09/06/2015

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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POLIGROTA
 
É verdade matemática que ninguém pódi negá, 
que essa história de gramática só serve pra atrapaiá. 
Inda vem língua estrangêra ajudá a compricá. 
Meió nóis cabá cum isso pra todos podê falá. 

Na Ingraterra ouví dizê que um pé de sapato é xu. 
Desde logo já se vê, dois pé deve sê xuxu. 
Xuxu pra nóis é um legume que cresce sorto no mato. 
Os ingrêis lá que se arrume, mas nóis num come sapato. 

Na Itália dizem até, eu não sei por que razão, 
que como mantêga é burro, se passa burro no pão. 
Desse jeito pra mim chega, sarve a vida no sertão, 
onde mantêga é mantêga, burro é burro e pão é pão. 

Na Argentina, veja ocêis, um saco é um paletó. 
Se o gringo toma chuva tem que pô o saco no sór. 
E se acaso o dito encóie, a muié diz o pió: 
''Teu saco ficô piqueno, vê se arranja ôtro maió'... 

Na América corpo é bódi. Veja que bódi vai dá. 
Conheci uma americana doida pro bódi emprestá. 
Fiquei meio atrapaiado e disse pra me escapá: 
Ói, moça, eu não sou cabra, chega seu bódi pra lá! 

Na Alemanha tudo é bundes. Bundesliga, bundesbão. 
Muita bundes só confunde, disnorteia o coração. 
Alemão qué inventá o que Deus criou primêro. 
É pecado espaiá o que tem lugar certêro. 

No Chile cueca é dança de balançá e rodá. 
Lá se dança e baila cueca inté a noite acabá. 
Mas se um dia um chileno vié pro Brasir dançá, 
que tente mostrá a cueca pra vê onde vai pará. 

Uma gravata isquisita um certo francês me deu. 
Perguntei, onde se bota? E o danado respondeu. 
Eu sou home confirmado, acho que num entendeu, 
Seu francês mar educado, bota a gravata no seu! 

Pra terminar eu confirmo, tem que se tê posição. 
Ô nóis fala a nossa língua, ô num fala nada não. 
O que num pode é um povo fazê papér de idiota, 
dizendo tudo que é novo só pra falá poligrota... 

                                      
(Autor desconhecido)


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