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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Grécia já começou a negociar
troca de dívida com o FMI
Atenas já começou a negociar troca de dívida por
obrigações indexadas ao crescimento com o FMI. Yanis Varoufakis
reuniu-se com Mario Draghi e revelou que o encontro foi "construtivo". O
ministro disse não ter "dúvidas" que as negociações com os parceiros
europeus e os credores serão concluídas num "muito curto espaço de
tempo".
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A Grécia começou a negociar com o Fundo
Monetário Internacional (FMI). Atenas pretende trocar a sua dívida
actual por obrigações com juros indexados ao crescimento da economia
grega. O tiro de partida nas negociações foi avançado esta quarta-feira,
4 de Fevereiro, numa entrevista de Yanis Varoufakis ao jornal italiano
La Reppublica.
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E aparentemente, a julgar pelas palavras do ministro das Finanças, a
Grécia entrou com o pé direito nas negociações: é que Atenas garante que
pretende pagar a sua dívida "por inteiro e a tempo".
Varoufakis explicou a proposta que apresentou à instituição liderada
por Christine Lagarde. "Estamos a propor substituir as outras tranches,
ao FMI e a outros países, com novas obrigações aos juros actuais do
mercado, que estão muito baixos neste momento: vamos começar a pagar por
inteiro assim que a Grécia voltar a ter um crescimento sólido", disse
na entrevista.
O ministro prevê que as negociações com o FMI cheguem a bom porto.
"Eu não vejo porque é que eles não devem aceitar uma extensão como eles
sempre fazem nestas situações, pelo menos até ao final do ano".
No entanto, o FMI veio a público negar que já tenha tido início qualquer tipo de negociação com o Executivo helénico. "Existe
um quadro já acordado para negociar com a dívida do programa actual.
Não houve nenhuma discussão com as autoridades para uma mudança deste
quadro", disse uma porta-voz do Fundo, citada pela Reuters.
Actualmente, a Grécia deve um total de 315 mil milhões de euros aos seus credores.
Nos seus cofres, o Fundo tem guardados 25 mil milhões de euros de
dívida grega, cerca de 8% do total do país. Até 2019, a Grécia tem que
reembolsar o FMI em 19,4 mil milhões de euros.
A maior fatia da dívida - 141,8 mil milhões de euros - é detida pelos
fundos de resgate do euro: o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e
do seu antecessor, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
Tradicionalmente, as obrigações de dívida pública pagam uma taxa de
juro fixa anual, o cupão. E o que o Governo de Tsipras pretende agora é
trocar estes títulos por outros com uma taxa variável. Isto é, vão ficar
com uma taxa indexada ao crescimento nominal do PIB, sem estar ajustado
à inflação. Ou seja, se a economia grega não crescer, Atenas não paga
os juros aos seus credores.
Varoufakis espera concluir rapidamente negociações com credores
Depois de ter visitado Paris e Roma, o ministro das Finanças grego
voou esta quarta-feira para Frankfurt. Na sua agenda, está uma reunião
com Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE). Após o
encontro, em declarações aos jornalistas, Varoufakis limitou-se a dizer
que o encontro foi "construtivo".
O ministro revelou estar confiante que as negociações com os credores
sejam rapidamente concluídas. "Não tenho dúvidas de que podemos
concluir as nossas discussões com os nossos parceiros europeus - assim
como com o FMI e o BCE - num muito curto espaço de tempo para podermos
dar um impulso à economia grega".
Durante o encontro, terá sido abordada a intenção grega de ir aos
mercados financiar-se em dívida de curto prazo para Atenas ter dinheiro
suficiente para os próximos meses, enquanto negoceia com os parceiros
europeus. Mas, conforme avançou o Financial Times na terça-feira, o BCE não vê com bons olhos a intenção grega.
Saiu da reunião com Draghi com a garantia que o banco central vai dar
o apoio necessário à Grécia e aos seus bancos. "O BCE é o banco central
da Grécia. O BCE vai fazer o que for preciso para apoiar os estados
membros da Zona Euro", disse, citado pela Reuters.
Por seu turno, o BCE anunciou que não se vai pronunciar sobre o encontro.
Já sobre o encontro de amanhã com Wolfgang Schäuble em Berlim, Yannis
Varoufakis limitou-se a dizer que está "ansioso" por se reunir com
o ministro das Finanças de Angela Merkel.
* Desejamos que a nova atitude grega seja uma lição para os restantes países da periferia europeia.
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