16/06/2015

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HOJE NO
 "OBSERVADOR"

O que faz o álcool ao cérebro dos jovens

Pode não passar de um mito que o álcool queima os neurónios, mas é certo que o consumo de álcool na adolescência afeta o desenvolvimento do cérebro. A partir de dia 1 só se bebe com mais de 18 anos.

O consumo de álcool pode provocar a diminuição da massa cinzenta de algumas partes do cérebro e travar o desenvolvimento da matéria branca. Esta é a conclusão de um estudo produzido pela Universidade de Califórnia. E os efeitos do consumo de bebidas alcoólicas parecem ser ainda mais preocupantes quando se tratam de jovens.

Os investigadores escolheram 134 estudantes, entre os 12 e os 14 anos, que nunca tinham consumido bebidas alcoólicas e seguiram-nos durante oito anos. O consumo de álcool pelos jovens foi avaliado por meio de um inquérito realizado a cada três meses. Mais de metade destes adolescentes (75) tornou-se heavy drinkers (consumidores frequentes ou de grandes quantidades) ao longo do período de estudo, enquanto os restantes 59 se mantiveram sem consumir álcool, de acordo com o artigo publicado na revista científica American Journal of Psychiatry.


O vídeo não é legendado, não perde eloquência

Através de exames médicos – duas a seis ressonâncias magnéticas, por adolescente, durante o período de estudo -, os cientistas mediram os volumes de várias partes do cérebro e verificaram que o córtex frontal e temporal minguaram nos jovens que começaram a beber. Também o crescimento da matéria branca começou a desacelerar a partir desse momento. De acordo com Susan Tapert, uma das investigadoras, isso deve-se ao facto de o cérebro estar ainda em maturação até pouco depois dos vinte anos. A boa notícia é que os investigadores esperam que a matéria branca possa recuperar o crescimento normal caso os adolescentes deixem de consumir álcool.

Esta não é a única investigação referente a este assunto. Um estudo preliminar publicado no International Journal of Neural Systems também refere que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas tem repercussões na configuração cerebral, mas reforça que acontece mesmo que os consumos sejam moderados e aconteçam apenas ocasionalmente.

Magnetoencefalografias realizadas a 73 alunos mostraram que os 35 jovens que tinham comportamento de consumo excessivo de álcool, ainda que ocasional (binge drinking), demonstravam um decréscimo nas conexões funcionais nas regiões frontal e parietal. O grupo controlo, que não apresentava este padrão de consumo de álcool tinha níveis de atenção, velocidade de processamento, memória e impulsividade mais saudáveis. E quanto mais cedo os membros do outro grupo começavam a beber, pior era a sua condição cerebral.

* Já referimos nestas páginas que o álcool deve ser bebido com moderação mas só a partir dos 20 anos, o limite  de 18 é um embuste legalista.

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