04/07/2015

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HOJE NO
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Atropelamentos. 
Passadeiras são pontos críticos
  em Lisboa e Porto

Importância dada aos carros empurrou os peões para passeios “desconfortáveis e perigosos”.

Desde 2011 que o número de mortes entre peões tem vindo a diminuir, mas ainda há muito a fazer. Sobretudo nas cidades. A maioria dos acidentes acontece nas ruas e as principais vítimas são os idosos acima dos 75 anos, segundo os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
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As estatísticas mais recentes mostram que em 2013 foram atropelados 5499 peões e os casos verificados na capital concentraram mais de 12% do total nacional. Em Lisboa, as principais vítimas são as mulheres e os atropelamentos aconteceram entre as 16h e as 19h. Segundo o Plano de Acessibilidade Pedonal, quase um terço destes acidentes ocorreram nas freguesias de Alvalade, Avenidas Novas, Arroios e Benfica.

Boa parte da explicação para este fenómeno está nas “alterações do espaço público, que têm sido extremamente penalizadoras para os peões”, defende Mário Alves, da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados. Nas últimas décadas, as faixas de rodagem empurraram os peões para as margens da rua, “encostando- -os às fachadas dos edifícios em passeios estreitos, desconfortáveis e perigosos”, denuncia.

A maioria dos atropelamentos no Porto ocorreram nas passadeiras e, em Lisboa, os acidentes também aconteceram enquanto o sinal estava verde para os peões: “Os tempos dos semáforos foram calibrados de forma a favorecer o tráfego automóvel, muitas vezes não cumprindo os mínimos aceitáveis de verde para o atravessamento de peões”, acrescenta, deixando um alerta: “Há muito trabalho a fazer. É óbvio que Lisboa e Porto não estão a ser pensadas para os peões.”

A prioridade passa por verificar quais as condições objectivas nos locais mais perigosos, explica ao i o vereador João Afonso. E é esta a tarefa que a Câmara de Lisboa diz a estar a fazer em articulação com as juntas de freguesia e outras entidades, “se as passadeiras se mantêm e como estão os sinais”. Mas “os acidentes ocorrem nos locais de maior segurança. Logo, é preciso mais do que isto”. O plano passa por alterar as condições estruturais: “Não basta ter um sinal, são precisas medidas como estreitar as vias, medidas de acalmia de tráfego e de abrandamento de velocidade”, que podem passar pela utilização de lombas sonoras. 

Mentalidades 
O objectivo é facilitar a vida de quem anda a pé na cidade. “Não penso que haja nenhuma cidade contemporânea que esteja preparada para peões”, diz o vereador com o pelouro dos Direitos Sociais, acrescentando que “houve uma inversão no século XX em que a prioridade passou a ser os carros e não os peões, que somos todos nós.”

É então precisa uma mudança de mentalidade. “Quando reclamamos, a tendência é fazê-lo enquanto automobilistas”, enfatiza João Afonso. Tem de se começar por intervir “em pontos onde há mais pessoas a andar a pé e onde já se verificaram acidentes”.

Na cidade do Porto, as estatísticas da câmara mostram que, de Janeiro de 2011 a Maio de 2015, registou-se um total de 1302 atropelamentos dos quais resultaram 1325 vítimas. Os atropelamentos fora das passadeiras fizeram sete mortos. Existem mais vítimas de atropelamentos em passadeiras, mas o número de mortes é apenas uma. As ruas onde ocorreram mais acidentes foram a Estrada da Circunvalação (55) e a Avenida de Fernão de Magalhães (50).

Ponto crítico 
A vereadora da Mobilidade explica ao i que a Fernão de Magalhães “é uma avenida de saída da cidade e tem uma largura muito grande”. O atravessamento das passadeiras nesta rua “é feito com pouca segurança porque têm muita área de exposição”. Há duas passadeiras mais problemáticas e, apesar de a câmara ter colocado sinalização LED, “são consideradas um ponto negro no plano da sinistralidade”. Cristina Pimentel afirma que a actuação ainda é reactiva: “Procuramos intervir nos pontos críticos quer pela colocação de sinalização LED, quer pela introdução de medidas de acalmia de tráfego.”

Contudo, assume que é necessária uma transição para medidas pró-activas. A câmara está a preparar um Plano Municipal de Segurança Rodoviária que espera fechar até ao final do ano e que pressupõe medidas mais generalistas que acautelem os acidentes. “Temos de ser mais preventivos e menos reactivos. Essa tem de ser a batalha, o passo que temos de tomar a seguir”, remata.

* Um gajo/a com carta que atropele, por absoluto desrespeito, um peão numa passagem é levemente penalizado, um tipo/a apanhado a conduzir sem respectiva habilitação mas sem acidentes, é um criminoso.


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