espelham isso
mesmo. Nuno Encarnação, por exemplo. O deputado “laranja” confessa-se
“adepto do Futebol Clube do Porto e da Académica”, paixões que, diz, “ao
contrário do que muita gente pensa, não são irreconciliáveis”. Por
isso, a aplicação é a melhor forma de seguir os resultados dos dois
clubes quando os trabalhos parlamentares ou outros compromissos se
intrometem no caminho.
Prova de que “colegas, colegas, cores
clubísticas à parte” é uma verdade mesmo entre parceiros de coligação,
está no facto de João Gonçalves Pereira não abdicar nem por um segundo
da aplicação oficial do Sporting – o deputado do CDS é, inclusive, membro do Conselho Leonino dos verdes. O que talvez ajude a explicar a devoção ao clube.
Ao contrário da maioria das aplicações que permitem gravar áudio, o Voice Record
oferece a possibilidade de partilhar o ficheiro de som através
de várias plataformas e até diretamente nas redes sociais. O socialista
José Magalhães, descrito pelos colegas do partido como um “verdadeiro geek” dos smartphones,
é um adepto da aplicação e contou ao Observador que na última vez que
usou o Voice Record para gravar a intervenção de Inês Medeiros na
apresentação do livro do deputado, houve quem lhe perguntasse do outro
lado do Atlântico se Inês Medeiros era sua namorada.
“Claro que há
pessoas que me perguntam: ‘Mas quem é que ouve isso?’ Mas depois
acontece também como aconteceu com os meus amigos brasileiros que me
vieram logo perguntar: ‘Pôxa, quem é essa menina tão interessante? Sua
namorada?'”, relatou, com direito a sotaque brasileiro e tudo. “Já uma
pessoa não pode participar em sessões literárias sem ser por uma questão
de afeto”, lamentou.
Mas o smartphone de José Magalhães
esconde uma verdadeira coleção de aplicações, a maioria relacionada com
comunicação e trabalho – jogos não, revelou, porque “qualquer jogo, como
por exemplo o World of Warcraft, seria um buraco negro de distração”.
Há o inevitável Viber, o PearlTrees, que permite organizar e partilhar tudo que esteja relacionado com os principais interesses dos utilizadores, e, ainda, a OneDrive, a aplicação que lhe permitiu guardar numa única pasta online
os documentos relativos à comissão de inquérito ao caso dos submarinos
“com um nome idiota” para fugir ao radar de alguém, eventualmente, mais
curioso.
Por falar em submarinos, José Magalhães contou, por fim, que uma das aplicações que mais usa é o Facetime,
que lhe permite comunicar em qualquer lugar com “a sua musa
inspiradora” e “mosca que anda de patas no ar,” a eurodeputada Ana
Gomes, numa referência clara às palavras de Paulo Portas, quando foi
ouvido na comissão de inquérito ao “caso BES”.
Arte: Milton Cappelletti
* Venialmente parlamentar.
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