16/08/2015

FRANCISCO JOSÉ VIEGAS

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Sim, é uma equipa de primeira

Sem falhas de maior. É isso que se espera de Julen Lopetegui, Lopes para os amigos – sobretudo depois de terem comparecido no campo de treinos os nomes de Casillas, Maxi, André André, Sérgio Oliveira, Danilo Pereira, Imbula, Bueno, e Osvaldo, para não falar de Cissokho e Varela, que já conheciam os cantos e, mais ainda, os corredores da casa. É uma desvantagem à partida: trabalhar com uma ameaça dirigida ao banco, mas é para lá que estão apontadas as baterias – e é melhor que se diga isto desde o princípio, para não haver equívocos. 

Falei de baterias e não foi por acaso; é que para compor o resto da banda (guitarras, teclas e trompetes) ainda há Helton, o sacrificado, Alex Sandro, a precisar de incentivos, Indi, Marcano, Rúben Neves, Evandro, Herrera, Tello a três quartos, Brahimi, meio Aboubakar e uma parte de André Silva. Se com isto eu não componho duas equipas destinadas a compensar os falhanços da época passada, mais vale desistir e dar biqueiradas ao nível de Maicon, o que não é modo de vida. Não sei se há aqui material humano para substituir Danilo, Jackson e Óliver, e para que Varela (eu sou dos pró-Varela), à sua medida, sirva de desequilibrador, tanto como Quaresma ensinava trivelas aos adversários e os sentava no relvado, sobre o fio da navalha. 

Sem falhas de maior – mas também sem desconfianças. Começar de novo, Julen, começar de novo – e sorrir para os adeptos, que ganham metade do jogo se estiverem reunidos na bancada; quanto ao resto, e no essencial, é uma equipa de primeira, destinada a grandes voos, embora se saiba da sua preferência por jogo rasteirinho (que os médios façam o trabalho de casa e descubram a meia distância – Danilo e Evandro já treinaram o golpe). Reforços de 1ª, exatamente – e em quantidade para atacar três competições sem gemidos e pelo menos uma delas como um tufão. Se alguém puder, que se lhe diga que, com jogadores assim, o FC Porto não se pode assemelhar a uma Tuna académica sem primeiro nem segundo pandeireta.

 Quanto a mim, a equipa está feita (mesmo com os rumores de que vem outro nome). Daqui até maio, só espero grandes feitos. Eu sei que o ideal é ver os adversários estatelarem-se, a perderem por meio golo, ao minuto 91 – isso era a glória, mas eu sofro de hipertensão e já não tenho aquele gosto antigo por tragédias. É para isso que temos uma equipa de primeira. 

Escritor

IN "CORREIO DA MANHÃ"
08/08/15

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