07/09/2015

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HOJE NO
 "OBSERVADOR"

CRISE DOS REFUGIADOS

Governador do Banco da Finlândia doa 
um mês de salário para ajudar refugiados

O governador do Banco da Finlândia, Erkki Liikanen, anunciou que vai doar o seu salário de um mês (cerca de 10 mil euros) à Cruz Vermelha finlandesa para ajudar os refugiados que se dirigem para o país.
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“Sei que este dinheiro vai chegar a quem mais necessita. Cada um faz o que sente que deve fazer dentro das suas possibilidades”, escreveu Liikanen, na sua página do Facebook, citado pelos media locais.

Liikanen, que foi presidente da Cruz Vermelha finlandesa entre 2008 e 2014, afirmou que a crise no Médio Oriente provocou “um êxodo de refugiados sem precedentes” nas últimas décadas e considerou que as grandes potências, em particular, deveriam responder com soluções políticas.

“A tensão nas relações internacionais dificulta encontrar soluções, mas não devemos render-nos. Necessitamos da contribuição dos Estados Unidos, Rússia, dos países do Médio Oriente e da União Europeia”, sublinhou.
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SIPILA
Liikanen sugeriu que, enquanto se tentam encontrar soluções, os cidadãos também devem envolver-se da forma que considerarem possível para ajudar os refugiados que chegam à Finlândia em fuga das guerras e em busca de asilo, e apontou como exemplo o primeiro-ministro finlandês, Juha Sipila.

No sábado, Sipila anunciou que vai oferecer a sua própria casa a partir de janeiro para albergar refugiados que cheguem ao país nórdico para solicitar asilo, um gesto que suscitou em simultâneo elogios e críticas.

* Imaginemos o sr. Carlos Costa num acto tão sublime... 
** Foi Passos Coelho que deu a ideia a Sipila.

ONU pede aos milionários italianos 
para doarem 15 mil euros cada

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) pediu aos milionários italianos para doarem 15 mil euros cada um para ajudar os migrantes sírios na Jordânia, estimando que com essa ajuda 10 famílias poderiam viver com dignidade durante um ano.
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 Num anúncio publicado no principal jornal italiano e em mais dois especializados em economia, o ACNUR escreveu: “Na Itália, 219 mil pessoas têm rendimentos superiores a 1 milhão. Se você ler isto e fizer parte deste grupo, saiba que com 15 mil euros podemos fornecer a dez famílias de refugiados sírios na Jordânia os meios suficientes para viverem durante um ano sem resvalarem para a pobreza extrema e perder toda a esperança para o futuro dos seus filhos”.
O texto continua explicando que “se apenas 1% dos milionários italianos derem 15 mil euros, seria possível angariar dinheiro suficiente para ajudar cerca de 22 mil famílias sírias, reduzindo o risco de acabarem nas mãos dos traficantes”.
A publicação deste apelo surge na mesma altura em que foi noticiado que outra agência da ONU, o Programa Alimentar Mundial, suspendeu o programa de ajuda em Amã por falta de fundos, e no meio de uma onda internacional de generosidade impulsionada pela fotografia de uma criança síria morta nas águas da Turquia, na semana passada.

* Pode não ser utopia...

Proposta: 
Países podem pagar para receber
 menos refugiados

Os países que não queiram receber refugiados na proporção que lhes é atribuída pelos planos de quotas da Comissão Europeia, ou seja, que querem receber menos, poderão consegui-lo através de um pagamento para um fundo de ajuda aos refugiados. 
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Este é, pelo menos, um plano que está a ser discutido na Comissão Europeia e que pretende responder às posições intransigentes de alguns países, como a Hungria e a Polónia, que têm criticado as quotas obrigatórias.
Numa antecipação do que poderá ser o plano de Juncker para os refugiados, a apresentar quarta-feira, o Financial Times diz que este plano poderá ser parte da solução para criar um consenso na Europa sobre esta questão controversa. Países como a Hungria e a Polónia têm defendido que as quotas obrigatórias não fazem sentido e que os países devem definir quotas voluntárias, para assegurar que o processo é gerido de forma eficaz e que as pessoas que entram nos países podem ser acolhidas da melhor forma.
O plano em cima da mesa “cria uma oportunidade para a tomada de decisões de forma voluntária”, disse um responsável europeu, oriundo do leste europeu, ao Financial Times. “Se houver penalizações [para quem não cumprir] isso será uma má ideia, mas se houver um sistema em que se pode contribuir financeira, para ajudar de outra forma a resolver o problema, isso terá muito maior probabilidade de ser aceite”, conclui.
Terá, contudo, de haver “razões objetivas” para justificar a intenção de receber menos refugiados. Por exemplo, no caso da Polónia, o país poderá alegar que tem de ter planos de contingência para receber refugiados provenientes da Ucrânia caso a situação se agrave nesse país. Nesse cenário, seria injusto receber refugiados do Médio Oriente na mesma proporção dos outros países, defendem os polacos.
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A ser aceite, este plano poderá ser uma forma de acabar com a controvérsia criada nas últimas semanas. “Estamos prontos para partilhar o fardo e assumir as responsabilidades, mas apenas se mantivermos algum controlo sobre esta questão”, afirmou um membro do governo polaco, Rafal Trzaskowski, citado pelo Financial Times. O mesmo responsável garantiu que existe “solidariedade com a Europa, mas de forma responsável”.

