13/09/2015

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Senso d'hoje
    ILÍDIO PINHO
GRANDE EMPRESÁRIO PORTUGUÊS
SOBRE SI


Cresci numa atmosfera de trabalho, de metalomecânica. A família da minha mãe estava na indústria dos laticínios - Vale de Cambra foi o berço desse setor em Portugal. O meu pai era ambicioso, trabalhador, e iniciou o seu caminho no apoio às fábricas, na conservação, manutenção e construção dos equipamentos. Daí passou para os vinhos, as margarinas, as metalomecânicas pesadas. Agora, a Arsopi - do nome do meu pai, Arsénio Soares de Pinho - até produz equipamentos nucleares. É a maior empresa portuguesa nessa área e é exportadora para todo o mundo de equipamento de grandes dimensões. 

Éramos estudantes e trabalhadores. A oficina era por baixo da nossa casa. Não existiam para nós sábados e domingos nem horários de trabalho. Vivíamos numa fase de guerra e estava em causa produzir e poupar. Endireitei milhares de pregos e escolhi montes de sucata à procura de algo que se pudesse aproveitar. Aprendi a ser torneiro, ferrador, malhador, carpinteiro, fresador e tudo o mais que uma empresa destas tem. Também trabalhei como desenhador, calculador, orçamentador, aprendi a relação com os clientes e fornecedores. Isso deu-me uma larga experiência da vida empresarial, que na altura não se chamava nada disso. Nem se sabia o que eram empresários nem se usava a palavra "industrial". O meu pai era um serralheiro. 

Quando perdi o meu filho, entendi que a minha ambição empresarial tinha chegado ao fim em termos de autoestima empresarial, em proveito do meu umbigo. Entendi que deveria criar condições para ser um empresário de utilidade pública. E tenho boas razões para não estar arrependido.

* Excertos de notável entrevista a ANA SOUSA DIAS para o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" 


** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro. 



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