18/04/2015

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HOJE NO
 "i"

Grécia. 
Acabou o tabu da saída do euro 
para o país de Alexis Tsipras

O comissário Moscovici foi muito claro segundo o "Financial Times": o governo grego tem de escolher entre reformas e a falência

Primeiro era Fevereiro. Depois passou para Março. Finalmente, seria no dia 24 de Abril, na reunião informal do Eurogrupo em Riga. Já não é. Agora será em Maio, em mais uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro. Em cima da mesa está a Grécia e, claro, a sua saída da moeda única. Depois de meses de assobios para o ar e declarações solenes de amor eterno em torno da moeda única, os responsáveis europeus deixaram a estranha semântica europeia para falarem claro aos cidadãos que assistem, entre o divertido e o preocupado, ao romance grego iniciado a 25 de Janeiro, quando os gregos elegeram o Siryza anti--austeridade para o governo de Atenas. 
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Desde então, muita tinta e muita palavra correram sob as pontes de Atenas e Bruxelas. Desde então, muitas reformas foram anunciadas por Varoufakis, enviadas para o Eurogrupo e atiradas para o lixo pelos credores europeus e o FMI. Com tanta folha A4 gasta, com tantas horas de reuniões intermináveis, com tantas queixas de falta de respostas sobre o estado das finanças gregas, com a recusa terminante de Atenas em mexer nas leis do trabalho, no sistema de pensões e no aumento do IVA, a paciência europeia esgotou-se e agora é tempo de pensar no que será a zona euro sem a Grécia. 

Fazem-se contas em Berlim e Bruxelas, preparam-se planos em Frankfurt e estudam-se planos de emergência em Washington. As conclusões começam a ser conhecidas. Aos poucos, para não assustar os mercados e penalizar os países mais frágeis da zona euro, como Portugal, que estão a sair em esforço de anos de crise e austeridade violenta. Mas os mercados não se deixam enganar e têm todos os sentidos bem atentos aos sinais que andam pelo ar. Daí que os juros da dívida grega a dois anos tenham chegado aos impensáveis 30%, a bolsa de Atenas caia a pique e os bancos vejam os depósitos fugirem todos os dias. Daí também que, depois da bonança de juros muito baixos, até negativos em alguns prazos, os juros da dívida portuguesa comecem a subir ligeiramente. 

O cenário é de saída, não de manutenção. Em análise começa a estar apenas um plano para a Grécia: a saída da moeda única. Uma saída, a primeira, de efeitos imprevisíveis. É evidente que os gregos vão sofrer e muito com o regresso à dracma. Resta saber o que irão sofrer os outros membros da zona euro, numa altura em que aparecem sinais ténues de recuperação depois de sete anos de crise. Os gregos têm os cofres vazios e precisam urgentemente de dinheiro. Só este ano precisam de 15 mil milhões de euros para não entrarem em falência. Ainda não fecharam o segundo resgate, que foi prolongado até Junho, têm 7,2 mil milhões à espera e já se fala na necessidade de um terceiro resgate.

A realidade é que os parceiros europeus e o FMI encurralaram o governo de Tsipras e não lhe dão hipótese de fugir às suas responsabilidades. Ou faz as reformas impostas pela zona euro e recebe o dinheiro de que precisa ou vai para a falência e sai da zona euro. O prazo para uma decisão final foi adiado para Maio por uma simples razão: Bruxelas e Frankfurt precisam de mais tempo para criar o contrafogo necessário para combater o incêndio grego. E como Atenas não sairá da União Europeia mesmo sem o euro, é necessário encontrar os meios que evitem graves conflitos sociais e mesmo uma perigosa turbulência política num país que pertence também à NATO e tem uma posição geoestratégica decisiva para a defesa da Europa. 

Cenário de ficção  
As respostas de Atenas a toda esta crise têm sido menos arrogantes e provocadoras que as que eram dadas por Tsipras e Varoufakis quando chegaram ao poder. Pagaram a tranche de 450 milhões de euros que se venceu este mês ao FMI, garantem que não vão pedir um adiamento do pagamento ao mesmo FMI, em Maio, de uma nova tranche superior a 700 milhões e juram a pés juntos que estão empenhados em chegar a acordo com o Eurogrupo. Mas como estão atados de pés e mãos aos compromissos eleitorais, recusam mexer em áreas como o trabalho e as pensões - uma recusa compreensível, mas que vai levar o país para uma situação que nem o melhor ficcionista pode imaginar. 

* O patético é que os países periféricos vêem-se gregos, TODOS"

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