* O dinheiro compra desumanidades


Refugiados na Hungria: 
De um lado a comida, do outro a
 liberdade de ir para onde se quer

Neste ponto da fronteira chegaram, na madrugada de domingo e até às 8 da manhã, mais de 890 refugiados. Um grupo sentou-se à porta do centro de registo e resiste a dar as impressões digitais. Serão duas dúzias e os polícias dizem-me que há ordens para não se falar com eles. Perto do novo campo vê-se muito lixo, papéis rasgados escritos em grego e, para meu espanto, um pedaço cortado à tesoura de um documento de identificação de Portugal. O nome do país é claro, mas trata-se de um cartão falso, bastante rústico, na cor, na imprecisão das letras. Atrás, pode ler-se parte da filiação do nosso cidadão: Santo Raoul VLEF… Que estará este pedaço de plástico a fazer aqui, no meio de uma crise de refugiados sem precedentes na União Europeia?
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O novo campo de registo de Roszke, na fronteira húngara com a Sérvia, tem arame farpado no topo da vedação (o anterior não tinha). A entrada é mais estreita e falta o grande pavilhão azul onde dormiam as crianças. Foi acabado à pressa esta noite, após um motim de refugiados que preferiram dormir ao relento e à chuva. As tendas militares do novo campo estão organizadas em filas ordeiras, mas o local parece mal terminado. Tem uma entrada estreita e foi construído para maximizar a segurança, com logística mais difícil. Um grupo de refugiados sentou-se à porta, os diferentes grupos nacionais já separados de forma espontânea; todos recusam dar a impressão digital e estão desconfiados dos polícias húngaros, que não falam inglês; um dos recém-chegados diz-me que este é o momento mais difícil da sua longa jornada.

Um dos jovens sírios com quem consegui falar disse chamar-se Ahmed Assaf. Era farmacêutico em Damasco, tem 23 anos e fala num inglês articulado. A conversa foi interrompida por uma simpática agente da autoridade, que consegui convencer, no meu húngaro infantil, da importância da entrevista. Ahmed disse ter partido há quatro semanas de um campo de refugiados na Turquia e contou que fez amizade com outros dois refugiados, que estão a seu lado, Abdullah e Noor, também de Damasco. Viajaram para a Grécia em barcos perigosos, enfrentaram as multidões compactas na Macedónia. Na Sérvia, preferiram não entrar em confortáveis autocarros controlados por homens armados e que lhes pediam 1500 euros por cabeça.
Muitos perigos, portanto, numa história semelhante à de outros refugiados, que se referem aos horrores da guerra e aos perigos da viagem. À porta do centro de registos, Ahmed e os seus amigos hesitam, mas o coração balança: lá dentro está a comida e o abrigo, mas com o risco de os fazer tomar um rumo inesperado. Foi pelo menos o que lhes disseram. O farmacêutico deseja ir para a Holanda, mas leu algures que se der a impressão digital aos polícias húngaros não poderá ir para onde quer, mas irá para a Alemanha. Estes rumores são espalhados pelos traficantes, que beneficiam da confusão, pois podem assim cobrar mais dinheiro. É caro salvar a vida nestes dias: 4 mil euros, para passar dos campos de refugiados na Turquia até à fronteira da UE. E se o barco afunda no mar Egeu, os traficantes já receberam e não se importam.
Um membro da protecção civil húngara, Karoly Simon, explica que, no centro de registos onde os refugiados ficam, procede-se apenas à identificação das pessoas, que recebem papéis de trânsito e uma pulseira que facilita o controlo policial. Em princípio, estes migrantes devem ser levados rapidamente para centros de refugiados na Hungria, mas a pressão dos números mudou a estratégia e os procedimentos vão ser acelerados. Uma coisa é certa: a partir de Roszke, não devia haver mais traficantes a explorar os refugiados, mas não é bem assim. Este tráfico humano é complexo e envolve muito dinheiro.

