08/05/2015

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HOJE NO
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Abou, o menino que se encolheu
 numa mala para chegar à Europa

Foi a imagem do dia em Espanha. Abou, um menino de 8 anos da Costa do Marfim, encolhido até ao tamanho de uma mala de viagem, numa foto de scanner. Fátima, uma jovem marroquina de 19 anos, tentava passá-lo dessa forma para a Europa, pela fronteira do Tarajal, o único ponto de passagem de Marrocos para Ceuta.
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Primeiro os agentes da Guardia Civil de Ceuta suspeitaram que Fátima fosse um correio de droga, depois perceberam que era afinal correio de uma criança. Foi o nervosismo que a denunciou, começam por contar ao “El País”.

“Nos muitos anos de trabalho que tenho, nunca tinha visto uma entrada de um menor tão grotesca e tão dramática”, disse ao diário espanhol o porta-voz da Guardia Civil. Aberto o trólei, o menino, “visivelmente assustado”, saiu debaixo das roupas e disse: “Je m’appelle Abou”.

Hora e meia depois apareceu no controlo de fronteira o pai de Abou, identificado apenas pelas iniciais A.O., logo interpelado pelos agentes num diálogo reproduzido pelo “El País”:
- De onde vem?
- De Marrocos. Mas vivo em Las Palmas da Grande Canária – disse mostrando a autorização de residência.
- Tem família em Espanha?
- Tenho uma mulher, que está na Europa, e dois filhos.
- Alguma foto?
- Não.
Um dos agentes mostrou-lhe uma fotografia tirada momentos antes a Abou:
- É seu filho?
- Sim.

A.O. um homem de 42 anos que terá chegado às Canárias num pequeno barco improvisado e que antes tinha visto ser-lhe recusado um pedido de reagrupamento familiar – e que, em desespero, terá pago a Fátima para trazer o filho para Ceuta – jurou que não sabia que Abou vinha dentro de uma mala.

De nada lhe serviu. Esta sexta-feira foi presente a tribunal, em Ceuta, e a juíza decidiu deixá-lo, como a Fátima, em prisão preventiva, acusados de “um crime contra os direitos dos cidadãos estrangeiros”, agravado por terem posto em risco a vida de um menor.

E Abou, o menino que fez a imagem do dia, ficou entregue às autoridades de Ceuta.

* Faz-se tudo para fugir da morte, se para os adultos o sofrimento é medonho que fará para um menino de 8 anos, esta é a desumanidade do Ocidente a decidir que os pobres têm de continuar a ser cada vez mais pobres.


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