25/10/2015

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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Marcelo, o anti-Cavaco, apresenta-se

Podia ser quase uma aula de Direito Constitucional, o que Marcelo levou à apresentação da sua candidatura na Voz do Operário, em Lisboa. O Professor deu uma lição sobre o que entende serem as funções presidenciais, sem poupar recados a Cavaco e apontando Jorge Sampaio como um exemplo.

Marcelo Rebelo de Sousa não escolheu por acaso aquele que é um dos lugares simbólicos da esquerda em  Lisboa.

"Os lugares simbólicos não são apenas de alguns. São de todos", afirmou logo no arranque de um discurso para uma sala não cheia, mas muito composta numa tarde de chuva.
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Sem notáveis de primeira linha na plateia, Rebelo de Sousa quis apresentar-se longe dos partidos. "Não é impunemente que se trata de uma candidatura verdadeiramente independente".

Com um papel à frente, mas a desenvoltura de comentador experimentado, Marcelo deu uma lição sobre os poderes presidenciais, cheia de farpas a Cavaco.

"No que depender de mim tudo farei para tentar não onerar o meu sucessor com problemas evitáveis", chegou a dizer, depois de sublinhar a importância de ter em Belém alguém capaz de fazer pontes, como o foi Sampaio, quando Marcelo era líder da oposição. E de recordar que Eanes, Soares e Sampaio recusaram soluções de governo maioritárias quando entenderam que não eram viáveis.
Sem nunca mencionar o actual Presidente, Rebelo de Sousa deixou claro que o que Portugal vive agora poderia ter sido evitado com alguém em Belém que tivesse iniciado uma magistratura de influência para as convergências muito antes das legislativas.

"Quanto maior, mais eficaz e mais duradouro o poder de influência do Presidente antes de eleições, mais eficaz é depois de eleições", apontou o Professor, que lembrou a importância de saber todos ouvir.

"Cabemos todos na democracia", frisou, realçando a importância de "não confundir adversários com inimigos".

Marcelo  usou até o mote do jovem recém-eleito primeiro-ministro do Canadá para defender que é preciso "ultrapassar o medo com a esperança", porque "o que nos une é muito mais importante do que o que nos separa".

Em Belém, Marcelo promete continuar igual a si próprio.
"Pela minha própria maneira de ser, que não enjeito, sou naturalmente próximo das pessoas. E não vou mudar um centímetro a minha maneira de ser. Próximo, direito, aberto, frontal, preocupado com problemas, mas não com problemas etéreos, com problemas concretos de pessoas de carne e osso", anunciou, arrancando um aplauso entusiasmado à sala.
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Marcelo diz que a forma como os poderes do Presidente serão exercidos não se anuncia, comentando indirectamente Sampaio da Nóvoa, que disse estar disponível para dar posse a um governo de esquerda. Mas reforçou sempre a importância de ter em conta o quadro parlamentar e alertou para os riscos de ter um governo de gestão durante meses, sem um Orçamento aprovado.

Marcelo Rebelo de Sousa acha que é preciso ter "humildade democrática" para "aceitar a riqueza da diversidade". E voltou a afirmar que "as presidenciais não são uma segunda volta das legislativas".
Para Cavaco, o Professor guardou ainda outras indirectas, ao defender a importância da moderação no uso das redes sociais. Não é, de resto, a primeira vez que o comentador critica o actual Presidente por fazer algumas intervenções fundamentais através do Facebook.

Mas mais importante foi o recado a Cavaco sobre a falta de oportunidade de uma revisão dos poderes presidenciais defendida recentemente pelo actual Presidente.

"Percebo que seja tentador", disse Marcelo entendendo o timing de final de mandato, mas frisando que "é uma decisão que compete ao Parlamento. Não compete ao Presidente".

Marcelo, que voltou a dar a entender estar disponível apenas para um mandato para não se deixar condicionar pela vontade de uma reeleição, quer recuperar a "frugalidade" na função presidencial. E até aí deixa o que pode ser lido como um recado a Cavaco, dando a entender que quem sai de Belém deve renunciar às benesses concedidas pelo estatuto de ex chefe de Estado.

* Se a demagogia pagasse imposto o prof. Sousa teria mais cuidado e menos folclore. Temos memória e lembra-nos deste tribuno na TSF a desancar em Guterres na oposição e elogiar o sr. Cavaco dando-lhe "notas" nunca inferiores a "14", numa altura em que o 1º ministro sr. Aníbal  atirava os portugueses para o consumismo, estendendo a passadeira a Champalimaud e Jardim Gonçalves, abrindo também os braços a Ricardo Salgado. Já eram pessoas da sua "entourage" Duarte Lima, Dias Loureiro, Oliveira Costa, Arlindo Carvalho entre outros.

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