28/04/2015

FREDERICO DUARTE CARVALHO

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Tempo de fazer escolhas

O discurso é 27 de outubro de 1964. Está disponível na internet. Chama-se “Time for Choosing” – Tempo para Escolher -, proferido pelo ator Ronald Reagan, então um ex-democrata que apoiava a candidatura republicana de Barry Goldwater contra o democrata Lyndon Johnson, que, um ano antes, herdara o poder após o assassinato de Kennedy, em Dallas. Dizia Reagan que, para ele, não havia diferença entre esquerda e direita. Existia uma escolha entre ascendente e descendente. Está no minuto quatro do discurso. Para cima estava o sonho da Lei e Ordem e, para baixo, o totalitarismo.

Ora, hoje é esse o discurso de Joana Amaral Dias ou Marinho Pinto. São como Reagan em 1964 quando dizem que não distinção entre esquerda e direita. Mas, em Portugal existe mesmo direita e esquerda. A direita é aquela que afirma que a austeridade é culpa das pessoas que não souberam poupar ou produzir. Devemos agora ser castigados por termos vivido acima das nossas possibilidades. Numa sociedade martirizada pelo discurso salazarento dos poupadinhos e honestos, inocularam-nos esta ideia como vacina contra a esquerda. Do outro lado da barricada está o discurso do internacionalismo socialista, do Estado que vai existir sempre para resolver os nossos problemas e que, por isso, podemos fazer o que quisermos.

Mas, o que distingue Passos Coelho de António Costa? É Costa dizer que, ao contrário de Coelho, não vai mentir? É esse o programa político do PS? O facto de Costa ter o antigo líder socialista detido por acusações de corrupção, não ajuda nada quando proclama que o PS não mente. Isso deu origem ao nascimento de “cogumelos” de candidatos a presidente e a partidos. A política nacional está vazia de ideias, de nomes e propostas. Os novos partidos são vazios de ideologia. Joana Amaral Dias e Marinho Pinto, sem mais sítios para onde irem, querem convencer-nos que já não há distinção entre esquerda e direita. Um amigo americano contava-me que Ronald Reagan era tão bom ator que, até quando estava a ler a lista telefónica, parecia um patriota. É isso que sinto que nós temos hoje em Portugal. Há atores políticos que, até a ler a lista telefónica, parecem que se preocupam por nós e não estão a pensar na vidinha.

No entanto, sei que há um partido que quer ser a Ala Liberal de Sá Carneiro. Um novo centro entre esquerda e direita. Quer que exista um Estado com poder, como defende a esquerda, mas não permite totalitarismos de um lado ou outro. Pugna pela Lei e Ordem e defende um equilíbrio justo entre o social e o privado. Quer que se cumpra a lei natural da busca pela felicidade do ser humano. É um partido que vai buscar a sua identidade às raízes naturais da terra, da História de Portugal, e não precisa de estar constantemente a bater no peito a dizer que é democrata, social-democrata, socialista, dos trabalhadores, republicano ou monárquico.

Não necessita, pois é isso tudo e muito mais. Pode parecer estranho, mas esse partido existe mesmo. Está até inscrito no Parlamento Europeu, no grupo dos liberais. Um grupo onde já esteve o PSD, até que deixou de cumprir o sonho de Sá Carneiro. O sonho que permitiu que, em 1979, houvesse uma AD com Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Telles. Falo de um partido fundado em 1993 por este último. Logo, nem sequer é um novo partido, mas é o partido que os portugueses, só agora podem conseguir conhecer. 

Quando nos querem convencer que não há esquerda nem direita, os portugueses podem, finalmente, identificar a existência de uma alternativa. Um novo centro político que ainda não está representado na Assembleia da República e ficaria no meio do PSD e PS. Nesse momento em que o souberem identificar, saberão imediatamente do que estou a falar.

IN "OJE"
24/04/15

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