30/05/2015

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HOJE  NO
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Loretta Lynch
A advogada implacável que 
teve coragem de pôr a FIFA a nu

Encantadora aos olhos de Obama, a secretária de justiça tem sido implacável a combater toda a espécie de criminosos.

Loretta Lynch, a mulher à frente da megaoperação que deteve sete dirigentes da FIFA e que já é considerado o maior escândalo do mundo do futebol, foi nomeada secretária de Estado de Justiça dos Estados Unidos em Abril, cinco meses depois de ter sido indicada pelo presidente Barak Obama. Já lidou com criminosos de todo a espécie, desde políticos corruptos, líderes de máfia, terroristas, cartéis de tráfico humano e de tráfico de droga.
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Tem 56 anos, foi a segunda mulher a chegar ao mais alto cargo do Departamento de Justiça dos EUA (attorney-general) – a primeira foi Janet Reno entre 1993 e 2001 – e a primeira afro-americana a consegui-lo. Foi Loretta quem deu ordens à polícia suíça para avançar com a operação que levou a 47 acusações de corrupção e conspiração contra nove dirigentes e cinco parceiros da FIFA. Uma investigação na qual já trabalhava antes de ter chegado ao actual cargo.

Loretta Lynch quer acabar com a corrupção e troca de favores no futebol. Acredita que tudo começou há pelo menos duas gerações de executivos que, alegadamente, abusaram das suas posições de confiança para obter milhões em subornos. O esquema terá prejudicado profundamente as ligas mais jovens de futebol de países em desenvolvimento.

Há um mês, quando foi nomeada para o cargo, deixou claro que “ninguém é grande demais para ir para a cadeia. Ninguém está acima da lei” e é esse pulso forte que tem demonstrado ao longo da sua carreira judicial. Em Novembro, Obama afirmou que Loretta deve ser a única advogada nos EUA que, sem perder o encanto, consegue enfrentar a máfia, terroristas e barões da droga.

Esta faceta de “charming people person” não a impediu de ter sido implacável nas investigações que tem liderado e vencido enquanto responsável pelo departamento de justiça em Brooklyn, em Nova Iorque. O seu primeiro grande caso – em 1999, pouco depois de ter sido nomeada pelo então presidente Bill Clinton – assemelha-se aos mais recentes casos de violência policial contra a população negra nos Estados Unidos. Um imigrante haitiano de 30 anos, Abner Louim, foi detido depois de uma discussão à porta de uma discoteca e acusado de ter agredido um policia.

Na sequência dessa detenção, Louim viria a ser vítima de agressões por parte da polícia. O haitiano foi brutalmente agredido, tendo ficado um mês internado no hospital. O actual responsável pela justiça em Brooklyn, Kenneth Thompson, contou ao jornal britânico “The Guardian” que este foi um dos casos de maior brutalidade policial na história da cidade, que gerou manifestações de milhares de pessoas a pedir justiça. Loretta nunca perdeu a compostura, apesar das muitas pressões que sofreu no decorrer do processo, recorda Kenneth. Lynch condenou um dos policias envolvidos nas agressões, Justin Volpe, a 30 anos de prisão.

Ao longo dos anos, a advogada foi construindo um portfolio com investigações a nível mundial. Esteve envolvida na investigação de casos de tráfico sexual que operavam no México e América Central, tendo coordenado autoridades internacionais na extradição dos suspeitos. Liderou processos, como o que envolvia lavagem de dinheiro no banco HSBC, que recebia e ocultava avultadas transferências do Irão. Em 2011, chefiou a investigação que levou à acusação de 127 membros pertencentes ao crime organizado. Tratou-se da maior detenção ligada à máfia na história da cidade nova-iorquina. Em 2012, lidou com casos de terrorismo, nomeadamente quando a Al-Qaeda avisou que iria avançar com um ataque bombista no metro da cidade. Lynch foi ainda responsável pela detenção de um gangue por assassinato e processou também um político por corrupção e fraude.

INFÂNCIA
 Loretta Lynch nasceu a 21 de Maio de 1959 em Greensboro, na Carolina do Norte. Filha de um pastor protestante e de uma bibliotecária, cresceu a ouvir histórias de segregação racial que prevaleceu durante um século no Sul, depois do fim da guerra civil. Lorenzo Lynch de 82 anos, pai de Loretta, contou ao “The Guardian” como foi viver numa sociedade segregada. “O meu pai dizia: não aceitem a segregação no vosso coração. Mas têm de a aceitar fisicamente. Porque se conseguirem lidar com ela, conseguirão sobreviver e, no dia em que deixar de ser uma batalha, isto termina.”.
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A infância de Loretta foi marcada por momentos de preconceito racista. Embora as leis da segregação racial entre brancos e negros tenham sido oficialmente banidas em meados de 1960, o racismo permaneceu enraizado na sociedade. A mãe de Lynch, Lorine, lembra um episódio da infância de Loretta. As professoras tinham dificuldade em aceitar a sua inteligência. Quando tinha apenas seis anos foi obrigada a repetir um exame, porque a escola desconfiou da sua nota nota excelente. No segundo exame, não só confirmou o primeiro resultado, como o superou. “As professoras acharam que algo estava errado, porque era afro-americana e os alunos brancos tinham tirado notas mais baixas”, disse Lorine à BBC.

No secundário, teve as melhores notas da sua escola, mas por ser negra teve de partilhar essa honra com mais dois estudantes brancos. Apesar desses episódios, sempre sonhou estudar Direito em Havard. Na terra das oportunidades, cumpriu o seu sonho.

Foi colega de turma de Obama, que viria a tornar-se o primeiro presidente negro dos EUA e que mais tarde viria a “chamar” Lynch para liderar a justiça americana.

A advogada já está a deixar a sua marca no mundo do futebol e isto “é só o início e não o fim”, promete o Departamento de Justiça.

* O que esta mulher não deve ter sofrido e lutado  para superar o racismo e a xenofobia de género de que foi alvo, só pode ter um grande coração!

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