HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Sindicato do Ministério Público
acusa ministra de querer controlar
as investigações criminais
Os magistrados não se conformam com o adiamento da
aprovação dos estatutos e acusam a ministra de ter uma "agenda secreta"
que passaria por uma "governamentalização e controlo" do Ministério
Público.
O Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público (SMMP) acusou esta sexta-feira, 17 de Julho, a
ministra da Justiça de pretender "controlar politicamente" a actividade
do MP, designadamente através daquele que é o seu principal órgão de
investigação, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal
(DCIAP).
Numa conferência de imprensa convocada para comentar a proposta final
de estatutos tornada pública pelo Ministério da Justiça, os
representantes do sindicato consideraram que "este estatuto seria
catastrófico para a magistratura do MP, mas também para o país e para o
cidadão, porque sem autonomia do MP não temos justiça".
.
A revisão do estatuto dos magistrados do MP, tal como, aliás, a do
dos magistrados judiciais, já não se fará nesta legislatura porque já
não há tempo para o fazer com todas as formalidades que a lei exige.
Este adiamento não foi bem recebido pelos magistrados e acabou por ser a
gota de água que faltava para uma ruptura de relações com o ministério
liderado por Paula Teixeira da Cruz.
Tal como já tinha sido dito pelo Conselho Superior do Ministério
Público, também o SMMP considera que a proposta final de estatutos,
elaborada pela ministra, põe em causa a autonomia do MP.
Isto porque, explica António Ventinhas, que lidera o sindicato, há
normas que retiram competências agora atribuídas ao Conselho e que as
passam para o Governo. É o caso da elaboração do regulamento interno da
Procuradoria-geral da República, o da Inspecção do Ministério Público ou
os regulamentos dos departamentos de investigação criminal,
nomeadamente do DCIAP.
Estas alterações, no entender dos magistrados, consagram "soluções
inconstitucionais" e "atacam frontalmente a autonomia do MP", visando "o
controlo deste pelo poder político".
Nada disso estava previsto numa primeira versão da proposta,
elaborada por um grupo de trabalho em que estavam representados os
magistrados e o Governo. As mudanças, diz o sindicato, foram depois
introduzidas pelo Ministério, naquilo que considera ser uma "agenda
secreta" da ministra.
"Quem tem medo do MP?"
"Esta proposta de estatutos leva-nos a uma pergunta muito simples:
quem tem medo do MP?", disse Carlos Filipe Preces, secretário-geral do
sindicato.
"É demonstrativo de que quando os órgãos do poder judicial funcionam e
funcionam bem, o poder político não quer que assim seja", afirmou,
sublinhando que "trata-se aqui de impedir a normal actividade de
investigação do MP".
Estas alterações, conclui o magistrado, "têm um único objectivo:
controlar politicamente a actividade do MP. Não sei quem tem medo do MP,
mas sei que têm medo".
A ministra da Justiça afirmou, na sua última ida ao Parlamento, que a
proposta de alteração de estatutos tinha custos incomportáveis do ponto
de vista orçamental, já que consagrava vários aumentos para os
magistrados. Isso implicaria que tivesse um aval das Finanças que, disse
então a ministra, estaria a ser aguardado.
Para o SMMP, esta "foi a melhor das piores desculpas que a ministra
podia arranjar. Não conseguiu aprovar os estatutos e a questão
remuneratória foi o bode expiatório. Nós consideramos mesmo que essa
questão podia ser adiada para mais tarde, mas que se aprovasse agora os
estatutos".
Os magistrados consideram, que a não aprovação dos estatutos deixa
inacabada a reforma da organização judiciária e que lhes provoca
constrangimentos a nível da sua própria organização e estrutura interna.
Também os juízes entraram já em confronto com Paula Teixeira da Cruz
pela mesma razão, tendo mesmo cortado relações institucionais com a
ministra.
* A sra. ministra nem com "photoshop" lá vai, só a barraca abana.
.
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