21/12/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Eleições deixam Espanha à deriva
 sem maioria para governar

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, tem hoje à sua frente a tarefa quase impossível de formar um executivo estável, depois dos resultados eleitorais de ontem não terem dado a maioria a nenhuma formação política.
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“Após uma legislatura muito difícil, é claro que o PP continua a ser a força política preferida dos espanhóis. Fomos o partido mais votado”, afirmou à imprensa o vice-secretário para a comunicação do PP, Pablo Casado.

Segundo as sondagens à boca das urnas disponíveis à hora de fecho desta edição, o Partido Popular (PP) de Rajoy foi o vencedor das eleições com 26,8% dos votos, um resultado muito inferior aos 44,6% que havia obtido nas eleições de 2011.

Mas os 36,5 milhões de eleitores espanhóis confirmaram as expectativas de que o bipartidarismo PP-PSOE já não domina o país, já que quatro partidos ficaram acima da fasquia dos 15%, a maior divisão desde a restauração da democracia espanhola, em 1978.

A irromper em força no parlamento encontra-se o partido de esquerda radical Podemos de Pablo Iglesias, que acabou por ficar em situação de empate técnico acima dos 20% com os socialistas do PSOE de Pedro Sánchez, os quais registaram o pior resultado de sempre. Já o partido centrista Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, acabou por não estar à altura das expectativas, tendo ficado em quarto lugar com 15,2%, quando as sondagens o colocavam sempre entre o segundo e terceiro lugares. A afluência às urnas atingiu os 72,4%, contra os 70% de 2011.

Este resultado significa não só que nenhum partido conseguiu uma maioria clara para governar, mas também que as combinações mais prováveis para governar, como o PP com o Ciudadanos ou o PSOE com o Podemos, também não conseguiram obter os 176 deputados necessários para obter uma maioria parlamentar.

Como líder do partido mais votado, Rajoy irá obter o mandato para formar governo, mas é pouco provável que consiga apoios junto das outras formações. O Ciudadanos já havia anunciado que só se coligaria com o PP se Rajoy deixasse a liderança do PP, por considerar que ele está demasiado comprometido com o escândalo de ‘contabilidade B’ que abalou esta formação, ao passo que a defesa intransigente da nação espanhola pelo PP face aos movimentos separatistas alienam todos os partidos nacionalistas, que poderão ter até 20 deputados no parlamento.

Neste cenário, que era esperado pelas sondagens, Rajoy havia dado a entender que não excluía a possibilidade de uma ‘Grande Coligação’ com os socialistas, à semelhança do que acontece na Alemanha entre os Conservadores e os Sociais-democratas, mas o PSOE disse várias vezes que esta solução não é aceitável.

“A questão é saber se Rajoy tem condições para voltar a ser presidente do governo, ou se a ascensão do Podemos abre a porta a um governo alternativo de Esquerda”, afirmou Antonio Barroso, analista político da Teneo Intelligence, citado pela Bloomberg. A Espanha pode assim estar a caminho de um cenário semelhante ao português, onde os partidos que não foram os mais votados podem acabar por formar governo. Esta solução poderá ocorrer se o executivo for formado entre o Podemos e o PSOE, com o apoio tácito do Ciudadanos e dos partidos nacionalistas catalães e bascos, que se convertem assim nas forças que decidem o poder em Espanha.

“Vai ser preciso que cheguemos a acordo em muitíssimas coisas, embora discordemos”, afirmou o líder do Ciudadanos, Albert Rivera, indicando que está disposto a trabalhar com qualquer um dos grandes partidos. Já os nacionalistas vêem com olhos favoráveis a formação de um governo de esquerda, uma vez que tanto o Podemos como o PSOE defendem reformas constitucionais para permitir mais expressão aos movimentos separatistas. O partido de Pablo Iglesias vai mesmo mais além e afirma que deve ser permitido aos catalães realizarem um referendo sobre a sua permanência na Espanha.

* Onde é que nós já vimos modelo semelhante?

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