As tendas não vão servir para o inverno
Na sexta-feira, numa estrutura a duzentos metros do actual campo, agora uma ruína repleta de lixo e abandono, estava uma multidão. O proprietário do pavilhão foi ganancioso e as autoridades mudaram o campo para outro terreno, mas houve razões de segurança. Na sexta, assisti aqui a um momento de motim, que a polícia resolveu com dificuldade. Os refugiados estavam impacientes e queriam seguir caminho; alguns fizeram isso mesmo, invadindo a auto-estrada, ao mesmo tempo que em Budapeste, 160 quilómetros a norte, milhares de indocumentados criavam a maior confusão, perturbando fortemente os transportes ferroviários, as estradas e a fronteira com a Áustria.
A situação acalmou com a saída para a Alemanha de milhares de refugiados que deambulavam em Budapeste. Aqui, no sul da Hungria, ponto de entrada na fronteira de um espaço com livre circulação, é feita a identificação dos migrantes. A alternativa seria a imigração a salto, mas este novo centro tem os seus defeitos e será provisório: Simon não esconde a sua preocupação, pois as tendas não aguentam temperaturas abaixo dos dez graus, ou seja, durarão talvez duas ou três semanas.
O problema principal da crise, pelo menos do ponto de vista húngaro, está nos números: só este ano, entraram na Hungria 167 mil pessoas (dados oficiais de sábado). Muitos passaram sem controlo, antes de existir a controversa barreira definida como muro, mas que é na realidade uma vedação em arame farpado.
Nenhum refugiado está a ser rejeitado na fronteira; todos passam, mas esta é também a fronteira internacional de um espaço de livre circulação com 26 países, que tem as suas regras e onde se inclui Portugal. Os refugiados, que no fim-de-semana se puseram a caminho em Budapeste, foram entretanto colocados em autocarros e levados à fronteira austríaca, onde foram devidamente registados. Em coordenação com a Áustria e Alemanha, a Hungria tenta retirar a pressão da panela e as várias rebeliões estão a ser dominadas sem violência, como vi na estrada entre Roszke e Szeged, onde na sexta-feira a polícia apanhava pequenos grupos de viajantes, depois recolhidos por um autocarro.
A recente conclusão da vedação de arame farpado na fronteira com a Sérvia permite à polícia húngara controlar o fluxo de refugiados, uma torrente que engrossa, desaguando aqui através de vias mais fáceis de vigiar. Em Roszke, por exemplo, em vez de fazerem corta-mato por todo o lado, caminham por uma linha férrea onde na sexta-feira, em hora e meia, vi chegar mais de 100 pessoas. Ahmed e os dois amigos estavam então algures na Sérvia, um pouco atrás dos que vi nesse dia. Mas atrás destes todos vêm outras multidões. Não se sabe o seu número, ninguém imagina.

* Solidariedade conta????


Grupo de Visegrado rejeita 
quotas obrigatórias da UE 
República Checa, Eslováquia, Hungria e Polónia recusaram,  sexta-feira passada e por unanimidade, as quotas obrigatórias de divisão dos refugiados chegados à União Europeia (UE). Os países que integram o designado Grupo de Visegrado defenderam o “controlo efetivo” das fronteiras da UE, diz a Lusa.
 
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, o primeiro-ministro da República Checa, Bohuslav Sobotka, a primeiro-ministra da Polónia, Ewa Kopacz, e o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico
“Concordámos que as medidas solidárias sejam voluntárias”, resumiu, durante uma conferência de imprensa, o chefe do governo checo. Bohuslav Sobotka referia-se à proposta da Comissão Europeia, impulsionada pela França e pela Alemanha, de estabelecer quotas obrigatórias face ao número de refugiados com direito a asilo na UE.

* Sedimentos nazis

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