17/06/2015

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HOJE NO
 "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Hélia Correia é Prémio Camões 2015

A escritora foi, por unanimidade, distinguida com o maior galardão de Literatura em língua portuguesa, sucedendo assim ao poeta e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva.
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"Querem tirá-la do cantinho dela" brincava esta quarta-feira Jaime Rocha, companheiro de Hélia Correia, reagindo ao anúncio do Prémio Camões 2015. A escritora, que nasceu há 66 anos em Lisboa, contava ao DN numa voz calma que "estas coisas são muito difíceis de pôr em palavras".

"Não quero parecer arrogante nem mal-agradecida", dizia comentando o galardão que, garante, "tem muito relevo" na sua vida. Contudo, continuava: "Sinto-me quase uma usurpadora de nomes que considero muito mais sérios, capazes de fazer escola". Argumenta que "não escreve regularmente", não aceita "nenhuma espécie de pressão diplomática sobre o que escreve" e nem sabe o que escreve "nem como". "Sinto-me sempre um gatinho que de vez em quando se espreguiça e faz uma frase". Mas escrever, explica, "é uma natureza", "um respirar".

Com uma obra pautada pelo romance e pelo conto, Vinte Graus e Outros Contos valeu-lhe em maio último o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. Hélia Correia é licenciada em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e realizou uma pós-graduação em Teatro Clássico. Apontada como uma das revelações da novelística em língua portuguesa da geração de 1980, Hélia Correia estreou-se também na poesia com O Separar das Águas (1981) e O Número dos Vivos (1982)

O anúncio da decisão unânime do júri da 27.ª edição do prémio luso-brasileiro, composto por Pedro Mexia, escritor e crítico literário (Portugal), Mia Couto, escritor (Moçambique), Rita Marnoto, professora da Universidade de Coimbra (Portugal), Affonso Romano de Sant"Anna, escritor e académico (Brasil), António Carlos Secchin, escritor e académico (Brasil) e Inocência Mata, professora universitária da Universidade de Lisboa e da Universidade de Macau (S. Tomé e Príncipe), foi anunciado esta quarta-feira, no Rio de Janeiro.

"É uma escritora que cultiva vários géneros em diversos estilos explorando a natureza humana através das suas raízes, como a Antiguidade Clássica, estendendo-a ao mundo contemporâneo" afirmou Rita Marnoto, presidente do júri, ao DN.

Atribuído pela primeira vez em 1989, e estreando-se com a distinção do escritor Miguel Torga, o Prémio Camões resulta de um protocolo assinado entre o Estado português e brasileiro em 1988 para distinguir um autor de língua portuguesa que, "pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum". Tem o valor de cem mil euros.

Torga encabeça uma lista que, ao longo de 27 anos, viria a incluir os portugueses Virgílio Ferreira (1992), José Saramago (1995), Sophia de Mello Breyner (1999), António Lobo Antunes (2007) ou Manuel António Pina (2011), os brasileiros Jorge Amado (1994) e, entre outros, João Ubaldo Ribeiro (2008), o angolano Pepetela (1997) e o moçambicano Mia Couto (2013).

O angolano Luandino Vieira foi único vencedor a recusar o Prémio Camões, decisão que tomou em 2006 evocando "razões pessoais".

* Um justíssimo prémio para uma escrita asseada e bela, desejamos que não tenha aderido ao folclore ortográfico.


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