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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Há um mês em Penela,
refugiados já falam em sonhos
As famílias sentem-se bem acolhidas em Penela
O
sudanês Belal já pensa em jogar futebol pelo Penelense, enquanto a
síria Tasneem, de 13 anos, espera vir a ser médica. Há um mês em Penela,
refugiados já falam em sonhos, numa vila feita de "pessoas simpáticas".
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"Um,
dois, três, quatro?", contava em português uma das crianças sírias na
sala de receção do Centro de Refugiados de Penela, que hoje pareceu
demasiado pequena para as quatro famílias de refugiados e jornalistas
que estavam presentes num encontro promovido pelo centro.
"É
fácil aprender português", conta Belal Ibrahim, de 22 anos. No Sudão,
perdeu o pai, militar que morreu durante a guerra. Com a avó e dois
irmãos gémeos foi para o Egipto, onde ficou oito anos.
Depois
da cidade de Cairo, com 7,7 milhões de habitantes, surge agora Penela,
vila de seis mil habitantes, que é para Belal sinónimo de conforto e
segurança. Nesta vila, o jovem sudanês, que tem como clube favorito o
Porto, já começou os treinos no clube de futebol Penalense e sonha poder
participar em jogos oficiais em janeiro.
Belal,
que só diz bem das pessoas de Penela, quer também continuar o curso de
Geografia, que começou na Universidade do Cairo, mas a necessidade de
trabalhar para sustentar a família - avó e dois irmãos gémeos de 13 anos
- pode impedir que tal aconteça, confessa.
"Encontrámos
famílias com alguma estabilidade emocional, agregados fortes e que se
protegem", sublinha o psicólogo do centro, Hugo Vaz, realçando que,
apesar da exposição dos refugiados "a cenários de guerra", estão
motivados para se integrarem "verdadeiramente no país".
"Estou
muito contente. Muito feliz", salienta Tasneem, de 13 anos, que
aproveitou a vinda dos jornalistas para ir registando tudo, tirando
fotografias e filmando para depois enviar para amigos e para a avó no
Egipto - "para mostrar o que estou a fazer em Portugal".
Neste
primeiro mês, Tasneem mostra-se entusiasmada com os primeiros passos na
aprendizagem do português e vê um futuro em Portugal, como "médica".
Depois
de três anos no Egipto, a liberdade de sair para rua para brincar é uma
coisa "que marca muito", refere Tasneem, que classifica o dia da
chegada a Penela, a 07 de novembro, como "um dia maravilhoso".
"Não
sentimos que estamos num país que não conhecemos. Não nos sentimos
estrangeiros. Pareceu que tínhamos chegado ao nosso país", disse
Tasneem.
"É começar de novo", resume o
pai de Tasneem, Fouad Nadeem, sírio de Alepo, que encontrou em Penela
"pessoas muito simpáticas, que estão sempre a dizer: 'bom dia, boa
tarde, boa noite'".
Há apenas um senão.
"Emprego". É esse o único receio de Fouad, que recorda que apenas nos
dez primeiros meses terão apoio direto do centro de refugiados.
Numa
vila pequena, poderá ser difícil encontrar emprego e pergunta-se a si
próprio como irá continuar terminando os dez meses de intervenção
direta. Os salários baixos não o preocupam: "não quero poupar. Quero
apenas viver, simplesmente, como qualquer outra pessoa".
Quanto
a um regresso à Síria, Fouad, com a voz embargada, abandona o seu
sorriso constante para dizer que "esse sonho não poderá ser realizado,
porque a Síria vai desaparecer do mapa do mundo. Temos que começar uma
vida de novo. Tenho filhos e não posso parar".
Em
Penela, os refugiados estão alojados em apartamentos de tipologia T3 e
T4, devidamente equipados, propriedade do Instituto da Habitação e
Reabilitação Urbana, mas atualmente geridos pela Câmara de Penela, num
complexo que já tem sete famílias portuguesas a viver.
Este
grupo de refugiados integra-se no Programa Nacional de Reinstalação, um
processo diferente daquele que a União Europeia lidera face à crise das
migrações em curso.
* Temos de fazer bem a todos os refugiados que nos procurarem.
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