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Criado mecanismo de comunicação direta das baixas médicas à entidade patronal
A Ordem dos Médicos vai criar um mecanismo para que as baixas médicas sejam comunicadas diretamente à entidade patronal, sem violar o segredo médico, nos casos em que existam riscos para terceiros.
O bastonário da Ordem dos Médicos admitiu esta segunda-feira a
criação de um mecanismo para as baixas serem comunicadas diretamente à
entidade patronal, sem que seja violado o segredo médico, nos casos que
impliquem riscos para terceiros.
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Em declarações à agência Lusa,
José Manuel Silva admitiu a possibilidade de ser “implementado, sem
violação do segredo médico”, um mecanismo que se possa informatizar e
generalizar e no qual as entidades patronais sejam avisadas de que um
seu trabalhador está de baixa. Desse modo, evitar-se-ia que a empresa
apenas tome conhecimento da baixa médica quando trabalhador entrega o
documento.
“Estando os certificados de incapacidade temporária de trabalho a ser emitidos de forma informática, estes podem ser imediatamente comunicados à entidade patronal, através do seu número de contribuinte, que depois informaticamente fazia esse reconhecimento e esse aviso”, explicou José Manuel Silva.
Um
processo de envio direto das baixas médicas para as entidades patronais
poderia evitar situações semelhantes à que, eventualmente, terá
ocorrido com o copiloto do avião Airbus A320 da companhia alemã
Germanwings Andreas Lubitz, que na terça-feira causou a morte aos 150
ocupantes.
De acordo com as investigações, o copiloto acionou
deliberadamente o processo de descida do aparelho, aproveitado a saída
do piloto para ir, provavelmente, à casa de banho, fazendo-o
despenhar-se nos Alpes franceses.
As buscas às residências de
Andreas Lubitz permitiram encontrar “documentos médicos que sugerem uma
doença preexistente e tratamento médico adequado”, incluindo “atestados
médicos atuais, rasgados, entre os quais um que abrangia o dia do
acidente”.
Os documentos, segundo a procuradoria, “apoiam a
suspeita” de que o copiloto, que alegadamente sofria de uma depressão
grave, “escondeu a sua doença da empresa e dos colegas”.
Para que
os atestados médicos por doença não sejam somente entregues pelo
trabalhador, como parece ter sido o caso do copiloto alemão, José Manuel
Silva admitiu que o caminho que Portugal tem seguido na informatização
da saúde, “com os seus prós e contras”, pode levar a que, ao ser emitida
uma baixa, esta possa ser de imediato conhecida por parte da entidade
patronal.
“Nada faria prever que uma situação destas podia
acontecer. Não deve ter havido nenhuma comunicação de sinais ou sintomas
ao médico que observou o caso concreto de que isso pudesse acontecer”,
frisou o responsável, falando sobre o caso do copiloto alemão da
Germanwings.
José Manuel Silva sublinhou que se devem tipificar
que doenças do trabalhador podem colocar em risco terceiros,
considerando ser fácil a criação de mecanismos informáticos para que a
entidade patronal seja imediatamente avisada da existência de uma baixa
com impossibilidade de comparência ao trabalho.
“Não é necessário generalizar a situação, porque as baixas são no interesse do trabalhador e este comunica-as. A baixa pressupõe doença. A violação do segredo médico seria dizer objetivamente qual era a doença. Nada obsta a que haja esse mecanismo”, concluiu o bastonário da Ordem dos Médicos.
* Desde que a privacidade do trabalhador e dos seus problemas clínicos seja mantida e a medida não sofra de inconstitucionalidade achamos bem.
Mas porquê só agora, o acidente dos Alpes iluminou os cérebros, ou estas medidas são para alegrar o folclore lusitano?
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