21/09/2015

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HOJE NO
 "DIÁRIO ECONÓMICO"


Volkswagen: 
"Das Problem" custa 13 mil milhões
 em bolsa 

Detecção da "batota" nos EUA levou a perda de 18,6% na bolsa. Um problema que acresce à suspensão de venda dos diesel nos EUA e Canadá, aos testes extra anunciados pelas autoridades alemãs e ao pedido de esclarecimentos da UE.

A queda da Volkswagen AG na bolsa de Frankfurt atingiu os 18,6% no final da sessão, a maior descida diária em sete anos, cortando 13,2 mil milhões de euros à capitalização bolsista do construtor (acima do valor da maior cotada do PSI 20, a EDP), para um mínimo de três anos.

A crise instalada na marca alemã desde sexta-feira, quando a autoridade ambiental norte-americana anunciou ter detectado irregularidades no ‘software' dos TDI de quatro cilindros, que levava os motores a ludibriar as acções de controlo de emissões, levou já o seu presidente executivo a emitir um comunicado em que "lamenta profundamente" o caso.
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Martin Winterkorn, que ganhou nos últimos meses uma força extra dentro do grupo, após vencer o braço de ferro com o histórico presidente Ferdinand Piëch, vê surgir este súbito escândalo a apenas uma semana da reunião em que, na próxima sexta-feira, se votará a renovação do seu contrato pelo Conselho de Supervisão. Este, noticia a Bloomberg, reunir-se-á ainda antes, na quarta-feira.

Arndt Ellinghorst, analista da londrina Evercore ISI, disse à Bloomberg que "esta última saga poderá ajudar a provocar mais alterações na gestão da VW".

As ondas de choque rapidamente ultrapassaram o Atlântico. No estado da Baixa Saxónia, detentor de 20% da VW, o primeiro-ministro, Stephan Weil, considerou as acusações nos EUA como "graves" e exigiu que sejam rapidamente clarificadas. "As possíveis consequências poderão ser decididas depois". Por outro lado, noticia o jornal Bild, as autoridades alemãs determinaram testes intensivos ao construtor.

Também a União Europeia já se pronunciou, indica a Bloomberg, estando em contacto com as autoridades americanas para saber mais detalhes.

A sessão de hoje foi a primeira desde que se soube da decisão da autoridade ambiental norte-americana (EPA) de emitir uma recomendação à Volkswagen para que recolha mais de 480 mil automóveis com motor TDI de quatro cilindros.

Foi igualmente o primeiro dia de negociação em bolsa desde que, neste domingo, o construtor alemão assumiu a deturpação do nível de poluentes aquando dos testes, através de um dispositivo electrónico que reduz a emissão aquando dos testes, e liberta valores entre 10 a 40% superiores numa utilização quotidiana. Se todas as unidades vendidas estiverem envolvidas nesta situação, os custos com a penalização das autoridades norte-americanas poderá ultrapassar 15 mil milhões de euros.

Cynthia Giles, responsável da EPA, explicou que os automóveis com a falha detectada "continham ‘software' que desliga os controlos de emissões quando em condução normal e liga-os quando o carro está a ser submetido a testes de emissões".

Num comunicado, Martin Winterkorn, presidente executivo da Volkswagen, começa por explicar que a EPA e a entidade ambiental do estado da Califórnia "detectaram manipulações que violam os ‘standards' ambientais americanos" aquando dos testes a automóvel com motor diesel.

Dizendo que "o Conselho de Administração da Volkswagen AG toma estas descobertas muito seriamente", Winterkorn explica que o construtor ordenou uma investigação externa ao caso.

"Pessoalmente, lamento profundamente que tenhamos quebrado a confiança dos nossos clientes e do público. Iremos cooperar inteiramente com as agências responsáveis, com transparência e urgência, para determinar, clara, aberta e completamente todos os factos deste caso", garante o presidente da Volkswagen, dizendo que "não toleramos e não iremos tolerar violações de qualquer espécie das nossas regras internas ou da lei".

Em reacção à descoberta das autoridades norte-americanas, a Volkswagen decidiu cancelar a venda de alguns dos seus modelos nos EUA. Ali ao lado, no Canadá, foi o Governo a decidir cancelar a venda dos diesel da marca.

Entre os analistas que consideram o caso grave para o construtor - como, numa primeira instância, revelaram os investidores na sessão de hoje da bolsa de Frankfurt, onde a VW negoceia -, a Bernstein indicou, numa nota, que "este não é o usual tema do ‘recall', um erro de calibragem ou até uma falha grave de segurança. Não há forma de colocar uma perspectiva optimista nisto - isto é realmente sério". Citada pela Bloomberg, a nota dos analistas indica que "a melhor das hipóteses para a VW é ainda uma multa de milhares de milhões de dólares, estatuto de pária com o Governo dos EUA, danos na sua posição nos diesel nos EUA e um percurso mais lento para a melhoria no seu ainda longe de perfeito negócio norte-americano".

Também à agência, "Sascha Gommel, analista do Commerzbank - instituição alemã que colocou o ‘rating' da VW sob revisão - afirmou que "se isto terminar como uma fraude estrutural, o topo da gestão em Wolfsburg poderá ter de suportar as consequências".

Ao jornal especializado Automotive News, Christopher Grundler, director do departamento de transporte da EPA, explicou que o Governo americano recusou ao construtor de Wolfsburgo um "certificado de conformidade" para vender modelos diesel com o motor 2.0 TDI.

Naquele país, fica proibida a comercialização das versões com aquele motor até que haja "respostas às questões sobre como estes veículos estão a ser operados. A Volkswagen não conseguiu explicar por que estamos a alcançar este excesso de emissões", disse Grundler ao Autonews.

Acerca do propulsor 2.0 TDI de quatro cilindros envolvido na polémica, também vendido na Europa, a Volkswagen não respondeu, até ao momento, às perguntas do Económico sobre a existência, ou não, do mesmo dispositivo electrónico que, como descoberto nos EUA, permite passar nos testes ambientais com valores abaixo dos realmente verificados em estrada.

O criticismo que está a atingir a estrutura de Wolfsburgo levou já o construtor a retirar vídeos que tinha publicados no Youtube e redes sociais a promover a sua tecnologia diesel, revela o jornal especializado norte-americano Detroit News.

Esta promoção tem sido um dos pontos de apoio da Volkswagen para conquistar as mentes norte-americanas para o lado do diesel, num país onde o gasóleo é olhado como combustível de motores ruidosos, lentos e poluentes - tudo oposto aos atributos da tecnologia TDI que o grupo alemão promove nos EUA, onde também vende modelos Audi com o 2.0 de quatro cilindros. Neste caso agora desvendado, estão envolvidos o Audi A3 e os VW Jetta, Golf, Beetle e Passat.

De tal modo é a aposta do grupo alemão que entre um quinto e um quarto das vendas da VW e Audi são conseguidas precisamente pelos TDI, o que permite antever os danos económicos, que acrescem aos reputacionais.

Além de sofrer na própria pele os custos desta polémica, a Volkswagen fez com que também a Daimler (dona da Mercedes-Benz) e a BMW tenham registado quedas na bolsa de Frankfurt, as maiores de quase um mês, ainda que ambos os rivais alemães da Volkswagen e da sua Audi tenham garantido que não têm informação sobre investigações dos norte-americanos aos seus carros.

* Cada vez está mais difícil em ACREDITAR. "Vergonhosamente Volkswagen"

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