18/07/2015

CRISTINA ESTEVES

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Ministério 
do impressionante

Umas míseras três horas após a demissão do egocêntrico ministro das finanças grego, a sua editora instou a imprensa (e seguidores) a escrever sobre o "ministro do impressionante": "Utilize ‘MinisterOfAwesome' para partilhar as suas fotos, citações, momentos, entrevistas favoritas de Yanis Varoufakis.
As nossas cinco favoritas irão ganhar..." imagine-se, o seu livro: "O Minotauro Global".

Este singelo episódio não foi o culminar de uma aparente estratégia pessoal em que os superiores interesses da Grécia andaram de mão dada com uma agenda própria, quando não sobrepostos por esta. Antes mais uma etapa misófoba de quem prescindiu das suas obrigações de deputado para se ausentar para a sua casa de praia na ilha de Aegina mas não se coibiu de "tuitar" sobre os trabalhos parlamentares e todo o processo negocial posterior do governo grego no Eurogrupo e Cimeira do Euro.

O objectivo do governo grego de coligação da esquerda e direita radicais foi, até à aparente ruptura entre o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e o então ministro das finanças Yanis Varoufakis, o mesmo de há quase seis meses quando da sua eleição, e a de sempre dos partidos que o compõem: o ‘Grexit'.

A saída ordeira da zona euro e o regresso a um novo dracma seria um objectivo que extrapolaria dos seus próprios imperativos ideológicos, salvo se lhes fosse concedido um perdão significativo da dívida, para permitir o perpetuar do incumprimento das regras a que se submeteram na adesão à moeda única e contribuir para o desmantelamento a prazo da arquitectura do euro.

Existiam dois pressupostos indispensáveis ao seu ‘Grexit': um de cariz político, no sentido que lhes era indispensável a percepção do grego médio que a saída do euro era antes imposta, forçada pelo Eurogrupo. O outro de índole económica, em que a saída era ordeira e económico- financeiramente assistida pelos demais co-cidadãos europeus.

Em suma, alegadamente seria empurrado para fora do euro mas com um cheque gordo nas mãos.

A assinatura em última instância por Tsipras do acordo de principio - sob ameaça de uma saída "temporária" de facto decapitada de qualquer soberania financeira ou a previsibilidade de uma saída caótica e desordenada por livre iniciativa - é o mal menor, imediato. Mas há que saber se o cumprirão.

O ‘OXI' no referendo grego ficará para a história da Grécia contemporânea como um acto em que a ficção mais uma vez tentou ultrapassar a realidade. O agora ‘NAI' contra-natura de Tsipras ao acordo de princípio é o preludio do ‘OXI' de Varoufakis entre assobios na votação parlamentar na madrugada de quarta para quinta-feira ou o momento quando a ficção encontra a realidade?

Aguardemos as cenas dos próximos episódios ou ainda nas palavras da editora do ‘MinisterOfAwesome': "Celebre o espírito do "OXI - 50% de desconto....".


IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
17/07/15

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