HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
PGR declara guerra à corrupção
O Ministério Público (MP) quer ter poderes e instrumentos para
monitorizar os processos de privatização, as Parcerias Público Privadas e
as tomadas de decisão e distribuição dos fundos comunitários,
actividades que considera de “maior risco de corrupção”.
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No Plano
de Acção de Combate à Corrupção, lançado ontem, a PGR definiu a luta
contra a criminalidade económica “um dos objectivos estratégicos” até
2018 e colocou a prevenção como um dos pilares fundamentais. Neste eixo,
os procuradores entendem que lhes devem ser dados instrumentos para
monitorizar negócios que envolvam grandes quantias ou o Estado.
Aberto
o período do Portugal 2020, com os fundos comunitários a começarem a
ser decididos, os procuradores querem actuar já para prevenir eventuais
actos criminosos.
Nos últimos anos, segundo dados da PGR, têm
subido em flecha as denúncias por suspeitas de corrupção: passaram de
378 em 2010 para 1.246 nos primeiros 11 meses de 2015. E cada vez são
menos os casos em que estas denúncias levam a arquivamentos.
Os
especialistas têm apontado a corrupção como uma das principais causas de
violação do Estado de Direito e da corrosão da economia. Desde há anos
que vários governos colocam como princípio nos seus programas o combate à
corrupção mas o MP avisa que continua a não existir uma “estratégia
global e integrada”. Mais do que a repressão, o MP quer agir na
prevenção e, por isso, pede uma maior articulação entre procuradores e
PJ e entre estes e a CMVM, Banco de Portugal ou Autoridade Tributária.
Há
anos que existem alguns conflitos entre MP, que lidera as
investigações, e a Polícia Judiciária, que anda no terreno, mas
sobretudo entre esta e outros órgãos de polícia criminal. Ontem, sem se
referir directamente a estas divergências, a ministra da Justiça deixou
claro que a Judiciária “tem vocação matricial” para investigar o crime
económico e que tem de fazer “um esforço” para maximizar resultados e
articular-se com inspecções administrativas e autoridades de supervisão
económica.
Francisca Van Dunem, que falava na cerimónia em que
se celebrava o Dia Nacional do Combate contra a Corrupção, disse esperar
que este órgão de polícia criminal “esteja à altura” do desafio. A
ministra assumiu que o combate à corrupção é “transversal” e tem de ter
resposta, também, de áreas como o ordenamento do território, ambiente,
saúde, segurança social , finanças e educação.
Por entender que
não existe uma estratégia global, a PGR decidiu avançar com um plano,
que assenta em quatro eixos: organização, repressão, prevenção e
formação. No que respeita à organização, a PGR quer o reforço das
equipas especializadas no Departamento Central de Investigação e Acção
Penal (DCIAP) - um trabalho já iniciado pelo actual director, Amadeu
Guerra -, a criação de um grupo permanente contra a corrupção e que se
caminhe no sentido de colocar um procurador dedicado apenas a uma
investigação, quando tal o justifique.
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O estreitamento das
relações entre DCIAP e os vários departamentos de investigação e acção
penal espalhados pelo país é outra das metas. A PGR quer que passem a
fazer reuniões de trabalho regularmente e que seja colocado em cada DIAP
um “ponto de contacto” com o DCIAP.
No prêambulo do plano de
acção, o Procurador-geral Distrital de Coimbra, Euclides Dâmaso, avisa
que o que existe em Portugal é um “insidioso ‘negocismo’ instalado, de
‘negócios mal explicados referentes a bens e serviços públicos que foram
adquiridos com os impostos pagos”. O Procurador faz até uma
comparação: “Valerá a pena proceder a um exercício de comparação entre o
‘rating’ atribuído aos Estados da zona euro pela agência Standard and
Poors e a posição que esses mesmos Estados ocupavam no índice 2014 de
percepção da corrupção da Transparência Internacional. Salta à vista que
os Estados de mais elevada classificação ocupavam também os melhores
lugares no índice e que os Estados com pior notação (entre os quais
Portugal) ocupavam lugares inferiores”.
* A sra. Procuradora Geral da República esteve sempre na linha da frente contra o crime e ao lado das vítimas, a nova ministra tem currículo invejável ao serviço da justiça. A PJ é uma grande polícia de investigação, dêem-lhe meios.
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