Tempo de fazer escolhas
O discurso é 27 de outubro de 1964. Está disponível na internet.
Chama-se “Time for Choosing” – Tempo para Escolher -, proferido pelo
ator Ronald Reagan, então um ex-democrata que apoiava a candidatura
republicana de Barry Goldwater contra o democrata Lyndon Johnson, que,
um ano antes, herdara o poder após o assassinato de Kennedy, em Dallas.
Dizia Reagan que, para ele, não havia diferença entre esquerda e
direita. Existia uma escolha entre ascendente e descendente. Está no
minuto quatro do discurso. Para cima estava o sonho da Lei e Ordem e,
para baixo, o totalitarismo.
Ora, hoje é esse o discurso de Joana Amaral Dias ou Marinho Pinto.
São como Reagan em 1964 quando dizem que não distinção entre esquerda e
direita. Mas, em Portugal existe mesmo direita e esquerda. A direita é
aquela que afirma que a austeridade é culpa das pessoas que não souberam
poupar ou produzir. Devemos agora ser castigados por termos vivido
acima das nossas possibilidades. Numa sociedade martirizada pelo
discurso salazarento dos poupadinhos e honestos, inocularam-nos esta
ideia como vacina contra a esquerda. Do outro lado da barricada está o
discurso do internacionalismo socialista, do Estado que vai existir
sempre para resolver os nossos problemas e que, por isso, podemos fazer o
que quisermos.
Mas, o que distingue Passos Coelho de António Costa? É Costa dizer
que, ao contrário de Coelho, não vai mentir? É esse o programa político
do PS? O facto de Costa ter o antigo líder socialista detido por
acusações de corrupção, não ajuda nada quando proclama que o PS não
mente. Isso deu origem ao nascimento de “cogumelos” de candidatos a
presidente e a partidos. A política nacional está vazia de ideias, de
nomes e propostas. Os novos partidos são vazios de ideologia. Joana
Amaral Dias e Marinho Pinto, sem mais sítios para onde irem, querem
convencer-nos que já não há distinção entre esquerda e direita. Um amigo
americano contava-me que Ronald Reagan era tão bom ator que, até quando
estava a ler a lista telefónica, parecia um patriota. É isso que sinto
que nós temos hoje em Portugal. Há atores políticos que, até a ler a
lista telefónica, parecem que se preocupam por nós e não estão a pensar
na vidinha.
No entanto, sei que há um partido que quer ser a Ala Liberal de Sá
Carneiro. Um novo centro entre esquerda e direita. Quer que exista um
Estado com poder, como defende a esquerda, mas não permite
totalitarismos de um lado ou outro. Pugna pela Lei e Ordem e defende um
equilíbrio justo entre o social e o privado. Quer que se cumpra a lei
natural da busca pela felicidade do ser humano. É um partido que vai
buscar a sua identidade às raízes naturais da terra, da História de
Portugal, e não precisa de estar constantemente a bater no peito a dizer
que é democrata, social-democrata, socialista, dos trabalhadores,
republicano ou monárquico.
Não necessita, pois é isso tudo e muito mais. Pode parecer estranho,
mas esse partido existe mesmo. Está até inscrito no Parlamento Europeu,
no grupo dos liberais. Um grupo onde já esteve o PSD, até que deixou de
cumprir o sonho de Sá Carneiro. O sonho que permitiu que, em 1979,
houvesse uma AD com Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Telles. Falo de
um partido fundado em 1993 por este último. Logo, nem sequer é um novo
partido, mas é o partido que os portugueses, só agora podem conseguir
conhecer.
Quando nos querem convencer que não há esquerda nem direita,
os portugueses podem, finalmente, identificar a existência de uma
alternativa. Um novo centro político que ainda não está representado na
Assembleia da República e ficaria no meio do PSD e PS. Nesse momento em
que o souberem identificar, saberão imediatamente do que estou a falar.
IN "OJE"
24/04/15
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