09/12/2015

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Senso d'hoje
PEDRO MARTINS BARATA
ECONOMISTA E AMBIENTALISTA
SOBRE AMBIENTE E COP 21


O que torna a COP 21 diferente das outras?
Foi mais bem preparada pela presidência francesa. Aprendeu-se com os erros. Na COP1, em Berlim há 20 anos, a comunidade internacional decidiu que era preciso reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) e deu dois anos para se concluir um acordo. Este surgiu em 1997, com o Protocolo de Quioto, mas só entrou em vigor em 2005 e terminou em 2009. Copenhaga (COP 15) servia para lhe dar continuidade, mas foi um estrondoso fiasco. Em Cancún e em Doha prolongaram-se as metas de Quioto até 2020. Com os erros de Copenhaga, aprendeu-se a gerir expectativas. Os peritos já não têm a postura de "vamos solucionar o mundo". Sabemos que é preciso encontrar formas de ir ajustando metas de modo a que o regime nunca acabe e se possam fazer ajustes de acordo com a urgência do tema.

Estas cimeiras não são democráticas?
 De todo. Em Copenhaga, um conjunto de países sem qualquer legitimidade dada pela ONU reuniu-se sem que os outros fossem chamados. É certo que a negociação nunca se faz com armas iguais. Enquanto os países da UE têm uma centena de peritos a negociar, a República Centro Africana tem apenas dois. Em Copenhaga estas diferenças ainda foram mais graves. O processo negocial foi posto de lado e as próprias Nações Unidas foram mal tratadas. Como o acordo não teve legalidade junto da ONU, foi preciso resgatá-lo com muita diplomacia e recuperá-lo na COP seguinte.

O que pode travar o acordo?
A forma como cada país se quer ou não vincular legalmente. A UE tem uma tradição multilateralista e acredita em tratados internacionais que nos comprometem com metas e ações e nos sujeitam a sanções se não cumprirmos. Nos EUA, a cultura é a oposta. Vinculá-los a um tratado internacional obriga a uma maioria extraordinária no Congresso e Senado e não aceitam sanções internacionais. Resta saber se os outros países estão abertos a exceções. Provavelmente temos de encontrar um acordo que vincule todos sem impor sanções. Mas para isso é preciso confiança na forma como cada país reporta as suas emissões à ONU. A UE é exemplar nessa transparência, mas se a China tiver um erro de 3 ou 4% isso pesará enormemente no computo global.

* Excertos de entrevista ao semanário "EXPRESSO" em 05/12/15


** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro. 

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