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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Presidente do INEM usa helicóptero
para transportar amiga
O INEM acionou um helicóptero para transferir uma doente com contraindicações para helitransporte. Terá sido o presidente, que se apresentou como "médico assistente/amigo da família", a tratar de tudo.
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O episódio ocorreu no passado dia 25 de
janeiro. Paulo Campos, presidente do INEM, foi ao Hospital de Cascais
visitar uma doente internada dois dias antes no Serviço de Urgência.
Juntamente com a família, de quem é amigo, terá decidido transferi-la
para o Hospital de Abrantes (integra o Centro Hospitalar do Médio Tejo).
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O SR. MAJOR |
Por sua vez, o INEM esclareceu, por escrito, que Paulo
Campos autorizou o CODU a ativar o transporte, mas escusou-se a revelar
quem pediu o héli.
Foi a primeira vez que um helicóptero aterrou
no Hospital de Cascais e o caso não passou despercebido. Aliás, o JN
sabe que causou perplexidade e desconforto entre os profissionais de
saúde que um meio altamente diferenciado, como é o helicóptero de
emergência médica do INEM, fosse usado para uma doente cuja situação
clínica não cumpria os critérios para helitransporte.
Contraindicação absoluta
É
que de acordo com o Manual de Transporte do Doente Crítico do INEM e
com o Anexo 1 da Circular Normativa n.o1 do Serviço de Helicópteros de
Emergência Médica do INEM é uma "contraindicação absoluta" transportar
em helicóptero um doente terminal. A doente em causa padecia, entre
outras patologias, de cancro do pulmão no estádio mais avançado e estava
a fazer quimioterapia paliativa, acabando por morrer poucos dias depois
no Hospital de Abrantes.
Em resposta ao JN, o presidente do INEM,
que também é médico, refere que não sabia tratar-se de uma doente em
estado terminal, mas sim de "uma doente crítica, sem prognóstico
definido" e sem vaga na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) de Cascais.
O
hospital reconhece que, naquele dia, não tinha vaga em UCI. Mas, o JN
sabe que, de acordo com o relatório clínico da doente, não havia
indicação para esse nível de cuidados.
Abrantes abre inquérito
O
Centro Hospitalar do Médio Tejo, que recebeu a doente, rejeita
responsabilidades sobre o transporte usado e os respetivos encargos. Em
nota ontem divulgada, anunciou que vai abrir um processo de averiguações
interno.
Para além dos custos envolvidos, a afetação do meio de
emergência mais avançado do INEM para transportes que não cumprem os
critérios definidos pelo próprio instituto, pode pôr em causa o socorro
em situações realmente emergentes. Por outro lado, fontes ouvidas pelo
JN questionam a equidade da decisão.
O JN perguntou ao INEM quantos
doentes terminais já foram helitransportados, mas o instituto limitou-se
a responder que, em 2014, os hélis fizeram 593 transportes
inter-hospitalares, sem esclarecer se algum era doente em fim de vida.
* Um regabofe, o povo arrota.
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