10/05/2015

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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"

Juros negativos
Conheça as alternativas para
 investir o seu dinheiro

Com os juros a atingirem valores negativos, as taxas pagas pelos depósitos a prazo estão cada vez mais próximas de zero, revelando-se pouco atrativas para quem quer pôr o dinheiro a render. Sendo um investidor com perfil conservador, José Santos, de 54 anos, começou a questionar-se sobre qual o melhor produto para aplicar 20 mil euros a médio prazo, ou seja, a cerca de cinco anos.

Seguros de capitalização, depósitos estruturados, certificados do tesouro ou mesmo fundos são algumas das recomendações apontadas pelos especialistas contactados pelo Dinheiro Vivo.
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"Nos momentos de depressão ou crise económica, as obrigações e os depósitos eram um bom refúgio. Atualmente, as obrigações deixaram de ser um ativo interessante porque oferecem retorno negativo. Mas quem acreditar numa deflação generalizada e contínua, deve investir em obrigações a estes preços", adiantou João Pereira Leite, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.

Mas claro que depende sempre do perfil de risco do investidor. Se, por um lado, há quem não tolere qualquer tipo de perda de capital ou variação negativa, por outro há quem esteja até disponível para abrir mão da liquidez e conseguir um pouco mais de retorno. E este era o caso de José e também do cliente mistério feito pela equipa da Proteste Poupança, da Deco.

Com este montante e horizonte temporal em mente, procuraram junto de 20 bancos perceber o que aconselhavam. Os depósitos continuam a ser o produto mais recomendado. A maior parte dos bancos (16) sugeriu depósitos, em complemento, ou não, com outros produtos.

Apesar de os depósitos estarem a oferecer juros baixos, "é importante clarificar que a taxa de juro real, a que interessa aos investidores, não está assim tão baixa", salientou Duarte Nunes, da direção de investimentos do Banco Best, ao Dinheiro Vivo.

"Note-se que a taxa de juro real é igual à taxa de juro nominal reduzida da taxa de inflação. O que interessa ao investidor conservador é, precisamente, que o seu capital vá conseguindo superar os efeitos negativos da inflação, ou seja, que tenha uma taxa de juro real positiva. Nesse sentido, com taxas de depósito a prazo entre os 0,5% e os 1%, a taxa de juro real será de 0,1% a 0,6%, uma vez que a inflação em Portugal se encontra nos 0,4% - valores de março 2015 do Eurostat. Ou seja, um retorno equivalente a um depósito a prazo de 2% a 2,5%, num ambiente de inflação de 2% - a taxa alvo de inflação do BCE", acrescentou Duarte Nunes.

O segundo produto mais sugerido (sete bancos), foram os fundos de investimento, mas "nem sempre de forma diversificada. Ou seja, é indicado um fundo específico (por exemplo, um fundo de obrigações ou um fundo de tesouraria), o que não é o mais aconselhável", referiu a Deco.

Os seguros de capitalização (e planos mutualistas) foram recomendados por seis bancos, enquanto quatro sugeriram produtos estruturados, como depósitos com rendimento dependente de cabazes de ações ou índices de bolsa.

Para quem quer maximizar os ganhos, os especialistas recomendam outros produtos, ou mesmo construir a sua própria carteira de investimento, seguindo o princípio 80/20. "Um investidor conservador deverá colocar cerca de 80% em ativos de baixo risco e elevada liquidez, como depósitos a prazo, seguros, fundos de obrigações, fundos mistos defensivos, produtos estruturados de capital garantido, entre outros, e 20% em ativos de maior risco, como ações, ou fundos de ações. Já um investidor agressivo deve fazer o inverso: colocar cerca de 80% em ativos de maior risco e 20% em ativos de menor risco", recomenda o especialista do Banco Best.

Em todo o caso, antes de começar a poupar para o longo prazo "a estratégia deve ser colocar um montante para um fundo de emergência em depósitos, um pouco pela segurança, que seja o equivalente de até seis meses de salário. A partir daí, o restante valor poderá investir numa ótica de médio/longo prazo", adiantou António Ribeiro, Deco, ao Dinheiro Vivo.

Para que os investidores tenham melhor perceção do risco associado ao produto, o Banco de Portugal defende que haja uma separação. Ou seja, um balcão para se subscrever depósitos e outro para os restantes produtos. Assim, pode ser que da próxima vez que o José vá ao banco para investir numa alternativa aos depósitos tenha de ser atendido num novo balcão, em separado.

* Todo o cuidado é pouco, tome nota desta excelente informação.

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