A Educação Física
promove a funcionalidade?
A crescente inatividade das crianças reflete-se num
aumento da obesidade entre os 6 e os 11 anos de idade, para cerca do
dobro nos últimos 20 anos. A estes números não são certamente alheios os
avanços que a tecnologia tem conhecido, que levam a uma cada vez menor
necessidade de esforço físico, para completar as diversas tarefas
diárias.
Assistimos a uma excessiva “desportivização” das aulas de EF, em que a programada intenção de educar o corpo parece apenas fazer sentido se acontecer no contexto de uma modalidade desportiva, como se tivéssemos esquecido a origem do movimento e a necessidade do ser humano controlar o seu corpo, estabilizando-o, ou seja, conseguindo que os músculos certos ativem a quantidade de força ajustada, no plano do movimento correto e no momento certo.
Pode-se especular que este seja, entre outros, um dos fatores responsáveis por uma população menos ativa e consequentemente menos funcional, que a torna gradualmente mais exposta a lesões, com maior prevalência de doenças crónicas associadas ao sedentarismo, com corpos mais frágeis e menos preparados para enfrentar os diferentes estímulos do dia a dia.
Para muitas crianças e jovens, o único contato com o exercício físico, são as aulas curriculares de Educação Física (EF). Por este motivo, estas são uma oportunidade fundamental para proporcionar a esta população a possibilidade de desenvolver as suas capacidades físicas, com vista a uma melhoria da aptidão física, mas também de as tornar mais funcionais, que é por assim dizer, capazes de desempenhar com mais qualidade os desafios motores que se lhes deparam diariamente (por ex., transporte ativo para a escola, jogos e brincadeiras no recreio, prática de uma modalidade desportiva, entre outras). Nesta lógica, construir situações de aprendizagem, que permitam aos alunos melhorar a sua capacidade do sistema neuromuscular para estabilizar o corpo, através de contrações dinâmicas e isométricas, em resposta a diferentes stressores, como são a gravidade ou as forças de reação do solo, passa a ser uma clara necessidade que a EF deve satisfazer.
Entende-se por treino funcional como sendo o conjunto de exercícios e respetivas estratégias de implementação, que devidamente planeados, visam através de uma abordagem focada no movimento humano, a melhoria das funções especificamente associadas às tarefas desempenhadas no dia-a-dia, na escola, no trabalho, ou no desporto. Hoje esta é uma abordagem do exercício cada vez mais frequente no contexto do exercício e saúde, particularmente nos programas oferecidos em ginásios e health clubs.
Neste sentido, as aulas de EF, deverão ser aproveitadas como uma clara oportunidade para construir tarefas que ensinem e desafiem os nossos alunos a manter uma boa postura bípede, a marchar, correr, realizar mudanças de direção, rodar, puxar, alcançar, empurrar, agachar, levantar, saltar… integrando estes padrões nas ações que diariamente realizam, desenvolvendo uma consciência corporal e um autocontrolo que lhes permita serem mais eficazes. Estas podem ser tarefas em que apenas se recorra à utilização da resistência do próprio peso do corpo, apesar de que atualmente têm vindo a ser desenvolvidos cada vez mais equipamentos de treino ditos “funcionais”, que podem com facilidade ser incluídos nas aulas de EF, pois são de elevada riqueza didática. São disto exemplos plataformas de estabilidade, bolas de estabilidade (bolas suíças), bolas medicinais, cordas para saltar, cordas de combate (battle ropes), escadas de agilidade, caixas de saltos, fitas para treino de suspensão, equipamentos com resistência elástica, sacos de areia e muitos outros equipamentos, que devidamente utilizados e integrados, podem ser poderosos instrumentos para potenciar a funcionalidade dos nossos alunos.
É por isto urgente, que se desenvolvam estratégias, para que o Treino Funcional seja uma constante nas nossas aulas de Educação Física. Os nossos alunos vão agradecer!
Professor Assistente da Universidade Europeia
IN "BOLA"
27/11/15
.
Assistimos a uma excessiva “desportivização” das aulas de EF, em que a programada intenção de educar o corpo parece apenas fazer sentido se acontecer no contexto de uma modalidade desportiva, como se tivéssemos esquecido a origem do movimento e a necessidade do ser humano controlar o seu corpo, estabilizando-o, ou seja, conseguindo que os músculos certos ativem a quantidade de força ajustada, no plano do movimento correto e no momento certo.
Pode-se especular que este seja, entre outros, um dos fatores responsáveis por uma população menos ativa e consequentemente menos funcional, que a torna gradualmente mais exposta a lesões, com maior prevalência de doenças crónicas associadas ao sedentarismo, com corpos mais frágeis e menos preparados para enfrentar os diferentes estímulos do dia a dia.
Para muitas crianças e jovens, o único contato com o exercício físico, são as aulas curriculares de Educação Física (EF). Por este motivo, estas são uma oportunidade fundamental para proporcionar a esta população a possibilidade de desenvolver as suas capacidades físicas, com vista a uma melhoria da aptidão física, mas também de as tornar mais funcionais, que é por assim dizer, capazes de desempenhar com mais qualidade os desafios motores que se lhes deparam diariamente (por ex., transporte ativo para a escola, jogos e brincadeiras no recreio, prática de uma modalidade desportiva, entre outras). Nesta lógica, construir situações de aprendizagem, que permitam aos alunos melhorar a sua capacidade do sistema neuromuscular para estabilizar o corpo, através de contrações dinâmicas e isométricas, em resposta a diferentes stressores, como são a gravidade ou as forças de reação do solo, passa a ser uma clara necessidade que a EF deve satisfazer.
Entende-se por treino funcional como sendo o conjunto de exercícios e respetivas estratégias de implementação, que devidamente planeados, visam através de uma abordagem focada no movimento humano, a melhoria das funções especificamente associadas às tarefas desempenhadas no dia-a-dia, na escola, no trabalho, ou no desporto. Hoje esta é uma abordagem do exercício cada vez mais frequente no contexto do exercício e saúde, particularmente nos programas oferecidos em ginásios e health clubs.
Neste sentido, as aulas de EF, deverão ser aproveitadas como uma clara oportunidade para construir tarefas que ensinem e desafiem os nossos alunos a manter uma boa postura bípede, a marchar, correr, realizar mudanças de direção, rodar, puxar, alcançar, empurrar, agachar, levantar, saltar… integrando estes padrões nas ações que diariamente realizam, desenvolvendo uma consciência corporal e um autocontrolo que lhes permita serem mais eficazes. Estas podem ser tarefas em que apenas se recorra à utilização da resistência do próprio peso do corpo, apesar de que atualmente têm vindo a ser desenvolvidos cada vez mais equipamentos de treino ditos “funcionais”, que podem com facilidade ser incluídos nas aulas de EF, pois são de elevada riqueza didática. São disto exemplos plataformas de estabilidade, bolas de estabilidade (bolas suíças), bolas medicinais, cordas para saltar, cordas de combate (battle ropes), escadas de agilidade, caixas de saltos, fitas para treino de suspensão, equipamentos com resistência elástica, sacos de areia e muitos outros equipamentos, que devidamente utilizados e integrados, podem ser poderosos instrumentos para potenciar a funcionalidade dos nossos alunos.
É por isto urgente, que se desenvolvam estratégias, para que o Treino Funcional seja uma constante nas nossas aulas de Educação Física. Os nossos alunos vão agradecer!
Professor Assistente da Universidade Europeia
IN "BOLA"
27/11/15
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