19/11/2015

ISABEL CARDOSO

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Gente de palavra

Vivemos tempos de violência alimentada por preconceitos e sobretudo, por muitas mentiras (as tais que repetidas muitas vezes se tornam “verdade” como dizia o sinistro ministro da propaganda de Hitler). Nas televisões e jornais repete-se, à náusea e em delírio tresloucado, os clichés que, há décadas, se usam para denegrir aqueles que, contra os poderes instituídos, reclamam justiça e liberdade. A irracional onda anticomunista recuperou a sua força, mais ou menos adormecida, perante a possibilidade de se pôr fim a uma era de crescimento, sem precedentes, da pobreza à custa do enriquecimento, igualmente, sem precedentes, da riqueza nas mãos de uma elite que, por deter o poder, se dispensa da repartição fiscal criada pela Democracia.

O acordo parlamentar, nos termos da Constituição, estabelecido entre o PCP, o BE e o PS faz tremer os que há anos gozam de impunidade no saque ao nosso país. Aquelas poucas linhas de acordo causam-lhes pânico porque comprometem a muito bem sucedida política de espoliação do país, de compadrio e assalto a tudo o que dá lucro. Eles sabem que qualquer alívio, por menor que seja, da canga da inútil austeridade pode despertar a esperança nas vítimas das suas malfeitorias. Daí a campanha de terrorismo assente, sobretudo, na desinformação: “aqui d’el rei” vêm aí os comunistas “roubar” o povo! Mas o que é isto?! Quais comunistas?! Os mesmos que durante 48 anos de fascismo morreram em defesa da liberdade nas mãos dos algozes da ditadura?! Os mesmos que, já em Democracia, ergueram os pilares do trabalho com direitos, da saúde e educação para todos, da segurança social?! Quais comunistas?! Aqueles que sempre foram ao encontro das populações para saber dos seus problemas e nos lugares próprios lhes dão voz?! Aqueles que param na rua quando interpelados por gente em aflição?! Quais comunistas?! Aqueles que combatem a pobreza, a exclusão e defendem a dignidade com propostas bem concretas?! Mas afinal a quem metem medo estes comunistas?! O ódio que tem explodido por aí é muito perigoso e impõe a todos bom-senso, lucidez, discernimento e coragem. O compromisso dos comunistas portugueses é só uma: fazer tudo para que todas as pessoas vivam melhor, incluindo as de direita, com empenho e sem violência, nem mesmo a das palavras.

Nota: Aos que, sob a capa do anonimato, me insultam, volto a afirmar: eu dou a cara e assino cada palavra!)

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
17/11/15

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